Desde o Brasil Colônia, políticas de unificação linguística têm sido empregadas como dispositivos de governamentalidade, promovendo uma visão normativa e prescritiva da Língua Portuguesa. Esse processo histórico, que privilegiou o Português europeu como modelo de correção, desconsiderou as variações locais e as práticas linguísticas dos próprios falantes. Como resultado, muitos brasileiros sentem-se estrangeiros em sua própria língua(gem), perpetuando um distanciamento que reforça as desigualdades e as exclusões. Nesse cenário, a presente pesquisa tem como objetivo geral problematizar os efeitos de sentido de língua e de ensino de língua em ementas referentes ao ensino de Língua Portuguesa (LP) na Faculdade de Tecnologia de São Paulo (FATEC), especificamente nos cursos do campus da Capital (SP). Para tanto, a pesquisa propõe os seguintes objetivos específicos: 1. apreender a concepção de formação tecnológica na/da FATEC por meio de documentos institucionais, como as Propostas Pedagógicas Curriculares (PPCs) e o site oficial da instituição; 2. analisar discursivamente as ementas de disciplinas relativas ao ensino de Língua Portuguesa, identificando os efeitos de sentido de língua e de ensino de língua que emergem dessas ementas; 3.  refletir sobre as relações entre a concepção de formação tecnológica e os efeitos de sentido de língua e ensino de língua presentes nas ementas, problematizando suas possíveis implicações para a formação dos sujeitos tecnólogos. A análise das ementas referentes ao ensino de LP, nosso corpus, é embasada pela Análise do Discurso franco-brasileira, articulada aos estudos arqueogenealógicos de Michel Foucault. Esse arcabouço teórico-metodológico possibilitou a análise das ementas, ampliando a compreensão sobre o ensino de LP em contextos da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). A Análise das ementas revelou a influência da racionalidade neoliberal em práticas que priorizam a formação técnica e utilitária voltada para o mercado de trabalho, em detrimento das dimensões sociais, culturais e críticas do ensino de língua(gem). Esse enfoque reducionista silencia debates sobre a pluralidade discursiva e as identidades, reforçando a homogeneização e a competitividade no ensino.

A presente dissertação aborda o processo de avaliação de habilidades técnicas psicomotoras na Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM), investigando como os docentes avaliam essas habilidades no contexto da formação profissional. Diante do aumento das exigências de qualificação no mundo do trabalho e da relevância da educação técnica, este estudo teve como objetivo geral conhecer o processo de avaliação da aprendizagem de habilidades técnicas psicomotoras conduzido pelos docentes de disciplinas de conteúdo técnico da EPTNM e seus respectivos instrumentos avaliativos. Com base em uma abordagem metodológica mista, a pesquisa combinou aspectos quantitativos e qualitativos. Foi aplicada uma pesquisa de campo exploratória com docentes da EPTNM do CEFET-MG, utilizando um questionário online estruturado em escala Likert. Além disso, foram coletados e analisados os instrumentos de avaliação submetidos pelos professores. A análise qualitativa baseou-se na Análise de Conteúdo de Bardin (2016), enquanto os dados quantitativos foram apresentados por meio de gráficos de barras empilhadas para evidenciar a distribuição das respostas, desconsiderando categorias neutras. Os resultados evidenciaram avanços significativos nas práticas avaliativas, destacando iniciativas positivas que conectam o processo avaliativo às demandas do mercado de trabalho. Entre essas iniciativas, destaca-se o uso de tarefas práticas, apontado como uma estratégia fundamental para o desenvolvimento de competências psicomotoras. No entanto, constatou-se uma variação significativa na frequência de utilização desses instrumentos, indicando a necessidade de maior padronização e conscientização docente. Conclui-se que há espaço para avanços na elaboração e aplicação de instrumentos avaliativos voltados para o domínio psicomotor, com vistas à promoção de uma formação mais alinhada às demandas do mercado de trabalho. Este estudo contribui para a reflexão sobre as práticas avaliativas na EPTNM, destacando a importância de modelos que contemplem tanto a progressão do estudante quanto a qualidade do processo de aprendizagem.

A educação é essencial para a formação do cidadão e a transformação da sociedade. A pesquisa aqui proposta apresenta como objetivo uma análise da formação da FUNEC, por oferecer cursos na modalidade da Educação Profissional e Técnica (EPT), sob as perspectivas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), da reforma do ensino médio e do currículo. Nesse sentido, ateve-se ao contexto institucional, buscando analisar a partir do processo formativo, a relação da instituição com os instrumentos norteadores em questão e a contemplação desse arcabouço nos seus currículos.  Partindo dos cursos oferecidos pela instituição, em especial a Unidade Centec, considerando o período de 2019 a 2024, divididos em dois triênios, justifica-se compreender as possíveis mudanças e adequações da instituição à reforma do ensino médio, a partir da Lei 9.394/96, da BNCC e das tratativas da Lei 13.415/2017, conhecida como a lei da reforma do ensino médio, bem como discorrer sobre os temas pertinentes à luz de principais teóricos e estudiosos para fundamentar o processo formativo da instituição. Os triênios compreendidos entre 2019 a 2021 e 2022 a 2024, do respectivo período, reverberam dois períodos concernentes a reforma do ensino médio, oferecendo o processo de transição. Com a finalidade de intimizar a respeito do processo formativo, realizou-se uma pesquisa documental, na qual o objeto da pesquisa são o Estatuto, O Regimento Escolar e os Planos Curriculares. Para compreender o processo em questão, produziu-se um levantamento bibliográfico sobre Leis de Diretrizes e Bases e o aparato concernente à reforma do ensino médio, dialogando com várias questões, na busca por compreender a formação na FUNEC. Os resultados apontam para o entendimento do processo formativo assentado em todas as orientações normativas, proporcionando através dos Planos Curriculares, conhecimentos que visam à formação do indivíduo inserido na cultura e na sociedade de seu tempo, perante as mudanças propostas.

Esta investigação teve como objetivo identificar quais têm sido as propostas de metodologia relacionadas a situações-problema nos cursos superiores de Ciências (Biologia, Física e Química) e Matemática, bem como analisar de que forma tais propostas são desenvolvidas, seus desdobramentos e limitações encontradas. Adotamos uma abordagem qualitativa, exploratória e bibliográfica. O trabalho está fundamentado em Romanowski (2002), Staudt (2020) e Marconi e Lakatos (2003) para estruturar as etapas dos procedimentos metodológicos e a etapa de caracterização da análise. Simonsmeier et al. (2021), Vergnaud, Araújo (2008), Vygotsky (1991), Fernandes (2020), Oliveira (2021), Becker (1994, 2008), Brod (2021), Possamai e Allevato (2024), Silver (1994), Stoyanova (1997), Carvalho (2018), Meirieu (1998) e Bonotto (2013) fundamentaram a análise do favorecimento da aprendizagem dos estudantes e Konopka, Adaime e Mosele (2015), Van Maanen et al. (2024), Zabala (1998), Riding (2005), Taconis et al. (2001), Souza, Iglesias e Pazin-Filho (2014), Nihalani e Shah (2012), Mendo-Lázaro (2018) e Buchs e Butera (2015) fundamentaram a discussão acerca das relações entre os aspectos positivos, desafios, limitações, implicações motivacionais e comportamentais dos estudantes das investigações. Os achados apontam para benefícios na aprendizagem na maioria das investigações e as dificuldades foram reduzidas gradativamente. Cabe destacar que as limitações, dificuldades e cuidados devem ser considerados ao se propor situações-problema.

As escolas de educação básica, assim como as instituições de ensino superior têm sido historicamente consideradas espaços seguros para vivência dos processos de ensino aprendizagem e para formação humana. Porém, o bullying tem contribuído para a modificação deste cenário. Tem sido um fenômeno preocupante no Brasil, assim como em outros países. É fundamental que estudos e pesquisas sejam desenvolvidos no sentido de contribuir com a compreensão e possível superação deste fenômeno.  Diante do exposto, esta pesquisa objetivou verificar se existe ou não o bullying no ensino superior na Faculdade Xtec, que tipos de violências são essas e como elas são ou não enfrentadas pelos estudantes. Os participantes da pesquisa foram estudantes do nível superior com idade acima de dezoito anos, que estiveram no último semestre do seu curso. O presente estudo se insere na linha de pesquisa III - Processos Formativos na Educação Profissional e Tecnológica - do PPGET Programa de Pós-graduação em Educação Tecnológica (PPGET) do CEFET-MG. Objetivou-se analisar no âmbito educacional o bullying. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritiva que teve como procedimento técnico levantamento bibliográfico e do estudo de caso. O estudo foi realizado na Faculdade XTec, na cidade de São Roque em São Paulo, cujos dados foram coletados por um questionário online através da plataforma Google Forms. Conclui-se que na Faculdade Xtec há a ocorrência de bullying no ensino superior, sendo um estudo afirmativo, os que presenciaram, são 65,8% das respostas. Aos que sofreram com o ato, foram cinco (5) alunos, 13,2% nesse campus. As ocorrências de bullying são na forma verbal, psicológica e relacional. No estudo, as consequências mais deixadas pelo bullying, são os traumas psicológicos, emocionais e sociais, tendo problemas e desafios com a autoestima, ansiedade, depressão, fobia social, medo e inseguranças. Portanto, a maioria dos discentes consideram que a melhor estratégia de enfrentamento ao bullying seria trazer o conhecimento da temática com palestras e rede de apoio, com apoio psicológico e punição dos agressores, juntamente com o acompanhamento das vítimas, criando um ambiente seguro para frequentar através dessa conscientização. O presente estudo visa contribuir com as pesquisas sobre o tema no ensino superior, almejando ampliar a compreensão e reflexão sobre as especificidades que envolvem as questões do bullying no ensino superior.

Esta pesquisa teve como objetivo compreender, a partir das percepções de professores de Geografia (professores da pesquisa) no ensino médio na Escola Estadual Manoel de Mattos Pinho (EEMMP), da a Escola Estadual Padre Camargo (EEPC) e que lecionam na Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM) do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFETMG), se acontece ou não a inserção dos recursos das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) em suas práticas pedagógicas para mediar os processos de ensino e de aprendizagem e quais as suas potencialidades e/ou limitações. Esta dissertação se insere no Curso de Mestrado em Educação Tecnológica do CEFETMG, na linha de pesquisa IV que tem como eixo temático as Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais. Nos referenciais teóricos foram utilizados Piaget (1974, 1990), Libâneo (1982), Vygotsky (1987), Lévy (1994, 1999), Kenski (1998, 2012), Moran (2000, 2014), Kaercher (2007), entre outros. A metodologia empregada caracteriza-se por uma abordagem qualitativa e baseada em revisão bibliográfica, de natureza exploratória e um estudo de caso. Nove professores foram entrevistados por meio de questionários on-line, realizados entre maio e junho de 2023, abordando a inserção de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em suas práticas pedagógicas. Os resultados indicam uma percepção positiva dos professores em relação às TDIC, destacando seu papel atrativo nas aulas, estímulo e enriquecimento dos processos de ensino e de aprendizagem e a continuidade do uso dessas ferramentas após o Ensino Remoto Emergencial (ERE). Entre as potencialidades citadas estão a diversificação de abordagens pedagógicas, estímulo à criatividade e promoção da compreensão de conceitos abstratos. No entanto, foram identificadas limitações, como a falta de tempo devido à carga de trabalho, deficiências nos equipamentos, conexão instável com a Internet, a formação insuficiente dos professores para a integração eficaz das TDIC, assim como as restrições físicas e financeiras dos estudantes. Conclui-se a necessidade de monitorar e avaliar continuamente os resultados do ERE para aprimorar as metodologias educacionais.

Esta pesquisa buscou compreender, por meio de análise qualitativa, como a Rede Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT) no estado de Minas Gerais (MG), formada pelo Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), Instituto Federal do Norte de MG (IFNMG), Instituto Federal do Sudeste de MG (IF Sudeste MG), Instituto Federal do Sul de MG (IFSULDEMINAS), Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) e pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), desenvolvem o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) na perspectiva da defesa do acesso, permanência e da realização educacional dos grupos afetados pelos recortes de gênero e étnico-raciais. O conceito de interseccionalidade, cunhado pelas estudiosas do feminismo negro, foi utilizado para destacar a incidência das desigualdades sociais vividas pelas alunas e alunos que cruzam as diversas avenidas identitárias, principalmente as étnico-raciais e de gênero. O percurso metodológico começa pelo levantamento documental e bibliográfico de pesquisas realizadas no âmbito da permanência estudantil e das legislações que tratam da Assistência Estudantil e permanência escolar na esfera federal, considerando como ponto inicial o Decreto nº 7.234/2010, que instituiu o PNAES, e a importante Lei nº 12.711/2012, bem como sua alteração pela Lei nº 13.409/2016, que dispõe sobre a reserva de vagas para o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais. Como instrumentos de pesquisa, optou-se pela realização de entrevistas semiestruturadas e questionários junto às(aos) servidores que desempenham suas atribuições junto ao PNAES, ações afirmativas e ações inclusivas nas instituições acima referidas. A pesquisa permitiu concluir que a interseccionalidade é uma importante ferramenta de estudo e trabalho a ser considerada no avanço e efetivação de programas e ações de acesso e permanência na RFEPCT, trazendo novas perspectivas para a superação de uma assistência estudantil pragmática e bolsificada.

A dissertação é resultado de um estudo de mestrado em Educação Tecnológica, realizado na área de pesquisa sobre a importância das analogias na Educação em Ciências, dentro de uma linha de investigação focada em Práticas Educativas em Ciência e Tecnologia. O seu objeto de estudo são as comparações tomadas a princípio como analogias em um instrumento de testagem de habilidades analíticas denominado Miller Analogies Test – MAT. O trabalho foi desenvolvido com o propósito de investigar o emprego das analogias em contexto de na avaliação de habilidades e conhecimento de conteúdo. Para análise das comparações analógicas, o trabalho se baseou na Teoria do Mapeamento Estrutural (TME – em inglês, Structure Mapping Theory) Gentner & Markman e na Metodologia de Ensino com Analogias (MECA) de Ronaldo Nagem. Assim, o percurso metodológico deste trabalho desdobrou-se principalmente na seleção das comparações e analise destas no contexto de avaliação e testagem. Nossa análise evidenciou: (i)quais são as principais áreas de conhecimento avaliadas pelo Miller Analogies Test; (ii) a verificação se as comparações utilizadas nas questões do MAT são analogias de acordo com a Teoria do Mapeamento Estrutural; (iii) de que modo a tipologia ou classificação das comparações, influência ou impacta no teste. Em síntese, nossa análise nos permitiu compreender o uso das analogias enquanto instrumento de avaliação de habilidades e ferramenta cognitiva.

A sociedade sofre ao longo do tempo alterações econômicas, políticas, sociais, tecnológicas que impactam diretamente no mundo do trabalho. Com o avanço tecnológico torna-se possível o trabalho fora do ambiente laboral e mediado por tecnologias. Esta pesquisa buscou compreender o contexto de trabalho em um Instituto Federal de Ensino e os usos que os trabalhadores fazem de si nas situações de teletrabalho. Através da metodologia quantitativa e qualitativa, com análise documental e uso de questionário e entrevistas baseados na abordagem ergológica, foi feito o levantamento da experiência dos trabalhadores técnicos administrativos em relação ao teletrabalho e dos usos que esses servidores fizeram de si nessa modalidade de trabalho. O questionário foi composto por dados sociodemográficos, profissionais e também foi utilizada a Escala de Avaliação do Contexto de trabalho (EACT) do Inventário sobre trabalho e riscos de adoecimento -(ITRA). A entrevista foi baseada nas questões do questionário e na categorização dos diversos elementos em relação ao teletrabalho apresentados na revisão da literatura. A presente pesquisa justifica-se em razão da atualidade do tema e da escassez de trabalhos científicos que abordem o teletrabalho no serviço público brasileiro. Além disso, como trata-se de um fenômeno em crescimento, torna-se importante entender essa modalidade de trabalho considerando o novo contexto de trabalho distante das dependências das organizações. Os resultados encontrados apontam para os fatores da organização do trabalho e das relações socioprofissionais como os mais críticos. Nesse novo contexto o servidor precisa fazer outros usos de si, encontrar estratégias para lidar com as diferenças que encontra entre o contexto de trabalho presencial e remoto. Enquanto no trabalho presencial o tempo que é dedicado as tarefas e ao descanso ficam bem demarcados no teletrabalho isso não acontece. No teletrabalho o servidor faz uso de si no sentido de se empenhar mais em responder todas às demandas, mesmo fora do horário de trabalho pactuado no Programa de Gestão e Desempenho.  A utilização da tecnologia que permite receber mensagens e solicitações a todo o momento endossa ainda mais essa situação o que gera um ritmo excessivo de trabalho. Apesar do teletrabalho trazer diversas vantagens para o servidor e para instituição, alguns pontos merecem uma atenção maior por parte da instituição pesquisada.

A presente dissertação problematizou a participação das professoras pesquisadoras/cientistas nas áreas matemáticas, ressaltando a divisão sexual do trabalho nas áreas de STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics, respectivamente, Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), a invisibilidade histórica, os desafios e obstáculos enfrentados por elas, bem como suas estratégias de luta e resistência, em especial para alcançar ascensão profissional e posições de prestígio e poder no meio acadêmico. Indicadores sociais e pesquisas diversas evidenciaram ser a matemática, enquanto área de estudos e ensino, uma das que têm menor participação de mulheres, estudantes e docentes, reflexo de mecanismos de segregação que vão excluindo-as da carreira acadêmica em questão, contribuindo para a manutenção das relações sociais de sexo/gênero a partir da permanente divisão sexual do trabalho nessa área. Assim, esta pesquisa objetivou desvelar e trazer ao debate acadêmico o fenômeno da participação feminina na carreira cientifica matemática, a fim de contribuir para a compreensão da divisão sexual do trabalho nas áreas de STEM, tema ainda pouco prestigiado nas pesquisas da Educação Profissional e Tecnológica. Para isso, buscou-se contextualizar historicamente o androcentrismo da área, apreender a construção das carreiras das professoras pesquisadoras/cientistas, por meio de sua formação e trajetória profissional, e analisar os mecanismos sexistas existentes, bem como suas estratégias de enfrentamento e resistência. Com efeito, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cujo lócus empírico escolhido foi o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais e os sujeitos, três professoras pesquisadoras/cientistas lotadas no referido setor. Os procedimentos metodológicos para a produção dos dados foram: (i) revisão bibliográfica sobre as temáticas e os indicadores relevantes para a aproximação do objeto de estudo proposto, (ii) levantamento documental de registros do setor e (iii) entrevistas semiestruturadas que, conjuntamente foram analisados à luz da teoria da divisão sexual do trabalho, oriunda da Sociologia do Trabalho de origem francesa, cujas bases estão ancoradas na teoria do feminismo materialista francês (FMF). Os resultados obtidos ao longo desta dissertação apontam para a permanência de mecanismos sexistas explícitos e implícitos, que se mostram como um dos principais fatores responsáveis por perpetuar a sub-representação feminina na carreira científica matemática. No entanto, vale ressaltar que as mulheres inseridas nesse cenário desigual, enfrentam e resistem cotidianamente a essa complexa trama social, mobilizando variadas estratégias de luta individual e coletiva, avançando assim em prol de “lutar por políticas de diminuição de danos”. Diante disso, espera-se contribuir para gerar reflexões acerca do fenômeno estudado, ainda que evidenciando o fato de a igualdade de gênero no meio matemático,

historicamente masculino, ainda estará longe de ser alcançada.

A presente pesquisa, inserida na "Linha de pesquisa III: Processos Formativos na Educação Profissional e Tecnológica" do Programa de Pós-graduação em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), teve como objetivo geral investigar, por meio de um estudo documental e comparativo, a implementação da política pública de Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) e do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Para tanto, foram utilizadas as ferramentasconceitos foucaultianas de governamentalidade, relações de poder-saber e neoliberalismo, a fim de problematizar e compreender os processos, práticas e discursos envolvidos. Como objetivos específicos, elencamos: 1) Realizar um levantamento quantitativo referente à concretização da política pública de Reconhecimento de Saberes e Competências, em especial, no IFMG e CEFET-MG; 2) Empreender uma análise dos documentos oficiais que regulamentam o processo de RSC em geral e nas instituições mencionadas, com o propósito de compreender os procedimentos adotados e os aspectos normativos que orientam a sua implementação; 3) Problematizar, com base nas análises empreendidas, sobre os possíveis impactos da política de pública de Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) na (re)construção da subjetividade docente. A pesquisa revelou que o RSC é um direito conquistado após debates e mobilizações, como evidenciado por uma das maiores greves da Educação. Ao reconhecer e valorizar os saberes e competências, há uma contribuição significativa para a profissão docente. Entretanto, é fundamental questionar as (in)determinações das regulamentações, que podem influenciar diretamente na subjetividade dos professores. Nas instituições pesquisadas, observou-se que a adesão ao RSC é considerável, com aproximadamente 52% do corpo docente efetivo do IFMG e 33% do CEFET-MG possuindo o RSC, sendo a maioria detentora do nível III (titulação de mestre, que, somada ao RSC III, equivale a doutorado). No contexto da influência do neoliberalismo e das práticas de governamentalidade, há uma pressão constante sobre a escola pública para se adaptar às demandas do mercado. No âmbito do RSC, as competências a serem valorizadas e os saberes a serem disseminados emergem como elementos continuamente influenciados ou direcionados, de maneira sutil, pelas políticas de subjetivação/objetivação promovidas tanto pelo Governo Federal, ao estabelecer diretrizes gerais, quanto dentro de cada instituição, ao determinar o peso e os critérios para tais diretrizes.

A profissão de Policial Penal de Minas Gerais teve seu reconhecimento jurídico e passou a compor a Força Policial do Estado de Minas Gerais - juntamente com a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros -, a partir do ano de 2019, mediante a aprovação da Emenda à Constituição Federal nº 104. Apesar de ser uma força policial recente, a custódia interna de presos, a guarda externa de estabelecimentos prisionais e a manutenção da disciplina dos prisioneiros no Estado remontam o período colonial. Como parte da Administração Municipal iniciou-se a partir de 1711, quando as primeiras vilas foram fundadas, com suas respectivas Câmaras e Cadeias, Na época, até em anos recentes, tais funções eram exercidas pelos chamados carcereiros, posteriormente denominados Agentes Penitenciários. Atualmente, com um efetivo de mais de 17.000 homens e mulheres distribuídos por todo o Estado, a Polícia Penal de Minas Gerais exerce atividades diversas, vincula-se à Secretaria de Segurança Pública (SSP-MG e é um lócus ocupacional pouco estudado nas pesquisas acadêmicas, tendo sua gênese, vicissitudes e formas organizacionais ainda desconhecidas pela sociedade em geral. Dessa forma, a presente pesquisa insere-se na Linha III: Processos Formativos em Educação Tecnológica e visa problematizar a formação profissional, a gênese da profissão, as mudanças pelas quais passou, destacando a entrada das mulheres nessa ocupação. Adota-se uma Abordagem Fenomenológica, Descritiva e Qualitativa, utilizando-se do Método Histórico como procedimento para coleta e sistematização dos achados em arquivos, documentos e legislações disponíveis no Arquivo Público Mineiro e em três unidades prisionais mineiras mais antigas: Penitenciária Agrícola de Neves, Manicômio Judiciário e, Penitenciária de Mulheres, Os resultados revelam que a vinculação da custodia de presos ao poder estadual ocorreu no período republicano, quando os assuntos relacionados à justiça, dentre outros, foram delegados à Secretaria de Estado do Interior, instituída em 1891. Verificou-se ainda, que em Minas Gerais, o primeiro antecessor do atual Policial Penal, foi o Guarda, cujos primeiros registros funcionais datam do inicio do Século XX, quando as primeiras penitenciárias foram instituídas no Estado. Quanto à sua formação profissional pouco se tem de registros que comprovem essa preocupação do estado, exceto em tempos mais recentes. No entanto, o exercício de mulheres na profissão, os assentamentos mais antigos datam de 1931, quando duas mulheres foram contratadas como Guardas para atuarem no Manicômio Judiciário. Esse achado, a piori, coloca as policiais penais como pioneiras na segurança pública no Estado de Minas Gerais, visto que nos demais órgãos estaduais de segurança as mulheres ingressaram a partir da década de 1970. Espera-se com as discussões apresentadas suscitar reflexões acerca da história e da relevância da Polícia Penal na Segurança Pública do Estado de Minas Gerais ao longo dos anos e fomentar novas pesquisas nesse lócus ocupacional, revelando a precariedade da profissão e da sua formação profissional.

Nesta dissertação, temos como objetivo apresentar os resultados da pesquisa que analisou os discursos de Abílio Cesar Borges sobre o ensino do desenho para a educação profissional, bem como para a educação em sentido amplo, presentes na obra Geometria prática popular e desenho linear, publicada em 1878. A abordagem contemplou a noção de intelectual delineada por Sirinelli (2003) e Gomes e Hansen (2016), apresentando a trajetória de Borges, as redes de sociabilidade e pertencimento à elite intelectual imperial, fatores que influenciaram sua atuação e seus discursos. Além disso, examinou-se o contexto do ensino de desenho naquele período, suas dualidades e relações com o ideário de progresso industrial. A sustentação metodológica se deu por meio da categoria de análise do discurso político de Charaudeau (2018), Orlandi (2009) e Brandão (2004). Como corpus analítico, utilizamos o prólogo do livro Geometria prática popular e desenho linear (BORGES, 1878), buscando desvelar as estratégias discursivas e o contexto sócio-histórico e ideológicos do autor. O discurso analisado no prólogo nos revelou um verdadeiro manifesto, apontando o ensino do desenho como um elemento subjacente para formar profissionais ao longo do século XIX.

A presente dissertação tem o objetivo de apresentar as concepções e projetos sobre a educação do trabalhador que estavam em disputa no processo de elaboração da reforma do ensino industrial, conhecida como reforma Capanema. Após a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, o Estado passou a concentrar poderes e investiu numa política desenvolvimentista para o país, com ênfase na industrialização e construção de um projeto ideológico nacionalista. Nesse contexto, a educação passou a ser vista como um instrumento de modernização e de construção da identidade nacional, por isso, tornou-se um assunto de relevância política. Com a necessidade de mão de obra qualificada e a criação de direitos sociais para os trabalhadores, o ensino industrial mereceu maior destaque e foi objeto de disputas. Tais disputas envolveram dois ministérios criados pelo governo de Getúlio Vargas, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde. Nossa análise partiu dos discursos políticos produzidos por educadores e pelos agentes do ensino industrial, que de alguma forma estavam presentes nas propostas elaboradas por esses ministérios. Esses discursos foram analisados tendo como inspiração a perspectiva da análise de discurso da escola francesa, que considera que os discursos são um produto do homem no seu tempo, inserido numa determinada realidade social e, portanto, portadores de uma determinada representação de sociedade. Os fundamentos teóricos que serviram como ferramenta de análise no desenvolvimento da pesquisa estão inseridos no campo da História Política e da História Intelectual. Consideramos que a concepção dos industriais, que submete o ensino industrial às necessidades da indústria prevalecera, mas a perspectiva dos educadores para uma educação integral, também servia a propósitos políticos do governo.

A história do mundo do trabalho ocidental é marcada pela subjugação das mulheres, vinculando-as aos papéis domésticos e familiares, visto que, somente após a revolução francesa e a revolução industrial do século XVIII, as mulheres começaram a ser incluídas efetivamente no mundo do trabalho e a lutar por direitos políticos e sociais. Apesar dessa inclusão e dos avanços rumo à equidade, a desigualdade de gênero no mundo do trabalho persiste, manifestando-se em salários mais baixos e menos oportunidades para as mulheres. Na esfera educacional, essa lógica de subjugação e desigualdade de gênero também se reproduziu. As mulheres enfrentaram e ainda enfrentam obstáculos para acessar uma educação de qualidade e igualitária, especialmente nas áreas de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). A falta de incentivo e de representatividade nessas áreas reflete também na educação básica, que contribui para o menor interesse de meninas que muitas vezes são direcionadas para áreas consideradas mais "adequadas" para o gênero feminino. Na Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais essa situação é agravada pela falta de políticas públicas e de dados específicos sobre as alunas do ensino médio, o que evidencia a necessidade de compreender melhor como as meninas são percebidas e como percebem sua própria realidade social e educacional. Desse modo, a presente pesquisa propõe analisar o interesse e motivação das alunas da Educação Básica Estadual de Minas Gerais nas áreas de STEM. Por meio de um estudo de caso na Escola Estadual Professor Hilton Rocha, examina-se os fatores que ainda reproduzem uma lógica segregadora de gênero e afastam as meninas dessas áreas, bem como são identificados os fatores que podem incentivá-las a se interessar por STEM. É explorado os impactos de fatores como contexto histórico, cultural e social de desigualdade de gênero, bem como a influência da família, das mídias e da escola na escolha das meninas pelas áreas referidas. Como resultado, o estudo busca fornecer insights sobre como as meninas são influenciadas em suas escolhas educacionais, especialmente em relação às áreas de STEM, instigando a criação e o fortalecimento de políticas públicas voltadas à igualdade de gênero na Rede Estadual de Educação de Minas Gerais.

O estudo realizado no campus Florestal da Universidade Federal de Viçosa, focado no projeto Trilhas de Futuro, destinou-se a explorar as causas e consequências da evasão contínua de alunos dos cursos técnicos. Este revelou a multifacetada natureza da evasão na Educação Profissional e Tecnológica (EPT), destacando fatores educacionais, socioeconômicos, e profundamente enraizada divisão sexual do trabalho como influências chaves neste fenômeno. A metodologia qualitativa adotada, conforme descrito por Minayo (2010), permitiu uma investigação detalhada das perspectivas subjetivas dos sujeitos, envolvendo um estudo de caso robusto e a aplicação de formulários para coletar os pontos de vista de estudantes evadidos. Os resultados apontam para a necessidade de um olhar cuidadoso sobre a divisão sexual do trabalho, destacando as observações de Cyntia Cockburn (1985), que já indicava a segregação de gênero nas tecnologias emergentes, um padrão que persiste apesar dos avanços tecnológicos. Este estudo confirma a relutância em avançar para uma maior igualdade de gênero no trabalho técnico educacional, enfatizando a resistência histórica à mudanças nas normativas de gênero. Adicionalmente, identificou-se a importância de adequar as ofertas dos cursos às especificidades dos estudantes, incluindo logística de transporte e reconciliação entre responsabilidades acadêmicas, familiares e laborais. A participação feminina majoritária na pesquisa ressaltou a busca das mulheres por oportunidades de qualificação profissional, confrontando a divisão sexual do trabalho. No entanto, foi observado uma incongruência entre os conteúdos dos cursos e as expectativas e necessidades dos alunos, sugerindo a revitalização do currículo e das modalidades de oferta dos cursos. Os achados reforçam o papel essencial das políticas públicas educacionais e de bem estar social, exemplificando pelo suporte financeiro do projeto Trilhas de Futuro. Contudo, destacou-se que, para combater às realidades dos estudantes e acompanhadas de estratégias integradas que abordem a complexidade do fenômeno. Finalmente, o estudo enfatiza a urgência de uma colaboração contínua e de políticas inclusivas entre as partes interessadas da EPT, para promover a diversidade e o desenvolvimento pleno das potencialidades individuais e coletivas. Somente através de um esforço conjunto e reconhecimento da variedade das trajetórias de vida dos estudantes, seria possível criar estratégias eficazes de retenção e avançar em direção a uma experiência educacional mais igualitária e produtiva.

Esta dissertação investiga como a Filosofia da Ideia Cosmonômica de Herman Dooyeweerd (1984-1977) influenciou, e quais foram suas repercussões na Escola Holandesa de Filosofia da Tecnologia, quanto ao tema ontologia dos artefatos técnicos. Seu objetivo geral consiste em apresentar em linhas gerais a filosofia de Dooyeweerd e duas vertentes da Escola Holandesa (EH), denominadas de abordagem multiaspectual da EH e abordagem dual da EH, e compará-las entre si. Este trabalho adota como metodologia uma pesquisa bibliográfica de natureza básica, qualitativa, descritiva e exploratória. A dissertação justifica-se, não só, como inserida em um movimento teóricoacadêmico que busca unificação e consistência para o campo da Filosofia da Tecnologia, como também, como um conjunto de reflexões necessárias para compreensão do fenômeno tecnologia e para autocompreensão por parte de cada ser humano de seu lugar e papel na sociedade da era tecnológica. Nesse sentido, esta dissertação pressupõe e vincula Filosofia da Tecnologia e Educação Tecnológica, como preconizado por Grinspun (2001). O capítulo 1 apresenta o recorte teórico de pesquisa, sua metodologia e justificativa. O capítulo 2 apresenta e contextualiza as duas vertentes da Escola Holandesa no cenário mais abrangente da Filosofia da Tecnologia, e em seguida apresenta sinteticamente como as abordagens dual e multiaspectual da EH concebem a natureza dos artefatos técnicos. O capítulo 3 apresenta em linhas gerais o pensamento de Dooyeweerd e traços de sua filosofia, bem como aprofunda a apresentação da abordagem multiaspectual da EH sobre os artefatos. O capítulo 4 termina a apresentação da abordagem multiaspectual da EH sobre estes artefatos e compara aquela com o pensamento de Dooyeweerd sobre o tema. O capítulo 5 aprofunda a apresentação da abordagem dual da EH sobre os artefatos técnicos, e compara essa com a abordagem multiaspectual da EH. O capítulo 6 tece considerações mais abrangentes sobre a filosofia de Dooyeweerd e a Escola Holandesa. Por último, as Considerações Finais recapitulam os tópicos mais relevantes da pesquisa, e derivam conclusões passíveis de serem retiradas dos conteúdos apresentados.

As pesquisas a respeito da aprendizagem foram, por muito tempo, influenciadas pela concepção de aprendizagem behaviorista, baseada no estímulo-resposta. Dessa forma, ao ignorar as relações humanas e o pensamento no processo de aprendizagem foram excluídos de seu âmbito de visão os processos internos dos indivíduos. Pois, conhecer as mudanças, as ações e as funções ocorridas durante o processo de aprendizagem é importante para o planejamento de ações que facilitem a própria aprendizagem. Diante desse cenário, o presente estudo está inserido na linha de pesquisa IV - Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Seu objetivo é analisar a aprendizagem das estratégias metacognitivas e a transferência da aprendizagem no laboratório de ensino de Química, utilizadas pelos estudantes da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, tendo como lócus uma escola técnica federal. Trata-se de um estudo de natureza básica e de abordagem qualitativa. Como procedimentos técnicos foram utilizados a pesquisa bibliográfica e o estudo de campo. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram a observação dos discentes no ambiente natural da aula em laboratório e a entrevista semiestruturada. A Análise Textual Discursiva (ATD) foi utilizada como metodologia de análise dos dados coletados. O arcabouço teórico-metodológico se baseia em artigos e livros que tratam sobre o tema e na concepção de metacognição de Flavell (1979), e tem como ponto de partida a percepção dos estudantes a respeito das estratégias metacognitivas no processo de transferência de conhecimentos e da aprendizagem nas aulas de laboratório. Destarte, considera-se o tema desta pesquisa relevante, uma vez que os resultados mostram que ao aprenderem sobre as estratégias metacognitivas explicitamente, os estudantes tiveram a oportunidade de pensar sobre o próprio pensamento e aprendizagem conscientemente. Ao terem conhecimento sobre os processos de planejamento, monitoramento e autorregulação da aprendizagem, os estudantes podem aplica-los também ao mundo do trabalho.

Esta dissertação tem como objetivo apresentar um conhecimento científico de natureza histórica sobre o instituir da Fazenda Florestal, em Minas Gerais, acerca de sua especificidade como fazenda, articulado a um projeto político e econômico do Estado mineiro, entre 1935 e 1948. O período histórico da dissertação considera dois momentos institucionais da fazenda, tendo em vista um projeto de desenvolvimento econômico da agropecuária mineira, levando em conta os processos de desapropriações da Vila Florestal para formar a Estação Experimental, a partir de 1935, e, na sequência, quando recebeu a Escola Agrícola, em 1939, passando à Fazenda-Escola, formando profissionais para lidar com as atividades do campo. O conhecimento do instituir da Fazenda Florestal converge com os três objetivos específicos de tal dissertação: revelar as tensões de poder que pairavam sobre os processos de formação da fazenda pelas ações desapropriatórias das terras; desvelar as finalidades e especificidade da instituição como fazenda e, finalmente, categorizar os sujeitos que frequentaram a fazenda nos primeiros anos de seu funcionamento como escola pelas pastas dos alunos. As fontes utilizadas compreendem, principalmente, documentos que se referem à sua instituição, como escrituras públicas, estatuto, imprensa oficial de Minas Gerais e jornais difundidos à época, além das pastas dos estudantes, preservadas pela instituição. Para a composição desta dissertação, foram realizados estudos teóricos e conceituais no campo da educação profissional, assim como estudos nos campos da História da Educação e da História da educação Profissional, construída de acordo com a proposta do Programa de Pós-graduação de Educação Tecnológica (PPGET). Como referencial teórico, utilizar-se-á das lições de Justino Pereira de Magalhães sobre o conceito instituir. A diversidade de fontes possibilitou cruzar informações de diferentes origens. Os resultados mostraram as especificidades da instituição como fazenda. 

Esta dissertação de mestrado nasceu em um contexto de modificações profundas, no qual a aprendizagem requer o desenvolvimento de competências digitais. Reconhecendo que o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) redefine e molda a maneira de pensar, ensinar e aprender, o referencial teórico apoia-se nos estudos das capacidades mais amplas do pensamento humano, descritas por Gardner (1983), na teoria das Inteligências Múltiplas. Essa teoria apresenta a compreensão do conceito de inteligência em uma dimensão maior do que aquela observada na resolução de um determinado teste psicológico para mensuração de Quociente Intelectual (QI), o qual é considerado inato e imutável.  Diante disso, torna-se importante explorar a intersecção entre as competências digitais e a teoria das Inteligências Múltiplas, contribuindo para o campo da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Isso se justifica por ser a EPT um estrato específico da Educação Básica, que expressa a interação entre trabalho, cultura, ciência e tecnologia. Dessa forma, o questionamento que direcionou esta dissertação de mestrado foi: de que maneira as competências digitais se relacionam com a teoria das Inteligências Múltiplas no contexto da Educação Profissional e Tecnológica? Para responder esse questionamento foi realizada uma pesquisa que teve como objetivo geral analisar de que maneira as competências digitais, necessárias em um contexto de aprendizagem na EPT, se relacionam com as Inteligências Múltiplas considerando os conhecimentos da neurociência. O seguinte caminho metodológico direcionou esta dissertação de mestrado: uma abordagem qualitativa, do tipo descritiva. A pesquisa empregou a triangulação como estratégia de investigação, permitindo estudar o tema sob diferentes ângulos e abordá-lo a partir de múltiplas perspectivas. Quanto ao procedimento técnico escolheu-se a pesquisa documental e bibliográfica. A importância dessa pesquisa justifica-se pela necessidade de apontar as tendências, congruências e divergências subjacentes ao tema no contexto da EPT, além de integrar os resultados, apontar as duplicações e lacunas na área visando estimular novas produções, corroborar intencionalmente para a contextualização, problematização e orientação de abordagens futura. Os resultados dessa pesquisa permitiram destacar as áreas cerebrais que são acionadas enquanto determinadas inteligências são utilizadas. Além disso, foi possível identificar a importância de integrar as competências digitais às Inteligências Múltiplas no contexto da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), uma vez que são essenciais para a formação de profissionais que possam contribuir efetivamente com o mundo do trabalho contemporâneo. Além disso, a pesquisa enfatiza que essas competências digitais devem ser desenvolvidas de maneira intencional e sistemática no currículo da EPT, inclusive com a valorização das Inteligências Múltiplas, visto que os alunos possuem diferentes estilos de aprendizagens e múltiplas formas de se expressar. Os resultados sugerem ainda que a inclusão dos conhecimentos da neurociência na prática educacional pode enriquecer a compreensão dos processos de aprendizagem e contribuir para a eficácia do ensino e da aprendizagem.

A inteligência é um construto, visto que teóricos buscaram conceituá-la ao longo da história. Alguns estudiosos, como Howard Gardner, Cattell-Horn-Carroll, Robert J. Sternberg, entre outros, entendem que não há uma única capacidade estática, mas sim um construto multidimensional, representado por diversas formas e possibilidades de estimulação. Assim, existe uma multiplicidade de inteligências no ser humano. A teórica Dawna Markova considera que um indivíduo utiliza seis padrões diferentes de aprendizagem, os quais se baseiam na forma como estão relacionados com a consciência e com o sistema receptivo que a mente usa para receber e processar informações. Ao trabalhar esses padrões, buscam-se formas de despertar o interesse dos alunos para alcançar com mais eficácia o objetivo do processo de ensino e aprendizagem. A educação pode incorporar, em sala de aula, o uso de tecnologias digitais que explorem as diferentes inteligências que os indivíduos possuem. Dessa forma, no contexto da Educação Profissional e Tecnológica (EPT), em especial no curso de graduação em Engenharia de Computação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), surgiu nesta pesquisa o questionamento de como os alunos podem, em sala de aula, perceber, explorar e aplicar suas inteligências múltiplas utilizando a tecnologia digital. O objetivo geral foi investigar como os alunos de Engenharia de Computação do CEFET-MG percebem suas inteligências e como podem explorá-las e aplicá-las no processo de ensino e aprendizagem, tendo como recurso as tecnologias digitais. O referencial teórico foi fundamentado na estrutura do cérebro e suas principais funções, no modo como o cérebro aprende, nos conceitos e definições da inteligência à luz da neurociência, na Teoria das Inteligências Múltiplas e sua influência na educação, nos processos de ensino e aprendizagem na educação, nas competências tecnológicas digitais para professores e alunos do século XXI, nos conceitos e utilizações da tecnologia digital em sala de aula, e nas principais Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) utilizadas em sala de aula nos dias atuais. Trata-se de uma pesquisa de natureza básica, de abordagem qualitativa, do tipo descritiva. Quanto ao procedimento técnico, foi realizado um estudo de caso, tendo como universo os alunos da disciplina de Sistemas Digitais para Computação do 2º período. O lócus da pesquisa foi o campus Nova Gameleira, em Belo Horizonte-MG. Sobre o instrumento de coleta de dados, foi feita uma observação não participativa e aplicado um questionário online, em formato de formulário eletrônico, aos participantes da pesquisa. A partir das respostas do questionário e dos resultados analisados, conclui-se que os alunos têm interesse em compreender as melhores maneiras pelas quais assimilam os conteúdos ministrados. Foi possível identificar quais são as multiplicidades de inteligências que os alunos perceberam ter: em sala de aula, para estudar e para explorar tecnologias digitais. As mais predominantes foram a lógico-matemática e a visual-espacial. As menos utilizadas foram a corporal-cinestésica, a naturalista e a musical. Averiguou-se a forma, a importância e a intensidade da utilização das tecnologias digitais pelos alunos. Todos as consideram como auxiliadoras e as utilizam como ferramentas educacionais por longas horas, dentro e fora da sala de aula, caracterizando a inserção dos alunos na cibercultura. No entanto, uma parte ainda entende não ter domínio sobre a utilização das TDIC. As mais utilizadas foram as redes sociais e os mensageiros instantâneos. Os eBooks foram os menos utilizados. Ao final da pesquisa acadêmica, foram indicadas possíveis tecnologias digitais a serem utilizadas pelos professores como estratégias pedagógicas, abrangendo as variadas inteligências dos alunos e as diferentes maneiras de aprender.

A partir da questão que norteou esta dissertação de mestrado: como os princípios da neurociência cognitiva e do design educacional, em consonância com Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimídia (TCAM), podem colaborar na produção de recursos didáticos para a Educação a Distância (EaD)? Foi realizada uma pesquisa que teve como objetivo geral analisar quais critérios da neurociência cognitiva aplicada a educação e os princípios do design educacional, estiveram presentes na estrutura dos recursos didáticos utilizados na Especialização em Docência para Ensino Profissional e Tecnológico ofertado à distância pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), em 2021. Para tal, foi realizada uma pesquisa de natureza básica e abordagem qualitativa. De acordo como os objetivos traçados (geral e específicos) a pesquisa foi do tipo descritiva e exploratória. Quanto ao procedimento técnico foram realizadas um estudo de campo e uma pesquisa bibliográfica. No que se refere ao estudo de campo, o  seu  lócus foi o CEFET-MG, especificamente a Especialização Lato Sensu em Docência para a Educação Profissional Tecnológica (EDEPT), o qual foi ofertado na modalidade de EaD em 2021. O universo da pesquisa foram os professores que ministraram as disciplinas desta Especialização. Quando a pesquisa bibliográfica, foi feita uma consulta na base de dados disponíveis no catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e no banco de teses e dissertações mantido pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), para levantar com que frequência as pesquisas de mestrado e doutorado realizadas no Brasil, nos últimos cinco anos, abordam o temas EaD, neurociência, design educacional e recursos didáticos, e se fazem alguma associação entre eles. Os resultados encontrados permitiram concluir que a aplicação dos princípios da neurociência cognitiva e do design educacional, em consonância com TCAM, podem colaborar na produção de recursos didáticos para EaD, como ficou comprovado através da análise da prática docente realizada na EDEPT, onde, apesar de não terem o estudo sobre neurociência e sobre DE em seus currículos de formação, os professores que ministraram as disciplinas foram avaliados de forma muito satisfatória pelos discentes. Comprovação também alcançada no levantamento realizado nos planos didáticos das disciplinas ministradas na EDEPT, onde foram identificadas diversas aplicações de recursos didáticos nas aulas síncronas e assíncronas da Especialização. Quanto as buscas nos bancos de teses e dissertações da CAPES e do IBICT, comprovaram que a associação entre os temas EaD, neurociência, design educacional e recursos didáticos é pouco pesquisada, sendo que foram encontrados apenas seis trabalhos que os abrangia. O que indica a necessidade de se estimular que ocorram mais pesquisas acadêmicas que se dediquem a aprofundar no diálogo entre a EaD, a neurociência,  o design educacional e a produção de recursos didáticos.

Esta pesquisa pretende apresentar os impactos discriminatórios enfrentados pela população negra em decorrência da incorporação do racismo nas tecnologias. Nessa proposta, é necessário refletir sobre a racionalidade instrumental, o determinismo e a neutralidade tecnológica. Serão abordadas as concepções de racismo como uma tecnologia de poder e biopoder, conforme discutido pelas teorias de Michel Foucault e Achille Mbembe. Demonstrar-se-á como o racismo foi integrado aos artefatos tecnológicos, estendendo-se da sociedade moderna à sociedade digital, especialmente por meio de vieses algorítmicos, como sustentado por Silva, Côrrea e Benjamin. Por fim, pretende-se, com base nas teorias de Feenberg, mostrar como grupos sub-representados — neste caso, a comunidade negra — podem intervir nas tecnologias por meio do processo de "co-construção", permitindo que sua resistência incorpore valores de solidariedade e justiça no design tecnológico, superando o desenvolvimento hegemônico e construindo tecnologias antirracistas.

Apesar de a educação profissional tecnológica de nível médio subsequente significara primeira oportunidade de profissionalização e do contingente expressivo de mulheres matriculadas nos referidos cursos, alguns estudos evidenciam peculiaridades do público feminino que podem interferir em seu processo formativo. Dentre essas peculiaridades, pode-se citar a divisão sexual do trabalho doméstico e de cuidado com os filhos, além do trabalho remunerado quando a estudante também é responsável por parte ou integralmente da renda de seu grupo familiar. Dos cursos técnicos profissionalizantes de nível médio subsequente ofertados em instituições públicas ou privadas, nota-se que o curso técnico em Enfermagem se destaca por seu quantitativo de alunas em idade reprodutiva. Diante do exposto e tendo por lócus de pesquisa o IF SudesteMG Campus Barbacena, instituição na qual esta pesquisadora atua como docente, emerge a seguinte questão de pesquisa: como as alunas do curso técnico em Enfermagem do IF Sudeste-MG Campus Barbacena que são trabalhadoras e mães, vivenciam essa múltipla jornada, se dividindo entre o trabalho remunerado, o trabalho doméstico cuidado com os filhos e a vida estudantil? Diante disso, definiu-se como objetivo geral compreender como as estudantes do curso técnico em Enfermagem do IF Sudeste-MG Campus Barbacena vivenciam a maternidade, o trabalho doméstico, o trabalho remunerado e a vida estudantil. Para que este seja alcançado, elencam-se alguns objetivos específicos: (1) Identificar no curso técnico em Enfermagem as estudantes com o seguinte perfil: trabalhadoras remuneradas, mães que residem com filhos dependentes de seus cuidados e de seu auxílio financeiro; (2) Conhecer a motivação pela procura do curso técnico sobretudo na área de Enfermagem; (3) Identificar e analisar as motivações dessas mulheres pela procura de um curso técnico, sobretudo na área de enfermagem (1) Identificar no curso técnico em Enfermagem as estudantes com o seguinte perfil: trabalhadoras remuneradas, mães que residem com 1 filhos dependentes de seus cuidados e de seu auxílio financeiro ; (2) Conhecer a situação econômica social e cultural dessas estudantes; (3) Identificar e analisar as motivações dessas mulheres pela procura de um curso técnico, sobretudo na área de Enfermagem; (4) Analisar como essas estudantes articulam o trabalho remunerado, com o trabalho doméstico e de cuidado com os filhos e da sua casa e a sua vida estudantil; (5) Evidenciar as estratégias de resistência e luta dessas mulheres para que consigam permanecer no curso. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, cujo método de procedimento a ser utilizado é o de levantamento, tendo como técnicas e instrumentos questionários online e entrevistas semiestruturadas que poderão ser presenciais ou online de acordo com a disponibilidade das participantes. Para embasamento teórico, serão utilizadas teorias da divisão sexual do trabalho de origem francófonas advindas do feminismo materialista francês, além de Birolli, Urpia, Sampaio, Leal, Bagnato, dentre outros autores que contribuíram para a construção teórica da temática desta pesquisa dessa dissertação. Será utilizada na análise dos dados empíricos a análise crítica do discurso (ACD) preconizada por Norman Fairclough (2005).

O projeto “Laboratório Itinerante STEAM-CEFETMaker: ações de inclusão, divulgação e popularização da Ciência, Tecnologia e Inovação”, financiado pela FAPEMIG, foi realizado em 2023 e 2024, com desdobramentos ainda para o ano de 2025, como um esforço coletivo de diferentes instituições escolares da região metropolitana de Belo Horizonte, Brasil. Professores do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e professores de Ciências do Ensino Fundamental de quatro escolas públicas atuaram, de forma integrada, no planejamento e execução de diversas atividades educacionais orientadas para a educação tecnológica e para a divulgação científica. Durante as várias etapas do projeto foram organizadas atividades online e presenciais, tanto nas escolas participantes quanto no Laboratório Maker do CEFET-MG, um espaço equipado com tecnologias de prototipagem e programação, impressoras 3D e máquinas de corte a laser, entre outras tecnologias. A fundamentação teórica que sustenta o projeto se encontra na união entre a abordagem STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), a Cultura Maker e a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Ao longo de sua execução, o projeto se desdobrou em cinco etapas: 1ª) Mostra Maker: exposição de tecnologias e da Cultura Maker e produtos dos projetos do CEFET-MG em um evento que contou com a participação aproximadamente 2000 alunos; 2ª) Rolê Maker: grupos de 40 a 60 alunos de cada escola foram selecionados para participar de atividades práticas e interativas; 3ª) Minicursos híbridos: grupos de 16 alunos de cada escola aprofundaram seus conhecimentos sobre programação, robótica, impressão 3D e prototipagem digital, por meio de aulas online e encontros presenciais, nas escolas e no Lab Maker; 4ª) Criação de Protótipos: os alunos da etapa anterior foram desafiados a planejar e criar um protótipo endereçado a resolver um problema ou necessidade de sua própria comunidade escolar; 5ª) Exposição dos protótipos: envolve a participação dos alunos em feiras e mostras científicas, nas escolas participantes, no CEFET-MG e em eventos nacionais. A pesquisa que originou esta dissertação se propôs a desvelar os impactos do projeto STEAM-CEFETMaker ao acompanhar seu planejamento e sua execução. Este estudo adotou o formato de pesquisa qualitativa, descritiva e aplicada, empregando os procedimentos metodológicos de um estudo de caso. Os instrumentos de coleta de dados foram a observação participante, o questionário e o grupo focal. A análise dos dados obedeceu a critérios únicos estabelecidos a partir da teoria da Experiência de Aprendizagem Mediada (EAM), utilizando-se dos Parâmetros Universais e dos Parâmetros de Reforço como fundamentos para evidenciar aspectos de sucesso e lacunas do projeto. Os resultados obtidos corroboram para uma melhor compreensão de como projetos realizados em ambientes não formais de aprendizagem podem contribuir para o engajamento, o aprendizado, a autonomia, a integração social e a mudança nas perspectivas sobre ciência e tecnologia dos alunos. Não obstante, permitiram inferir reflexões sobre o papel dos professores, instrutores e monitores enquanto mediadores no processo de aprendizagem; sobre diferenças de gênero; desigualdade socioeconômica; influência do apoio familiar; mudanças nas percepções dos alunos quanto à sua própria competência e o papel do sentimento de pertencimento ao grupo.

Considerando o valor cognitivo da metáfora conceptual e seu status epistemológico sob essa perspectiva, o uso de metáforas no ensino, bem como as possibilidades do jogo eletrônico como instrumento pedagógico no ensino de História, interessou-nos analisar as representações metafóricas apreciáveis em The Elder Scrolls V: Skyrim (BETHESDA, 2011), jogo eletrônico que possui inúmeras relações de semelhança entre suas características audiovisuais e a Escandinávia Medieval. O objetivo geral é analisar o jogo eletrônico The Elder Scrolls V: Skyrim (BETHESDA, 2011), buscando identificar e verificar possíveis relações metafóricas entre suas representações audiovisuais e suas equivalências na Escandinávia Medieval, bem como empreender reflexões acerca das possibilidades dos jogos eletrônicos como ferramentas no ensino. Como objetivo específico, esta dissertação intenta contribuir para a Educação Tecnológica e para o ensino de História por meio da análise metafórica do jogo eletrônico, considerando-a como tecnologia aplicável ao ensino, dessa forma, descortinando relações metafóricas que abrem a possibilidades de posterior utilização enquanto instrumento pedagógico, em um contexto em que a fluência em tecnologia tem se estabelecido como uma das principais demandas formativas do homem contemporâneo. Esta dissertação possui um caráter descritivo, pois centra-se na forma com a qual as metáforas são apresentadas no contexto do jogo em questão, dessa forma, sugestionando o estabelecimento de relações entre ele e o conhecimento histórico científico. Nessa perspectiva, é possível dividir o percurso de investigação em duas grandes etapas, a saber: a) a pesquisa bibliográfica que formará o embasamento técnico e teórico por meio da leitura e análise de textos acadêmicos sobre os temas Metáforas, Representação, Jogos Eletrônicos e Escandinávia Medieval, b) a pesquisa empírica, que consiste em duas fases: fase 1 - análise do jogo eletrônico The Elder Scrolls V: Skyrim (BETHESDA, 2011), buscando identificar possíveis relações metafóricas entre algumas de suas representações audiovisuais e suas equivalências na Escandinávia Medieval e fase 2 - a elaboração de quadros ilustrando as relações entre os domínios das metáforas a fim de se estabelecer a categorização proposta por meio de um mapeamento destes paralelos. Os resultados apontam várias relações metafóricas entre o jogo e a Escandinávia Medieval passíveis de utilização no ensino de História, abrindo possibilidades de novas pesquisas.

O trabalho para menores de dezesseis anos foi proibido em 1988 pela Constituição da República, salvo na condição de aprendiz. O Programa de Aprendizagem Profissional - PAP é regulamentado pelas Leis da Consolidação do Trabalho, que passou por alterações ao longo da história, e definiu parâmetros para a contratação de adolescentes, jovens e adultos, com idade de quatorze a vinte e quatro anos. Além do trabalho formal assistido, o PAP trata-se de um curso de formação profissional, relacionando-se diretamente com o Eixo Temático IV - Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais. Este estudo tem como objetivo conhecer o sentido atribuído ao trabalho por cursistas e egressos do PAP da Região Metropolitana de Belo Horizonte, por meio de pesquisa qualitativa. A coleta de dados ocorreu em duas etapas, sendo a primeira por meio de questionários e entrevistas, e a segunda de grupo focal. Para a análise e discussão dos dados, criou-se categorias fundamentadas na literatura pesquisada. Foi possível constatar, dentre outras informações, que os participantes consideram o trabalho um caminho para se integrar e para corresponder a estilo de vida socialmente aceito, sendo este considerado pelos jovens como um percurso natural e fundamental em suas vidas.

Dois bilhões de usuários acessam mensalmente o YouTube em busca de conteúdos que satisfaçam seus interesses econômicos, políticos e sociais, consumindo diariamente mais de 1 bilhão de horas do seu acervo audiovisual. No Brasil, 150 milhões de pessoas conectam-se à plataforma sociodigital objetivando, dentre outros interesses, o aperfeiçoamento de habilidades ou novas aprendizagens. O desejo pela informação assertiva engaja os usuários nas produções organizadas em listas de reprodução dos canais estabelecidos no YouTube. A fim de desvelar circulações de saberes e valores, cartografamos um canal de engenharia civil hospedado nesta plataforma. Para tal, analisamos criticamente, sob a perspectiva ergológica, as práticas de produção e compartilhamento de conteúdos da engenharia civil no canal “Engenheiro Ajuda!”. Antigamente, a circulação de saberes e valores da engenharia civil era restrita aos grupos organizados – acadêmicos, profissionais do setor e associações de classe. Atualmente, acessar o YouTube e pesquisar canais de engenharia civil em busca de tutoriais orientativos estão ao alcance das mãos. Buscando dar visibilidade à difusão dos conhecimentos no território sociodigital, elaboramos um atlas de inspiração ergológica do canal “EA!”. A presente pesquisa insere-se na linha de pesquisa I – Fundamentos da Técnica, da Tecnologia e do Trabalho no âmbito da Educação Tecnológica. Para confeccionar o atlas ergológico do canal de mídia audiovisual fundado no YouTube selecionamos conceitos da démarche ergológica, entendidos como “pistas ergológicas”, que foram utilizadas como categorias analíticas, permitindo a localização e o mapeamento das linhas de forças que suportam e veiculam produtos audiovisuais, difusores de saberes e valores da engenharia civil no YouTube. A cartografia das linhas de forças evidenciou tanto as normas – reguladoras, prescritoras e moduladoras – que incidem sobre as interações e produções humanas, quanto as renormalizações empreendidas pelos interagentes que constroem, diversificam e amplificam os patrimônios reunidos nos arquivos digitais do canal supracitado. Logo, a circulação de saberes e valores da engenharia civil no YouTube envolve atores humanos e corporativos, gerando heranças que servem aos projetos de vida da sua comunidade.

Este estudo tem por objetivo identificar e analisar os softwares educativos que promovem a acessibilidade, favorecendo os processos de ensino e de aprendizagem dos surdos. Esta dissertação insere-se no Curso de Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG, na linha de pesquisa IV que tem como eixo temático as Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais. Considerando-se a natureza qualitativa da pesquisa, optou-se pela utilização metodológica da análise bibliográfica, no qual fizemos a identificação e análise dos softwares educativos desenvolvidos para os surdos. O universo desta pesquisa são produções acadêmicas publicadas em periódicos científicos, livros e sítios do Estado Brasileiro. A concepção teórica que norteia este estudo fundamenta-se na perspectiva Vygotskyana, com as contribuições da psicologia da aprendizagem e do desenvolvimento e com os fundamentos da defectologia.  Os resultados mostram que a maior parte dos softwares educacionais disponíveis para os surdos são voltados para a tradução do Português para Libras. Foram encontrados ainda aplicativos para smartphones, jogos, dicionários digitais multilíngues e tradutores de textos, áudios, e vídeos, que fazem uso da língua de sinais para o ensino da Libras. Em relação ao CEFET-MG identificamos que a instituição não faz uso de softwares educativos nos processos de ensino e de aprendizagem dos estudantes surdos, sendo utilizado o intérprete para realizar a ponte de comunicação entre professores e estudantes em sala e aula, fazendo uso apenas da tradução da linguagem falada para a língua de sinais. Verificamos ainda, que nos últimos três anos apenas três estudantes surdos se matricularam na instituição, o que consideramos um número ínfimo em relação ao total de estudantes matriculados anualmente. A análise dos resultados mostra que o uso de softwares educativos tem se tornado cada vez mais comum na educação escolar, contribuindo para tornar as práticas pedagógicas mais inclusivas e favorecendo, em especial, os processos de ensino e de aprendizagem dos surdos. Constatamos que as tecnologias, quando colocadas com objetivos pedagógicos, favorecem os propósitos didáticos, pois as informações quando associadas a recursos visuais propiciam um forte apelo visual. Assim, acreditamos que os softwares educativos podem, de forma mais efetiva, favorecer a educação dos surdos.

Esta pesquisa tem como objeto os estudos acerca da Pedagogia da Alternância no contexto da educação profissional técnica de nível médio (EPTNM) no Brasil e como objetivo revisar a produção acadêmica que trata do tema e de suas problemáticas no período de 1977 a 2021, levando em conta suas aproximações, aplicações e desafios nos cursos desse nível de ensino, além daqueles relacionados à educação do campo. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, cuja metodologia principal foi a revisão da literatura sobre o tema. A hipótese considerada aqui é de que a metodologia empregada na Pedagogia da Alternância poderia ser aplicada na EPTNM, propiciando uma formação em cursos cuja ementa fosse além das atividades desenvolvidas no campo. Os resultados a que chegamos corroboram a escassez de pesquisas na área, mas reforçam a ideia de que os trabalhos desenvolvidos no e sobre o campo são potentes no sentido de apresentarem importantes iniciativas. Além disso, percebeu-se que em muitos lugares a Pedagogia da Alternância já está atrelada à EPTNM e o que é, ainda, uma barreira é a oferta de cursos que se sustentam através deste sistema de ensino, pois, em sua maioria, são cursos relacionados à agropecuária, à pesca e à agroecologia. 

Este estudo discute os resultados de uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). O objetivo foi verificar se os princípios educacionais baseados na neurociência estão presentes nos cursos de licenciatura oferecidos pelos Institutos Federais (IFs) pertencentes à Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (RFEPCT). Para isso, foi realizado um levantamento nos sites dos 38 IFs para identificar se esses princípios educacionais relacionados à neurociência foram abordados nos Planos Pedagógicos dos Cursos (PPC) e/ou nas matrizes curriculares. Em outras palavras, procurou-se determinar se a neurociência aplicada à educação está presente no processo de formação de professores. O levantamento da pesquisa científica sobre neurociência aplicada à educação, nos cursos de licenciatura, em bancos de dissertações e teses como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), indicou uma integração ou interação ainda mínima da neurociência com a educação. É importante ressaltar que a compreensão da pesquisadora, que embasa a análise dos dados coletados, é de que os estudos e pesquisas em neurociência podem contribuir para a formação de professores, principalmente no que diz respeito à compreensão de como o cérebro humano aprende. No entanto, também deve ser considerado que o campo da neurociência, especificamente em relação ao processo de aprendizagem, deveria se aproximar da ciência da educação. Assim, a pesquisa aponta para uma falta de diálogo entre essas áreas, representando um nicho a ser explorado, uma vez que a porcentagem de cursos que abordaram essas discussões ainda é muito pequena em relação ao total de cursos de licenciatura oferecidos por essa rede de ensino. Os dados mostraram que a presença de estudos em neurociência nos cursos de licenciatura nos IFs ainda é limitada.

Desenvolvida sob o âmbito da História da Educação, esta dissertação busca compreender o processo de escolarização do trabalhador rural em Minas Gerais, a partir da produção histórica do Instituto Fazenda do Rosário, localizado na cidade de Ibirité, MG, no período de 1947 a 1972, de modo a produzir o conhecimento histórico sobre o processo de escolarização dos trabalhadores do contexto analisado. Para tanto, buscamos mapear as fontes que abordam a temática do processo de escolarização do trabalhador rural na Fazenda do Rosário e analisar as informações e dados referentes às atividades desenvolvidas no Instituto, as quais tinham como objetivo a escolarização do trabalhador rural. Tomando como recorte temporal as motivações da pesquisadora e educadora Helena Antipoff para a organização do ensino rural na Fazenda do Rosário.  Lançamos mão de publicações da imprensa regular do século XX, que abordaram a repercussão da Lei Orgânica do Ensino Agrícola de 1946 em Minas Gerais. Como fonte principal, utilizamos o volume IV da "Coletânea das Obras Escritas de Helena Antipoff", que se dedica à Educação Rural na Fazenda do Rosário em Minas Gerais. Esse volume específico trata do trabalho como fundamento da educação e da formação dos professores. Entre as considerações finais, vimos que visão de Helena Antipoff enfatiza a importância da interação entre a escola, a comunidade e a sociedade, sendo uma de suas características primordiais a criação de oportunidades para que os alunos se envolvam em questões sociais, culturais e ambientais. Tal abordagem resulta em uma cultura escolar que fomenta o desenvolvimento de habilidades essenciais para o exercício da cidadania por meio do trabalho. No entanto, alguns autores indicam que a perspectiva de Antipoff também pode ser interpretada como pertencente a um modelo de formação técnicista, cujo objetivo é atender às exigências do mercado de trabalho. Essa perspectiva, apesar de sua influência na época, é questionável em uma sociedade democrática e pluralista. Consideramos que a proposta educacional desenvolvida por Helena Antipoff por um lado, busca apoiar o desenvolvimento integral dos alunos, considerando suas necessidades individuais e promovendo um ambiente inclusivo de aprendizado. Por outro lado, também busca implementar um modelo institucional capaz de preparar os estudantes para o mercado de trabalho, envolvendo-os em força produtiva.

A Formação do Ethos de Polícia Ostensiva: Estudo sob o olhar da ciência da Linguagem, explora o arcabouço Doutrinário de Emprego Operacional (DEO), corpus da pesquisa, confeccionado pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e utilizado pelo Centro de Treinamento Policial (CTP) nos processos formativos da educação profissional dos policiais militares. O objetivo da pesquisa é identificar a verbalização policial, o primeiro nível do Uso Diferenciado da Força (UDF) que permeia toda a gradação da força empregada pela polícia, como elemento da interdiscursividade persuasiva do policial. Utiliza-se o conceito de interdiscurso aplicado à análise do discurso de Patrick Charaudeau e de Dominique Maingueneau, autores da Escola Francesa de Análise do Discurso. Conforme relatos desses autores, a presença dos diferentes discursos, nos diferentes momentos na história e nos diferentes lugares sociais, entrelaça-se no interior de uma formação discursiva dos policiais ostensivos de Minas Gerais. Por esse motivo, optou-se em realizar uma pesquisa documental, cujo corpus material compõem-se das Diretrizes e dos Manuais Técnico-Profissionais, formando-se, assim, o conjunto doutrinário de emprego operacional da Polícia Ostensiva. Os resultados da pesquisa, sob o crivo da Análise do Discurso, apontam a presença da verbalização policial como elemento interdiscursivo e marca linguística no corpus documental, principalmente na categoria dos Manuais Técnico-Profissionais, com 87,5% de registros. A produção do arcabouço doutrinário ocorreu entre os anos 2009 e 2022, evidenciando o conceito de Educação de Polícia Militar (EPM) como “um processo contínuo, cuja essência é específica e profissionalizante, desenvolvido por meio do ensino, do treinamento, da pesquisa e da extensão.”

Esta dissertação é sobre projetos de vida e visões de mundo de estudantes de classe média e oriundos de escolas privadas que cursaram a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM), nos anos de 2017 a 2019, modalidade integrada, no CEFET-MG. Para tanto, fez-se uma vinculação ao trabalho de Simões (2019), que desenvolveu pesquisa semelhante, mas voltada a alunos que estudaram em escolas públicas e que foram beneficiados pela Lei de Cotas. A presente pesquisa teve como objetivo compreender, a partir das narrativas desses jovens, a experiência vivida por eles no ambiente da EPTNM da Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica (RFEPCT), além de entender como esse ambiente afetou suas visões de mundo e seus projetos de vida. Nesse sentido, realizou-se um estudo de natureza qualitativa por meio de entrevistas semiestruturadas com seis estudantes do CEFET, com faixa etária entre 20 e 21 anos. Quanto à base teórica que fundamentou esta investigação, destacam-se os estudos de Simões (2019) e Velho (1999) acerca de projetos de vida e de visão de mundo. Dessa forma, identificaram-se os projetos e as visões de mundo dos alunos, bem como a maneira com que estes o enxergam. Com o desenvolvimento deste estudo, constatou-se que as experiências na EPTNM, na RFEPCT, são extensas, intensas e integram múltiplas vivências e convivências, capazes de despertar mudanças no horizonte, na autonomia e na maturidade dos sujeitos. Tais mudanças permitiram ampliar, expandir, repensar e refazer os modos de ver, viver e agir dos jovens no mundo. Destaca-se entre essas mudanças relatadas o interesse dos estudantes por temas relacionados à política e à sociedade. Embora façam parte de realidades socioeconômicas privilegiadas, os jovens de classe média revelaram inquietude em relação à condição de pobreza de parte da sociedade, ou seja, é notório como o ensino oferecido no CEFET-MG contribuiu para a formação de uma consciência crítica de seus alunos.

Quem policia os policiais, e, quem forma os formadores são duas questões ainda em debate, cujas respostas orbitam em torno do cerne da pesquisa transcorrida, que buscou entender como são formados os policiais professores. A pesquisa originou-se a partir de discussões acerca da situação do policial militar, que não se formou para a profissão professor, mas atua como docente na formação de novos policiais. Os estudos sobre o tema, Formação de Policiais Militares Professores para Educação Profissional e Tecnológica na Polícia Militar de Minas Gerais, tiveram como motivação inicial a necessidade de produção de conhecimento científico e sua respectiva aplicação. Os apontamentos somente foram possíveis devido a uma estratégia metodológica bem delineada, e que comportou o desenvolvimento da pesquisa em três frentes distintas (pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e pesquisa de levantamento). O questionário, constituído de doze perguntas, foi respondido por 355 professores, admitindo-se inferências até então nunca antes procedidas. Assim, por meio da compreensão dos processos formativos dos policiais militares professores que atuam nos cursos de formação na Polícia Militar de Minas Gerais, os trabalhos científicos permitiram definir a trajetória profissional destes docentes. A partir de tal concepção foi possível determinar o perfil do professorado policial militar em relação aos saberes experienciais, aos saberes disciplinares e saberes curriculares, e aos saberes da formação profissional. Os resultados constituem importante ponto de inflexão que permitirá, a partir de então, a constituição de novos itinerários formativos por parte da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais.

A capacitação profissional é fundamental para que os policiais desempenhem trabalho de qualidade e alcancem melhores resultados em suas áreas de atuação. Considerando as demandas da sociedade e a necessidade dos policiais se atualizarem constantemente, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), por meio da Academia de Polícia Civil de Minas Gerais (Acadepol-MG), oferece, desde 2017, cursos na modalidade Educação a Distância (EaD). Acredita-se que a EaD é uma ótima opção para quem tem restrições de tempo, distância ou prefere um estudo flexível, pois permite o aprimoramento profissional de forma conveniente e sem comprometer as atividades pessoais e profissionais, além de ampliar o acesso à qualificação. Diante disso, considerando que a capacitação profissional deve ser contínua, permanente e focada na boa qualidade da formação, esta pesquisa teve como objetivo geral analisar como tem ocorrido o processo de capacitação na EaD da Acadepol-MG, sob a perspectiva das percepções que os policiais civis têm ao participarem de um curso nesta modalidade de educação na instituição. No Referencial Teórico, foram abordadas: a Educação Profissional e Tecnológica, a EaD, a importância da EaD para capacitar e qualificar os servidores da PCMG, e a EaD ofertada pela Acadepol-MG. Foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo descritiva. Quanto ao procedimento técnico, adotou-se um estudo de caso. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um questionário. A pesquisa foi dividida em duas etapas: a primeira compreendeu em descrever as características do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e como é realizado o processo de capacitação a distância na Acadepol-MG, por meio de uma observação online não participativa do AVA e do curso escolhido; a segunda etapa compreendeu a identificação do perfil dos alunos; apresentação dos aspectos facilitadores e motivadores, assim como das dificuldades encontradas; apontamento dos aprendizados obtidos e verificação das avaliações do curso e tutores. Para isso, foi realizada a análise do cadastro dos alunos na plataforma EaD e dos questionários online. Esta dissertação de mestrado trouxe pesquisas e contribuições inovadoras na área de EaD da Acadepol-MG. Com base nos estudos realizados e nas percepções dos policiais civis que participaram da pesquisa, constatou-se que o processo de capacitação tem sido visto como uma oportunidade de atualização contínua e de qualidade, permitindo o acesso a conhecimentos relevantes para o aperfeiçoamento de práticas profissionais. Verificou-se, contudo, haver a necessidade de melhorias técnicas e pedagógicas nos cursos ofertados, visando a aprimorar ainda mais a experiência educacional. Os resultados encontrados permitiram concluir ser evidente que a capacitação profissional na EaD é um recurso indispensável para a modernização e o aprimoramento das práticas policiais. Por conseguinte, a EaD gera atuação mais eficiente e eficaz no combate à criminalidade e na promoção da segurança pública.

Com as mudanças ocorridas no mundo, a educação precisa atender às novas demandas surgidas na sociedade. Entre tais demandas está a necessidade da formação mais completa dos profissionais de engenharia em relação às habilidades transversais, sendo fundamental a promoção da formação integral desses profissionais com o desenvolvimento de estratégias de aprendizagens significativas. Nesse contexto, surgiram as EdTechs (educação e tecnologia), startups focadas no desenvolvimento de soluções tecnológicas para educação, como novo modelo de aprendizagem e como alternativa para preencher uma possível lacuna deixada pelo Ensino Superior. Esta dissertação analisou as competências que o mercado de trabalho tem exigido dos profissionais de engenharia e como as EdTechs contribuíram para a formação dos engenheiros diante desse cenário. Foi realizada uma abordagem qualitativa através da aplicação de questionário estruturado e entrevistas semiestruturadas junto a 15 engenheiros de forma a aprofundar no entendimento dos mesmos sobre o desenvolvimento de competências do engenheiro, como essas formações complementares contribuíram para seu desenvolvimento profissional e qual o papel das EdTechs nesse cenário. Para análise e interpretação dos dados foi utilizada a análise de conteúdo. Os resultados apontaram a mudança de paradigma nas competências exigidas dos engenheiros, com ênfase crescente nas habilidades não técnicas. Os profissionais que buscam se destacar e prosperar no mercado de engenharia devem reconhecer a importância de desenvolver essas competências comportamentais e aplicá-las em conjunto com seu conhecimento técnico. Além disso, foi possível verificar que a formação em engenharia ainda tem um longo caminho a percorrer para se alinhar totalmente com as necessidades do mercado, sendo necessária a revisão de currículos que incluam uma ênfase significativa no desenvolvimento de competências não técnicas. Por fim, notou-se que a definição de EdTechs não se limitou apenas a empresas de tecnologia educacional, mas também a órgãos reguladores, conselhos profissionais e associações que oferecem oportunidades de aprendizado contínuo, identificando-se a forma como os profissionais de engenharia reconheceram a importância da aprendizagem contínua para se manterem atualizados e preencherem as lacunas deixadas pela formação acadêmica.

Esta pesquisa teve como objetivo investigar as dificuldades de aprendizagem dos estudantes em lógica de programação e como planejam o ensino para a compreensão, na percepção de professores que lecionam a disciplina de Algoritmos e Lógica de Programação (ALP). Este trabalho se insere na linha de pesquisa IV, que tem como eixo temático as Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais, do Curso de Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG. A metodologia adotada nesta pesquisa caracteriza-se por uma abordagem qualitativa, de natureza exploratória de cunho bibliográfico à luz de teóricos como Wiggins e McTigue (2019), Libâneo (2003, 2013), Dewey (2010), Papert (2007), Perrenoud (1993, 2003), Valente (1998), Zabala (1998), Bloom Hastings e Madaus (1983), Copy (1978) e Piaget (1976). O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário semiestruturado aplicado de forma online em de abril de 2023 e contou com a participação de 17 professores que lecionam a disciplina de ALP nos cursos de Computação e Engenharia de três unidades de ensino superior de uma rede privada localizadas nas cidades de Belo Horizonte-MG, Betim-MG e Divinópolis-MG. Os resultados sinalizam que os participantes da pesquisa percebem que muitos estudantes enfrentam desafios significativos relacionados ao pensamento lógico e à compreensão em relação à sintaxe e semântica das estruturas de programação. Eles acreditam que essas dificuldades têm origem na falta de estímulo precoce para o desenvolvimento do pensamento lógico, à base deficiente em raciocínio lógico e o impacto negativo das tecnologias digitais, que muitas vezes torna mais cômodo buscar respostas prontas do que desenvolver soluções. Os participantes enfatizam a importância de simplificar a apresentação do conteúdo da disciplina e propor  aplicação prática do conteúdo por meio de resolução de problemas reais a fim de ajudar os estudantes a superar essas dificuldades. Concluímos que uma característica marcante do planejamento do ensino para a compreensão é a ênfase na prática e na aplicação do conhecimento e que os participantes desta pesquisa reconhecem a importância de aplicabilidade do conteúdo da disciplina com situações reais e problemas cotidianos, conforme preconiza as diretrizes estabelecidas pelo Parecer CNE/CEB de 2 de fevereiro de 2022 que enfatiza a importância do desenvolvimento do pensamento computacional e a construção de algoritmos para resolver problemas do cotidiano. Que embora seja perceptível que os participantes não conheçam a teoria das seis facetas para o planejamento do ensino para a compreensão, muitos utilizam de forma intrínseca, se deparando com os desafios da diversidade de perfis dos estudantes e fatores externos, como, por exemplo, a metodologia de sala de aula invertida proposta pela instituição.

A presente dissertação é fruto de uma pesquisa de mestrado em Educação Tecnológica, conduzida no campo de estudos sobre o Ensino de Ciências fundamentado em modelagem e a Educação inclusiva na temática da deficiência visual, no contexto de uma linha de pesquisa sobre Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais. O seu objeto de investigação são as implicações pedagógicas da utilização de um recurso didático inclusivo, denominado Bricks Braille Químico, no ensino de Química a estudantes com deficiência visual. Nesse contexto, essa pesquisa foi orientada a partir das seguintes questões: i) quais tipos de recursos didáticos têm sido empregados para o ensino da Grafia Química Braille a estudantes com deficiência visual?; ii) quais são as implicações pedagógicas para as práticas educativas de professores de Ciências da Natureza frente à recursos didáticos inclusivos, produzidos em um espaço maker, para o ensino de Química a estudantes com deficiência visual?; iii) quais as contribuições que a Cultura Maker pode oferecer aos processos de produção de recursos didáticos inclusivos?; iv) como dar acesso às inscrições gráficas em Química a estudantes com deficiência visual? A pesquisa foi fundamentada na Teoria da Experiência da Ação Mediada de Reuven Feuerstein, na Teoria da Ação Mediada de James Wertsch, nos conceitos de modelos e modelagem de John Gilbert e Rosária Justi e na concepção de modelos enquanto artefatos epistêmicos de Tarja Knnuttila. O recurso denominado Bricks Braille Químico (BBQ) contém diferentes inscrições químicas para montagem de fórmulas e equações segundo o Manual da Grafia Química Braille para uso no Brasil. O percurso metodológico deste trabalho desdobrou-se na modelagem desse recurso didático via prototipagem digital e impressão 3D, por meio de softwares de modelagem e equipamentos de impressão tridimensional disponíveis no Lab Maker do CEFET-MG. A pesquisa envolveu quatro grupos de participantes: professores de Ciências/Química experientes em Braille, professores de Química não familiarizados com Braille, estudantes com deficiência visual (cegueira) e um professor cego. Os resultados da investigação permitiram analisar implicações pedagógicas sobre o uso do BBQ no ensino de Química e avaliar o seu potencial para a superação de barreiras de aprendizagem enfrentadas por estudantes com deficiência visual na educação científica e tecnológica. Concluímos que o recurso didático produzido por meio das tecnologias de prototipagem digital e impressão tridimensional pode oferecer a professores de Química caminhos alternativos para um ensino mais inclusivo por meio da acessibilidade de diferentes representações químicas a estudantes com deficiência visual.

No contexto do ensino remoto, o objetivo geral da nossa pesquisa, consistiu em analisar práticas de ensino fundamentadas em modelagem, mediadas por ferramentas digitais. Especificamente, pretendíamos analisar sequências didáticas planejadas e conduzidas por professores de Física da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM), ocorridas durante o período do ensino remoto emergencial, com foco em práticas de ensino nas quais houve o uso ou construção de modelos, entendidos como representações parciais de entidades de interesse científico-escolar, associados ao emprego de recursos tecnológicos da informação e da comunicação, a fim de compreender os processos de construção e compartilhamento de significados mediados pela integração desses recursos. Para atingir esse objetivo traçamos três etapas de trabalho: (1ª) Trazer a luz as tecnologias  educacionais disponíveis até a iminência da pandemia da COVID-19 por meio de uma revisão na literatura; (2ª) Identificar episódios de ensino nos quais o nosso participante de pesquisa modelou entidades de interesse científico mediada por de ferramentas digitais, o que foi possível através de uma observação não participante; (3ª)  Descrever e analisar esses episódios de ensino orientados pela Teoria da Ação Mediada. Em síntese, a nossa análise evidenciou que as ações de ensino do participante da pesquisa foram moldadas por fatores do histórico momento pandêmico, por orientações da instituição de ensino na qual ocorreu a observação das aulas e pelas ferramentas disponibilizadas pela cultura digital, revelando diferentes estratégias de ensino, adoção de novas ferramentas de trabalho e o abandono de outras. Além disso, as tecnologias digitais empregadas em ações de modelagem de entidades de interesse do Ensino de Física possibilitaram o ensino por um lado, mas apresentaram limitações por outro e diante disso, o nosso participante de pesquisa, recorre ao uso coordenado com outras tecnologias.

Este trabalho teve por objetivo entender como a infografia tem sido utilizada para explicar as teorias dos Modelos Atômicos em livros didáticos de química e ciências da natureza e suas tecnologias do primeiro ano do ensino médio aprovados para os PNLD 2018 e 2021, em particular os adotados pelo CEFET-MG. Esta pesquisa se relaciona à Linha IV - Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais do mestrado em educação tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, por se tratar de uma investigação sobre uma estratégia de ensino voltada para materiais multimodais em materiais didáticos, particularmente em livros didáticos, que pode potencializar métodos enunciados em teorias da psicologia cognitiva A metodologia partiu de uma pesquisa básica e bibliográfica, o tipo de abordagem utilizado foi o qualitativo. Para desenvolver a proposta dessa investigação, fizemos a leitura integral dos capítulos e seções principais que possuíam o tema das teorias dos Modelos Atômicos nos livros didáticos de química e ciências da natureza e suas tecnologias do primeiro ano do ensino médio aprovados para os PNLD 2018 e 2021, levantamos, categorizamos e tabulamos os dados e os analisamos baseado nos princípios da multimodalidade, infografia e teorias cognitivas relacionados ao ensino e construção de materiais didáticos, em especial seis dos 12 princípios para construção de materiais multimídia propostos por Mayer (2009). Após as análises, percebemos que houve uma diminuição da quantidade de infográficos nos livros do PNLD 2018 para os do 2021, se alterando de 41 para 28. Constatamos também que dentre os seis princípios propostos por Mayer (2009) analisados neste trabalho, os mais presentes foram os princípios da Representação Multimídia, Proximidade Espacial dentro do infográfico, Sinalização e Redundância e os menos presentes foram os princípios da Proximidade Espacial texto/infográfico, Coerência e Personalização. Com relação aos livros didáticos escolhidos pelas nove unidades do CEFET-MG, encontramos que para o PNLD 2018 foram selecionados cinco dos seis livros disponíveis, para o PNLD 2021 foi selecionado um dos sete livros disponíveis. Quatro unidades do CEFET-MG optaram por não adotar nenhum dos livros de ciências da natureza e suas tecnologias do PNLD 2021, por apresentarem uma proposta que não se adapta ao projeto pedagógico do curso. Fundamentado nos resultados obtidos, entendemos que o arranjo próximo do texto e dos infográficos nas páginas dos livros, o emprego de um conteúdo conciso e o uso de uma linguagem personalizada ao estudante são pontos de atenção no desenvolvimento desses infográficos.

Os cursos de graduação em pedagogia na modalidade a distância têm foco nos princípios e métodos de ensino, com o objetivo de preparar pessoas capazes de compreenderem e atuarem como instrumento de transformação social, promovendo uma educação de qualidade, trazendo novas exigências no que se concerne ao papel do aluno nesta modalidade, diante do impacto das tecnologias e dos novos paradigmas educacionais. A literatura apresenta várias dificuldades relacionadas à Educação a Distância (EaD), dentre as quais dificuldades relacionadas com a autonomia dos alunos na utilização dos recursos tecnológicos, que são necessários para estudo e acompanhamento das aulas, refletindo significativamente na aprendizagem do aluno, faz-se necessária uma análise das interações e levantamento de dados das concepções do desenvolvimento da autonomia trazidas pelos alunos em ambiente virtual de ensino e aprendizagem, bem como o papel do mediador no desenvolvimento da autonomia e da aprendizagem ativa dos integrantes no processo de ensino aprendizagem. Dessa forma, o tema desta Dissertação decorre do lugar da autonomia no processo de ensino e aprendizagem na educação a distância. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo investigar se os alunos que estão fazendo um curso de graduação em Pedagogia em uma universidade pública de Minas Gerais na modalidade a distância, apresentam habilidades que os identificam autônomos. Para tal, foi realizada uma pesquisa com abordagem qualitativa e, de acordo com o objetivo traçado o tipo de pesquisa foi a descritiva. Quanto ao procedimento técnico foi feito um estudo de caso na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). A pesquisa foi realizada em seis etapas: na primeira etapa, sucedeu o levantamento das habilidades dos alunos para qual a EaD foi desenhada a partir do conceito de Belloni (2008). Na segunda etapa fez-se a identificação das habilidades dos alunos do curso investigado no que se refere a estudar a distância e comparação dessas habilidades com as levantadas na primeira etapa desta pesquisa, através da aplicação de um questionário online, onde foram coletadas informações para verificar como acontece a construção do conhecimento do aluno nas interações entre os ambientes que os envolve e as relações que estabelecem entre os diversos sujeitos do processo educacional, no caso da EaD, as relações entre aluno-professor, aluno-aluno e seu acesso e domínio com as ferramentas digitais na plataforma de ensino definidos por Belloni (2008). Na terceira etapa, verificou as condições internas e externas que podem ajudar o aluno a adquirir a autonomia. Na quarta etapa, verificou as relações dos fatos: aprendizagem ativa e o aprimoramento da autonomia e, aprendizagem individualizada e o aprimoramento da autonomia. Na quinta etapa, buscou identificar se no AVA utilizado na universidade, locus desta pesquisa, as práticas pedagógicas favoreciam a aprendizagem ativa e a aprendizagem individualizada. Para isso, foi solicitada a permissão ao Coordenador Geral do curso para realizar uma observação online não participativa das dinâmicas de interação dos alunos e postagens realizadas no ambiente virtual de aprendizagem Moodle. Na sexta e última etapa, buscou analisar as práticas identificadas na quinta etapa para indicar se essas práticas tem ajudado os alunos a adquirirem autonomia nos seus estudos. A pesquisa permitiu, portanto, identificar e analisar os aspectos teóricos e práticos do lugar da autonomia no processo de ensino e aprendizagem na educação a distância. Os resultados encontrados permitiram concluir que apesar dos alunos apresentarem habilidades que os identificam autônomos, ainda há muito a se fazer em relação as práticas pedagógicas para garantir o desenvolvimento das habilidades dos alunos de curso de graduação em pedagogia a distância na UEMG, mas verifica-se a necessidade de capacitação docente para elaboração de metodologias assertivas referentes ao curso a distância e uso dos recursos digitais

Este estudo tem por objetivo analisar a formação dos egressos de cursos técnicos de nível médio de Minas Gerais, bem como a inserção desses egressos no mercado de trabalho. Desse modo, buscou-se investigar a formação, por meio da análise das diretrizes gerais dos currículos de formação técnica de nível médio e do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT), e iden­tificar as competências as quais devem ser adquiridas na formação necessárias para a atuação e para o desenvolvimento profissional no mercado brasileiro de profissões. Esta dissertação se constitui por uma revisão bibliográfica geral acerca da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM) e por uma pesquisa de campo, a qual se realizou por meio de um questionário eletrônico semiestruturado, respondido por 20 participantes, e por meio de entrevista por vide­ochamada, respondida por oito participantes. O recorte temporal abrangeu egressos cujo ano de formação se deu entre 2015 e 2019. Para o tratamento e a interpretação dos dados obtidos, recorreu-se à análise de conteúdo e utilizou-se de uma abordagem qualitativa. Justifica-se que a necessidade de um estudo como este surge das exigências do mercado de trabalho nos dias atuais, assim, procurou-se discutir sobre questões relacionadas à formação e à inserção no mer­cado de trabalho dos egressos técnicos de nível médio, sobre meios possíveis para melhorar o acesso dos jovens ao mercado de trabalho e também sobre uma concepção de formação profis­sional emancipatória e crítica, a qual deve ser capaz de despertar, provocar e possibilitar trajetos de inserção no mundo do trabalho e de inserção social, em um sentido amplo, de tais egressos técnicos mineiros.

Essa dissertação teve o objetivo de apresentar um panorama da história da tecnologia. Fazendo um traçado histórico alienar, revelamos termos que foram historicamente associados à tecnologia, como: téchnē, técnica, ars, artes, artes mecânicas, ciência aplicada. Percebemos com os historiadores da tecnologia, que a história da tecnologia possui um vínculo indissociável com a história do conceito tecnologia. Conceitos dizem respeito a um lugar social no qual foram produzidos e cada termo associado à tecnologia foi utilizado pensando nessa demarcação de espaços, sejam eles profissionais, sociais etc. Nesse sentido, buscamos nos textos introdutórios da Filosofia da Tecnologia entender qual a relevância de se utilizar a história do conceito tecnologia para as discussões de um campo de estudo que é considerado recente pelos estudiosos do tema. É importante salientar também que a Educação Tecnológica contempla a linha de pesquisa a que esse trabalho pertence. Logo é importante frisar que uma discussão que considere a história do conceito tecnologia serve como recurso valioso para pensarmos em o que estamos chamando de tecnológico dentro de uma Educação Tecnológica.

O cenário político, social e econômico mundial tem permitido que a Educação, desde sua formação básica até o ensino superior, seja atravessada por redes de poder-saber que visam conduzir condutas que favorecem a expansão de um sujeito “empresário de si”, com um claro viés neoliberal. No Brasil, algumas propostas sobre a formação docente a partir da promulgação da BNCC, no ano de 2017, com viés neoliberal, têm conduzido a Educação para a reprodução de sujeitos constituídos por competências esperadas pelo mercado de trabalho. Diante do exposto, esta pesquisa, inserida na Linha de pesquisa III: Processos formativos na Educação Profissional e Tecnológica do Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), de cunho qualitativo, tem por objetivo geral compreender o contexto social e histórico da formação docente no Brasil e problematizar a subjetividade docente. Para tanto, tomamos como objeto de análise os documentos legais que tratam da formação docente inicial e continuada, especificamente: a BNCC, a resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2020 e a resolução CNE/CP nº 1, de 27 de outubro de 2020, respectivamente. Nosso objetivo específico é rastrear, na materialidade linguística dos documentos legais escolhidos, a presença da racionalidade neoliberal, com ênfase na identificação de propostas salvacionistas da educação. A fundamentação teórico-metodológica deste trabalho é a Análise de Discurso que trabalha com as ferramentas conceituais foucaultianas. Com base nos estudos teóricos e análises empreendidos, procurou-se salientar, partindo da materialidade linguística dos referidos documentos, como as práticas governamentais atuam no saber e na (des)construção da subjetividade dos sujeitos (docentes), evidenciando que o neoliberalismo conduz a educação como veículo de (re)produção de sujeitos adaptáveis e autogovernáveis, os sujeitos dos quais a sociedade atual precisa.  Ademais, apontou-se a possibilidade de resistência docente por meio da problematização dos discursos vigentes e pelo cuidado de si e do outro na/para a Educação.

Esta pesquisa teve como objetivo compreender a dinâmica da Divisão Sexual do Trabalho no setor de turismo a partir das carreiras de sujeitos homens e mulheres atuantes no agenciamento de viagem, problematizando as vivências, as desigualdades e as estratégias de resistência e enfrentamento. Optou-se por uma abordagem qualitativa nesta pesquisa científica categorizada de forma exploratória e crítica como tipo de pesquisa. Dividida em dois momentos, adota-se na primeiramente a realização da revisão da literatura sobre as temáticas analisadas, a pesquisa documental para se aproximar do lócus de pesquisa e a pesquisa teórica que foi triangulada para avançar as análises da educação tecnológica como campo do saber e, na sequência, adota-se a realização da pesquisa empírica sob uma perspectiva etnossociológica. Para coleta de dados, foi utilizado na primeira etapa um questionário online e, na segunda etapa, uma entrevista semiestruturada. Apresenta-se nos resultados da primeira seção uma revisão da literatura com as teorias da Divisão Sexual do Trabalho de base materialista, de gênese francófona, associada às teorias de carreira, as discussões da educação tecnológica e do mundo do trabalho no turismo. Finalizando a primeira seção é realizado a delimitação do agenciamento de viagem como lócus de pesquisa, os sujeitos de pesquisa são definidos no âmbito operacional pelos guias de turismo, no âmbito administrativo pelos agentes de viagens e no âmbito gerencial pelos gestores de empresas de agenciamento de viagens, assim como, as categorias de análise das carreiras. Na segunda seção, a análise é realizada de forma comparativa entre homens e mulheres sendo os apontamentos agrupados em categorias, a saber: formação desigual dos/as trabalhadores/as no agenciamento de viagem; formação em diálogo com o trabalho no agenciamento de viagens: uma formação integral dos sujeitos? perspectivas de formação futura: construção de um projeto de carreira; materialização das relações de trabalho: da escolha à permanência no turismo; materialização do exercício profissional: vivências, experiências e rotinas de trabalho no turismo; dinâmica da divisão sexual do trabalho: o que precisa mudar? Constata-se que ao evidenciar os processos formativos em educação tecnológica dentro de uma mesma área de atuação conseguimos perceber as desigualdades entre os sexos, quanto as relações de trabalho foi percebido que na escolha e inserção profissional existe uma desigualdade perante o tipo de formação e o sexo, no exercício profissional constatou-se que no dia a dia das mulheres trabalhadoras possui desafios superiores aos dos homens e na vida cotidiana as mulheres apresentam uma responsabilidade quantitativamente maior com relação ao cuidado da casa, dos filhos e dos familiares que impacta as suas carreiras.

A dissertação realça algumas discussões feministas que entrelaçam a temática das mulheres, gênero e tecnologia. Com um olhar atento às publicações de introdução à Filosofia da Tecnologia, constata-se que a literatura desse subcampo da Filosofia ainda não apresenta de maneira considerável questões sobre a tecnologia, a partir de uma perspectiva de gênero ou feminista. Nesse sentido, alicerçada em uma revisão bibliográfica, esta pesquisa apresenta um histórico dos desenvolvimentos iniciais e das institucionalizações dos debates feministas sobre tecnologia, entre as décadas de 1970 e 1990. No decorrer desse período, que abriga a segunda onda do feminismo, averigua-se que os estudos feministas da tecnologia são compostos pela existência e coexistência de temáticas diversas. A partir de uma visão que parte da análise de artefatos técnicos, destacam-se as investigações acerca das tecnologias dos locais de trabalho das mulheres (década de 1970), tecnologias reprodutivas (década de 1980) e coprodução de gênero e tecnologia (década de 1990). Paralelamente, outros movimentos e estudos que partem das normas e valores científicos e tecnológicos também foram desenvolvidos. Essa abordagem é constituída pelo ecofeminismo (década de 1970), críticas à metodologia e epistemologia científicas (década de 1980) e masculinidade e tecnologia (década de 1990). Essa pluralidade de discussões é encontrada, sobretudo, em publicações feministas de periódicos e antologias de textos e indica a constituição de uma Filosofia Feminista da Tecnologia. Ainda pouco tratados no Brasil, a pluralidade de debates indica que a área representa uma combinação de Filosofia da Tecnologia, Filosofia da Ciência e Filosofia Feminista.

Essa dissertação objetivou compreender as relações sociais de sexo e seus mecanismos de segregação e exclusão das mulheres na área da área da Tecnologia da Informação (TI), a partir de dramáticas do uso do corpo-si de mulheres que trabalham nesse setor terciário da economia. O estudo segue um viés teórico-metodológico do feminismo materialista de origem francófona e da ergologia, com o uso das narrativas de vida como recurso principal dessa pesquisa de caráter qualitativo, estruturada pela Linha 2 Processos formativos em Educação Tecnológica (PPGET/CEFET-MG). Para tanto, procurou-se compreender o trabalho pelo ponto de vista da atividade humana situada, por meio do estudo de caso de duas mulheres da área da TI. A investigação permitiu a reflexão sobre os essencialismos inerentes às diferenças biológicas que falaciosamente hierarquizam socialmente mulheres e homens em favor desses últimos, a falta de reconhecimento da qualificação técnica do trabalho realizado por elas, além de apresentar dinâmicas cotidianas realizadas no campo de trabalho enquanto ações de enfrentamento a objetificação de seus corpos e propriedades intelectuais.

RESUMO

O presente trabalho teve por objeto de estudo o processo de construção e mobilização de conhecimentos e saberes inerentes ao exercício da docência em uma instituição de ensino militar. Foi adotado como lócus da pesquisa de campo a Academia de Bombeiro Militar de Minas Gerais e, como sujeitos, foram selecionados 17 docentes das disciplinas práticas de salvamento terrestre, salvamento aquático, salvamento em altura e combate a incêndio urbano; além de 34 discentes do ano de 2020. Os sujeitos docentes desta pesquisa não exercem a função docente com dedicação exclusiva, sendo que muitos deles ainda trabalham em jornada de trabalho na atividade fim da instituição. O referencial teórico alicerçou-se a partir das descrições de Shulman (1987; 2004; 2005; 2007) quanto ao conhecimento pedagógico de conteúdo, Tardif (2010; 2014) e Pimenta (2000; 2009) em relação aos saberes atrelados à função docente. Utilizou-se ainda as concepções de Libâneo (2007) para melhor entender quanto aos aspectos da pedagogia e o papel do processor. O caminho metodológico enveredou-se na análise de documentos normativos, como o Projeto Político Pedagógico do Curso, plano de disciplinas das matérias apontadas, bem como na coleta de dados a partir de questionários semiestruturados aplicados a todos os sujeitos e entrevista aberta ao corpo docente titular das disciplinas. A análise dos dados quantitativos foi realizada no programa SPSS, enquanto que, para os dados qualitativos, foi adotada a análise de conteúdo. Os resultados evidenciaram que os instrutores (docentes) lecionam por possuírem curso técnico na área específica, embora não possuam qualquer formação pedagógica (64,7%) e apresentam, em sua maioria, a graduação como nível máximo de escolaridade (70,6%). Os dados apontam, ainda, que muitos aprendem a ser professor durante o exercício da prática docente, sendo que as experiências vividas no ambiente de trabalho prático (operacional) são levadas e vivenciadas em sala de aula, influenciando diretamente o processo de ensinar. Pode-se concluir que os processos que envolvem ensino e aprendizagem sofrem interferências pela construção do ser docente e influenciam diretamente a formação do profissional Bombeiro.

As startups, empreendimentos iniciantes de inovação, são ao mesmo tempo produto e agente de transformação social. Seu modo de operação e organização laboral influencia o trabalho na sociedade. Como catalisadoras de inovação, elas necessitam de novas formas de organização do trabalho. Em amplo crescimento e consolidação, as startups são um novo campo de atuação de engenheiros(as). Objetiva-se analisar a atuação do(a) engenheiro(a)em startups sob as perspectivas da competência e formação profissional. Para tanto, foram ouvidos onze engenheiros(as) atuantes em startups, de diferentes áreas de formação e de diferentes empreendimentos. Foram realizadas entrevistas semi estruturadas, transcrição, análise e interpretação dos dados. Constatou-se que, no modo de organização do trabalho em startups, há flexibilidade de tempos e espaços e centralidade do evento, da comunicação e de serviços. Ressalta-se, ainda, um exercício constante de autonomia e responsabilidade, tanto no que concerne a atribuição das tarefas, quanto no modo de execução destas. A comunicação é frequentemente mediada por redes sociais, o que permite a flexibilização de tempos e lugares, mas quando pautada unicamente nesse meio, sem reuniões presenciais, gera desencontros. O entendimento das relações de serviço, independentemente do tipo de inovação que se produz, é o cerne do funcionamento das startups. A centralidade do cliente se percebe desde o desenvolvimento da inovação até o contato direto. Os participantes indicaram raciocínio lógico e facilidade de aprender, competências de fundo desenvolvidas na formação em engenharia, importantes para atuação e apontaram uma visão muito voltada para a indústria, bem como uma carência de conteúdos na área de administração e empreendedorismo como lacunas na formação. Não há uma crítica aprofundada dos participantes em relação aos impactos ambientais e sociais da inovação do negócio. O principal ponto de entrave ao desenvolvimento do negócio é o tempo de dedicação dos participantes à startup. Todos sentem insegurança quanto ao destino incerto do negócio e, sem renda, a maioria dos entrevistados não se dedica exclusivamente ao empreendimento. Tudo isto permite concluir que a organização do trabalho em startups é uma coroação do modelo de competência francês, reforçando sua importância frente à modernização na formação em engenharia, bem como a importância de discussões acerca da ciência, tecnologia e sociedade em profissionais geradores de inovação.

Nessa dissertação relata-se a análise do discurso político sobre a criança e o adolescente, problematizando as representações de delinquência e vadiagem, demarcadas a partir dos discursos jurídicos da criminologia e da Nova Escola Penal. Também, põe em evidência a construção da ideia de educação, escola e formação para o trabalho como fatores de desvio da vadiagem, delinquência e marginalização da referida população, no Brasil e em Minas Gerais, entre as décadas de 1890 a 1927. Com esse intuito, para leitura das fontes, lançou-se mão dos recursos teórico-metodológicos das Histórias Política, Cultural e Social, mediados pela Análise do Discurso e pela História da Educação, notadamente a partir das proposições de Serge Berstein sobre a noção de Cultura Política e vetor; de Roger Chartier sobre a noção de representação e de Patrick Charaudeau sobre a análise do discurso político. As fontes utilizadas foram os Anais do poder legislativo brasileiro e mineiro, Leis promulgadas e publicações da imprensa do período estudado, final do século XIX e início do século XX. Tais fontes foram mapeadas e coletadas no Arquivo Público Mineiro, no site do Senado Federal, no acervo da biblioteca da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e no Banco Nacional Digital do Brasil. Portanto, trata-se de uma pesquisa documental. Constatou-se que o discurso político contém especificidades do âmbito do direito criminal, derivados da escola positivista, que ao lado de outros saberes conformaram uma representação sobre a infância e adolescente, considerando essa população pobre como delinquente e vadia. Tais representações, vistas como ações preventivas do Estado para conter a mendicidade, a vadiagem e a ociosidade que ameaçavam a sociedade, alimentavam o imaginário social, em prol de um discurso de ordem para o progresso que viabilizasse a modernidade, em que a criança e o adolescente foram colocados como atores sociais de destaque, alvo das políticas públicas, ligadas a educação, a educação profissional e a formação para o trabalho.

Esta pesquisa analisa os projetos de vida e as aspirações profissionais de jovens mulheres estudantes, oriundas de classes de baixa renda que cursaram o curso de extensão Pró-técnico do CEFET-MG. Objetiva-se compreender se e como tais projetos são influenciados pela Divisão Sexual do Trabalho e seus desdobramentos, as motivações e os desafios enfrentados pelas estudantes e suas expectativas em relação ao mundo do trabalho. Para tal, realizou-se uma exegese dos excertos de falas das estudantes, participantes da pesquisa, coletados na pesquisa empírica à luz da Divisão Sexual do Trabalho dialogando com as teorias de juventudes e de projetos de vida. Assim, foram realizadas rodas de conversa e entrevistas semiestruturadas com oito egressas do Pro-Técnico a fim de se aproximar do objeto em estudo. Os relatos das participantes da pesquisa evidenciaram que a passagem dessas pelo Pro-Técnico contribuiu para a socialização com outros grupos de pertencimento e para (re) elaboração de construções juvenis. Vários desafios foram apontados ao longo da trajetória dessas meninas, como rotinas de estudo com exaustivas cargas horárias e demora no transporte de retorno da escola para casa. Algumas dividiam o tempo com triplas ou múltiplas jornadas - estudo, afazeres domésticos, trabalho remunerado, atividades físicas, religiosas e pessoais. As alunas que executam o trabalho remunerado, o fazem para poderem arcar com suas despesas financeiras pessoais ou para ajudar em alguma despesa extra em casa. Além disso, há relatos de discriminação de gênero no espaço acadêmico e no mundo trabalho, com seleções de vagas para estagiários exclusivamente do sexo masculino, por exemplo. No entanto, as jovens buscam formas de enfrentamento e de resistência. De acordo com as narrativas das jovens egressas, tanto “o trabalho faz juventudes” quanto “a escola faz juventudes”. Depreende-se no caso estudado, que também ‘a Educação Tecnológica faz juventudes’, pois essa vem contribuindo para a formação de condições juvenis femininas e de futuras cidadãs atuantes na sociedade.

Este estudo teve como propósito analisar de que forma os processos de ensino e de aprendizagem mediados por modelos analógicos fundamentados em analogias favorecem a construção de conhecimentos por estudantes do Ensino Médio, em particular, no conteúdo de Óptica Geométrica da Física. E se insere na linha IV – Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais, do Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). A pesquisa seguiu uma abordagem qualitativa e com procedimento metodológico de pesquisa-ação. Sustentou-se teoricamente na Aprendizagem Significativa proposta por Ausubel e a Formação do Espírito Científico proposto por Bachelard, mais especificamente nos obstáculos epistemológicos encontrados pelos estudantes no processo de aprendizagem em Ciências. Os colaboradores com a pesquisa foram 14 estudantes do Ensino Médio. A atividade foi desenvolvida por meio de uma sequência didática com foco na construção de modelos analógicos para representar os vícios de refração do olho humano (ametropias). Para obtenção dos dados foram aplicados dois questionários um pré e outro pós-atividade além das observações e registros realizados pelo pesquisador. Os resultados sinalizam que a atividade proporcionou um melhor entendimento dos conceitos dos vícios refrativos da visão humana, ou seja, os modelos analógicos construídos pelos estudantes contribuíram para a apropriação de conhecimento pelos estudantes.

Esta pesquisa teve como origem a seguinte questão: a partir da promulgação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, qual tem sido o interesse dos pesquisadores brasileiros sobre o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) como suporte nos processos de ensino e aprendizagem de alunos com transtornos de aprendizagem? A partir dessa inquietude e para buscar compreensão sobre o tema foi realizada uma revisão bibliográfica sobre neurociência, TDIC, Tecnologia Assistiva (TA) e transtornos de aprendizagem. Em seguida, para responder à questão de pesquisa e aos objetivos propostos, realizou-se pesquisa de natureza básica, com abordagem qualitativa, tipo descritiva e com procedimento técnico de pesquisa bibliográfica. A metodologia da dissertação foi dividida em sete etapas que consistiam na pesquisa bibliográfica na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) com a combinação dos descritores neurociência, TDIC, TA, transtornos de aprendizagem e alunos com transtornos de aprendizagem. Em seguida, as teses e dissertações encontradas foram categorizadas para possibilitar a identificação dos transtornos de aprendizagem, TA utilizadas como suporte aos alunos que possuam os transtornos de aprendizagem e as TA mais eficazes no processo de ensino e aprendizagem sob o ponto de vista dos autores. Durante a análise dos dados percebeu-se que as pesquisas com a combinação dos descritores ainda são discretas em relação ao número de instituições de ensino e pesquisa existentes Brasil. O transtorno de aprendizagem de maior interesse dos pesquisadores foi o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e em relação direta a esse fato a categoria de TA mais utilizada foi a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) para os alunos com o transtorno. Apesar de não ser um transtorno de aprendizagem, a deficiência visual apresentou incidência relevante nas pesquisas de interesse. Esse fato ocorreu pelas características dos recursos de TA que auxiliam os alunos com deficiência visual, pois podem fornecer suporte para outras deficiências, inclusive os transtornos de aprendizagem. A formação e/ou capacitação dos professores foi considerada importante pelos pesquisadores para um ambiente educacional inclusivo, seja na escola comum ou especializada, entretanto o tema neurociência foi pouco explorado. Em resposta à questão de pesquisa verificou-se que houve aumento nas publicações de teses e dissertações após a promulgação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, no entanto discreta e influenciada de forma negativa no ano de 2020 devido à pandemia da COVID -19. Portanto, para que possa realmente existir um ambiente inclusivo para os alunos com transtorno de aprendizagem e/ou deficiência nas escolas comuns e especializadas são necessárias mais pesquisas sobre a relação dos temas neurociência, TDIC, TA e transtornos de aprendizagem. Somente assim poderão ser criados métodos pedagógicos adequados aos déficits dos alunos e possibilitar devido suporte das TA através de seus serviços e recursos.  

Nos últimos anos houve um aumento no número de pessoas com necessidades especiais. No último censo demográfico realizado no Brasil, em 2010, estimou-se que cerca de 45 milhões de pessoas declararam ter algum tipo de necessidade especial ou deficiência. A partir da Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, que dispõe sobre a reserva de vagas para pessoas “autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por pessoas com deficiência” (BRASIL, 2012). A partir disso, houve o ingresso das pessoas com deficiência ou necessidade educacional especial nos institutos federais de ensino. Dessa forma, a questão norteadora dessa dissertação de mestrado decorre sobre como se constitui a prática dos professores que trabalham nos Campi I e II do CEFET-MG que recebem nas salas de aula alunos com alguma necessidade educacional. Nesse contexto, essa pesquisa teve como objetivo analisar a prática dos professores lotados nos Campi I e II do CEFET-MG no que tange à inclusão de estudantes com necessidades educacionais especiais ou pessoa com deficiência. Para alcançar esse objetivo, utilizou-se metodologia de pesquisa com natureza qualitativa, descritiva por meio de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Constituída em cinco etapas: na primeira etapa verificou-se sobre os conhecimentos que os professores lotados nos Campi I e II do CEFET-MG possuíam sobre necessidade educacional especial ou pessoa com deficiência e TA. Na segunda etapa foram mapeadas as necessidades especiais e/ou comorbidades, levantadas pelos professores. Na terceira etapa verificou-se sobre uso das TA pelos professores. Na quarta etapa evidenciou-se sobre as práticas dos professores naquilo que diz respeito tanto aos princípios e ações gerais quanto ao que diz respeito à presença dos alunos com NE nas suas salas de aula. Na última etapa, a quinta, verificou-se sobre a implementação de ações relacionadas às políticas existentes para o atendimento especializado dos alunos com NE por parte dos professores. A pesquisa, portanto, permitiu identificar e analisar sobre o processo de inclusão nos Campi I e II do CEFET-MG. Os resultados encontrados permitiram concluir que o processo de inclusão no CEFET-MG nos Campi I e II não é contemplado na íntegra. Há uma falta de conhecimento dos professores sobre o processo de inclusão, sobre as políticas existentes relacionadas ao tema, sobre as TA e sobre a existência de um programa no CEFET-MG que seja inclusivo. Por fim, demostrou-se que ainda há muito o que se fazer no que tange à educação inclusiva nos Campi I e II do CEFET-MG.

 A Educação Profissional e Tecnológica está inserida em um contexto em que a legislação brasileira determina que os cursos sejam estruturados por perfis profissionais de conclusão segundo uma abordagem por formação de competências requeridas pelo mundo do trabalho. No cenário atual em que a Educação a Distância (EaD) tem ganhado cada vez mais expressividade e que se tem experienciado mudanças cada vez mais rápidas nas relações e métodos de trabalho, impactadas principalmente pelo uso da tecnologia, esta pesquisa pretendeu avaliar se o modelo pedagógico adotado na EaD tem possibilitado a formação de competências, em um curso Técnico de Nível Médio. Para o alcance deste objetivo a pesquisa foi realizada ao longo do segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2021, elegendo-se uma instituição de Ensino Profissionalizante de Belo Horizonte e um de seus cursos semipresenciais para o estudo de caso. A pesquisa de abordagem qualitativa, com caráter descritivo e exploratório, utilizou entrevistas com docentes e a observação não participante das aulas promovidas a distância como técnicas de coleta de dados. Através da descrição e do uso da Análise de Conteúdo Categorial foi possível construir inferências sobre os elementos utilizados como referência teórica para o modelo pedagógico do curso estudado. Como principal resultado verificou-se que o modelo foi afetado em relação às estratégias de aplicação e de avaliação das competências, devido ao cenário de restrição das atividades presenciais pela Pandemia de Covid-19. Considerou-se a recomendação de que toda a equipe responsável pelo curso estude uma restruturação do modelo atual, mesmo que seja com o objetivo de adotar um modelo temporário para o período de pandemia, garantindo a formação por competências conforme os pressupostos epistemológicos, pedagógicos e metodológicos adotados pela instituição.

Esta dissertação apresenta, como objeto de estudo, as elaborações de Anísio Teixeira sobre educação profissional e as influências anglo-americanas em seus escritos no período compreendido entre 1951 a 1971. O trabalho apresenta a trajetória profissional de Anísio Teixeira, evidenciando suas principais atuações no âmbito político educacional no Brasil, conforme o período citado. As obras escritas, bem como os assuntos nos quais Anísio Teixeira se debruçou durante o período, foram categorizadas por eixos temáticos, pois entre 1951 a 1971 ele abordou assuntos variados relacionados à educação. Dentre os escritos mapeados foi realizada uma síntese sobre o pensamento de Anísio Teixeira relacionado à educação profissional e às referências anglo-americanas. As questões que nortearam a pesquisa focalizaram três pontos: quais as elaborações sobre educação e trabalho?; quais as abordagens sobre educação profissional e seu lugar no sistema nacional de educação?; e como é a presença das ideias de origem anglo-americana na composição do pensamento do autor? O objetivo dessas questões era analisar as elaborações sobre escola e trabalho, educação para o trabalho e educação profissional e técnica nos escritos anisianos de 1951 a 1971, buscando mediações com a cultura e a pedagogia pragmáticas de origens anglo-americanas. Todo o material foi analisado sob a perspectiva documental e bibliográfica. Duas bases conceituais, provenientes da história dos intelectuais e da análise do discurso foram referências da pesquisa. No tocante à história dos intelectuais, a referência foi o francês Jean-François Sirinelli. As referências da análise do discurso foram oriundas de Eni Puccinelli Orlandi. Anísio Teixeira, como um intelectual da educação, sob a perspectiva de Sirinelli (2003), foi um mediador da cultura educacional de John Dewey, fazendo circular as ideias do filósofo norte-americano no Brasil nas décadas de 1950 e 1960. A trajetória política profissional de Anísio Teixeira, analisada no período da pesquisa, mostra o seu engajamento na vida pública, o que resultou em diversos entraves políticos em virtude de sua defesa pela escola pública, de boa qualidade e para todos. Os escritos de Anísio Teixeira que foram analisados revelam essa noção de engajamento público, pois sua escrita era uma das formas de intervenção no debate político educacional nas décadas de 1950 e 1960. Os textos de Anísio Teixeira publicados nesse período eram a materialização de seu discurso que foi publicado em diversos artigos na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos do Inep e, posteriormente, organizados e publicados em forma de livros. Os resultados obtidos demonstram que as elaborações de Anísio Teixeira sobre educação profissional permanecem no período de 1951 a 1971, pois continua a defender a escola pública integral. Nesse período ele criou a Escola Parque, tida como um modelo a ser implantado no sistema nacional de educação, pois integrava a formação profissional à cultura geral. As referências de suas ideias educacionais continuam sendo os Estados Unidos da América, mesmo sendo um crítico da transformação da sociedade anglo-americana na fase imperialista. Anísio Teixeira permanece referenciando a pedagogia pragmática de John Dewey, que seria o caminho para instituição de uma sociedade democrática no Brasil.

A presente dissertação é o resultado de inquietações, investigações, leituras e discussões acerca da educação profissional técnica de nível médio (EPTNM) ofertada às pessoas com deficiência. O cenário nacional da empregabilidade das pessoas com deficiência é critico e os números revelam que estes sujeitos estão totalmente à margem do mercado de trabalho, ocupam pouquíssimas vagas e quando ocupam, em sua maioria, são postos de trabalhos de base, elementares e de baixa remuneração. Atribui-se como causa deste fenômeno a baixa escolaridade das pessoas com deficiência, uma vez que 61% destas não possuem nenhuma formação ou apenas o ensino fundamental. Compreendendo o trabalho do ponto de vista ontológico, este se torna imprescindível para a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade como um todo, não somente como uma fonte de renda, mas ligado a sentimentos e possibilidades, do pertencimento à transformação de se e do meio. Sendo assim e entendendo a educação profissional e tecnológica como uma proposta de formação de indivíduos para a vida em suas diversas dimensões, situando o trabalho como força motriz de transformações sociais, procurou-se investigar como e se ocorre a inclusão das pessoas com deficiência nessa perspectiva de educação. Para o desenvolvimento da pesquisa, discutiram-se categorias como deficiência, diferença, inclusão, integração e segregação, como elas se apresentam e interagem. Optou-se por alguns pressupostos teóricos e metodológicos, dentre eles a educação especial na perspectiva inclusiva, corrente que defende que os alunos com deficiência convivam e estudem nas escolas e nas salas de aula comuns; A perspectiva social das deficiências, contraponto à exclusividade biológica e médica das deficiências, e entendendo o sujeito como singular e sua interação com o meio como ponto principal de análise. Por fim, a escolha metodológica recorre às experiências, às percepções desses alunos que estão inseridos no contexto aqui proposto, além de avaliar dados documentais e informações sobre políticas educacionais a eles dirigidas. O campo da pesquisa se deu em uma escola que oferta tal modalidade de ensino, o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais de Belo Horizonte. As análises centram-se em documentos institucionais, políticas de inclusão, dados de ingresso, permanência, evasão, conclusão e nas percepção dos discentes obtidas por meio de questionários. Os participantes são alunos com deficiência da EPTNM que ingressaram na instituição entre 2016 e 2019. Os resultados da pesquisa revelam que as políticas nacionais de inclusão são robustas e abrangentes, contudo, as políticas e ações da instituição em questão ainda são precárias e descontinuadas. Identificou-se que os alunos tidos como egressos, na verdade não concluíram a habilitação técnica, somente o ensino médio comum. Nas análises das percepções dos alunos com deficiência foi possível identificar que, a partir de suas experiências, eles entendem que a escola não é inclusiva, sobretudo a partir das relações e comportamentos dos professores. Os alunos têm uma trajetória escolar marcada pela integração e segregação, perspectivas essas afastadas da inclusão. Constata-se, portanto, que os alunos com deficiência não têm encontrado na EPTNM do CEFET-MG -  Belo Horizonte uma possibilidade de formação que os possibilite o trabalho na área cursada. 

Este estudo tem como objetivo compreender, a partir das percepções dos professores de Ciências e Matemática (participantes da pesquisa) da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM) do CEFET-MG, se acontece ou não a incorporação dos recursos das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) em suas práticas pedagógicas para mediar os processos de ensino e quais as suas potencialidades e/ou limitações. Esta dissertação insere-se no Curso de Mestrado em Educação Tecnológica do CEFET-MG, na linha de pesquisa IV que tem como eixo temático as Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais. Os referenciais teóricos utilizados foram Lévy (1999); Mercado (1999); Mercado et al. (2002, 2006); Tapscott (2010); Moran, Masetto e Behrens (2013); Moran (2015); Santos (2016); Bacich e Moran (2018); Carvalho Neto (2019); Huang; Spector e Yang (2019). A metodologia desta investigação caracteriza-se por uma abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico, natureza exploratória e um estudo de caso. Fez-se uso do instrumento questionário para coleta de dados de forma online, aplicado em março de 2021 a 23 professores do ensino médio atuantes no contexto da EPTNM. Os resultados sinalizam que os participantes da pesquisa percebem de forma positiva a incorporação de recursos das TDIC nas práticas pedagógicas e acreditam que as TDIC podem contribuir no processo de ensino. Entre algumas das potencialidades apontadas pelos professores é que as TDIC tornam as aulas mais interessantes, motiva a aprendizagem e permite novas experiências; além de diversificar o ensino, desenvolve a criatividade, favorece a visualização dando significado a conceitos abstratos e aumenta a participação dos estudantes. Entre as limitações apontadas foram a falta de tempo devido à sobrecarga de trabalho, a precariedade da infraestrutura física, a conexão ruim da Internet na instituição e a necessidade de investimentos na capacitação de professores para a incorporação dos recursos das TDIC em seus processos de ensino; além de limitação física e financeira por parte dos estudantes. Conclui-se que os participantes reconhecem seu papel de mediador nos processos de ensino e de aprendizagem e a necessidade da participação ativa, interação e cooperação dos estudantes para que aconteça a aprendizagem significativa. Verificou-se também que a instituição não preparou os profissionais para atuarem na educação mediada por tecnologiascomo demanda a educação para o século XXI e nem os capacitaram adequadamente para ministrar as aulas no Ensino Remoto Emergencial (ERE) durante a Pandemia da COVID 19. Apesar de não terem o tempo apropriado para a assimilação dos conhecimentos, a maioria dos professores percebeu que as experiências relacionadas à utilização de recursos das TDIC para mediar as aulas no ERE foram positivas. Os participantes acreditam que experienciaram novas possibilidades na prática, mas consideram ser necessário uma avaliação contínua e periódica para o aprimoramento das metodologias para o uso das TDIC.

O presente trabalho tem como objetivo central demonstrar a importância da Filosofia francesa da técnica, que se encontra marginalizada nas narrativas comumente difundidas sobre a origem e desenvolvimento da Filosofia da técnica/tecnologia. A partir disso, buscou-se reconhecer a contribuição original do pensamento multidisciplinar do polímata francês André Leroi-Gourhan (1911-1986), de modo a identificar uma compreensão antropológica do desenvolvimento da técnica. O pensador francês apreende o fenômeno humano de forma abrangente, utilizando-se das possibilidades de diversas áreas do conhecimento, a fim de compreender a interação existente entre técnica e linguagem, a relação entre o elemento cultural e o natural e a conceituação do corpo social como uma extensão do corpo anatômico. Esses intentos culminam no entendimento das técnicas como um empreendimento humano presente em toda a sua evolução e mola propulsora dela. O locus desta pesquisa se localiza na seguinte questão: “qual é o papel da técnica, do ponto de vista filosófico-antropológico de Leroi-Gourhan, na formação e evolução do Homo sapiens?”.  No corpo do trabalho, aventou-se 1) destacar as diferentes compreensões dos termos “técnica” e “tecnologia” ao longo da história; 2) apresentar as principais narrativas sobre a origem e desenvolvimento da Filosofia da técnica/tecnologia; 3) resgatar a importância da produção francesa para o desenvolvimento da Filosofia da técnica; 4) compreender os conceitos de meio técnico, fato técnico, tendência técnica e conjunto técnico presentes no pensamento de Leroi-Gourhan; 5) analisar as principais obras de Leroi-Gourhan, no que tange à evolução dos hominídeos: O Gesto e a Palavra (Tomos I e II) e Evolução e Técnicas (Tomos I e II); 5) distinguir e conceituar os termos técnica e tecnologia, do ponto de vista da tradição filosófica francesa. 6) demonstrar a relação entre técnica e evolução humana, bem como entre técnica e linguagem, sob o prisma de Leroi-Gourhan. A principal contribuição da pesquisa diz respeito ao destaque de diferentes análises sobre a técnica/tecnologia, de modo a resgatar as contribuições francesas e à possibilidade da inclusão do polímata francês no rol dos autores estudados nos currículos da educação profissional e tecnológica, a fim de colaborar para promover maior robustez ao estatuto epistemológico da Filosofia da técnica/tecnologia no Brasil.

As habilidades técnicas estão entre as competências almejadas em cursos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM), em que os alunos têm a oportunidade de desenvolvê-las ou aperfeiçoá-las no espaço laboratorial. O presente estudo, desenvolvido na linha de pesquisa sobre “Práticas Educativas e Tecnologias Educacionais" do Programa de Pós-graduação em Educação Tecnológica do CEFET-MG, investigou o desenvolvimento de habilidades técnicas por parte de estudantes de um curco técnico em Química nas atividades de preparo de soluções, e sua adequação a um modelo estatístico dicotômico, conhecido como modelo Rasch, a fim de se obter elementos para construção de instrumentos de avaliação adequados para o uso em disciplinas técnicas. Partindo-se do pressuposto de que as habilidades técnicas laboratoriais se constituem como traços latentes no processo formativo da profissionalização dos sujeitos, a sua avaliação pode se constituir como um problema de difícil resolução para professores de disciplinas técnicas-profissionalizantes, como as que são ofertadas em cursos técnicos de nível médio, em decorrência da dificuldade de se medir um atributo pouco tangível. Contudo, considera-se a possibilidade de se mensurar o desempenho das habilidades técnicas por meio de variáveis observáveis, indicadoras desse atributo, utilizando-se modelos de análise que combinam aspectos qualitativos e quantitativos, como o modelo estatístico dicotômico desenvolvido pelo dinamarquês Georg Rasch (1901-1980). O trabalho fundamentou-se em uma metodologia de caráter quali-quantitativo, para a qual foi elaborado um instrumento do tipo checklist a partir de um documento de laboratório das disciplinas técnicas, chamado de Procedimento Operacional Padrão para o preparo de soluções e para a realização de medidas de massa. O checklist foi preenchido por meio da observação, acompanhada de registros em vídeo de aulas desenvolvidas em um dos laboratórios de ensino do referido curso existentes no campus 1 do CEFET-MG. Os dados gerados pelo preenchimento do checklist foram validados por meio do modelo de Rasch, para construir as medidas intervalares das habilidades técnicas. O instrumento construído mostrou-se válido para mensurar essas habilidades. Assim, considera-se que a utilização desse instrumento poderia se constituir como uma ferramenta adequada para avaliar o desenvolvimento desse tipo de habilidade e, consequentemente, a aprendizagem do(a) estudante no ambiente do laboratório escolar.

Esta dissertação de mestrado, incorporada na linha de pesquisa sobre práticas educativas em Ciência e Tecnologia do Programa de Pós-graduação em Educação Tecnológica, apresenta os resultados de uma investigação que analisou modelos no contexto da Educação Tecnológica em Física. A pesquisa pretendeu responder quais as potencialidades pedagógicas oferecidas à Educação em Ciências, especificamente, ao ensino de Física, no contexto da Educação Tecnológica, pela exposição de objetos fundamentados em modelagem em centros ou museus de Ciência a partir das percepções de professores de Física da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Para tanto, levantamos e caracterizamos objetos museais em centros ou museus de Ciência, associados à divulgação científica em Física, identificamos os propósitos contextuais e as funções desempenhadas por esses objetos, analisamos a adequação das estratégias de modelagem empregadas na concepção e exposição desses objetos museais.Dentro da perspectiva da Teoria do Mapeamento Estrutural (TME), realizamos o mapeamento estrutural do modelo do olho humano, com a finalidade de identificação das correspondências entre elementos, atributos e relações, ou seja, as potenciais similaridades que constituem as representações. A pesquisa, caracterizada por uma abordagem qualitativa, com o objetivo de um estudo exploratório, foi desenvolvida em duas etapas: (i) Visitação dos museus para identificação e caracterização dos objetos museais fundamentados em modelagem, criação e adaptação da ferramenta de coleta de dados (Grelha), visitação para validação da ferramenta, visitação para a realização das coletas de dados, mapeamento estrutural do modelo identificado; (ii) Realização de entrevistas semiestruturadas no espaço museal com a participação de professores de Física. Na primeira etapa, em 6 museus, foram identificados 180 objetos com possibilidades pedagógicas para o ensino de Física em 17 conjuntos expositivos, dos quais 5 foram classificados como modelos, sendo 1 conjunto expositivo representando o sistema solar, 2 representando os principais componentes do olho humano (decomposto), e 2 representando o olho humano (composto). Na segunda etapa, modelos foram observados por professores que identificaram potencialidades de usos em espaços não formais. O estudo permitiu identificar e descrever possibilidades pedagógicas oferecidas pelos objetos museais ao ensino de Física, em articulação com a percepção de professores dessa disciplina a respeito das potencialidades em eventuais situações de uso em espaço não formal.Apesar dos docentes não relacionarem de forma direta como o uso de modelos pode contribuir para uma Educação Tecnológica, destacamos nas falas dos professores, independente dos empecilhos apontados, que os modelos expostos se constituem uma ferramenta de ensino favorável para representar entidades de interesse científico, bem como, para facilitar a ampliação de conceitos científicos e profissionais.

Esta dissertação tem como foco as abordagens sobre o trabalho, a relação entre escola e trabalho e a educação profissional e técnica em escritos de Fernando de Azevedo publicados em língua portuguesa. A pesquisa apresenta a trajetória profissional de Fernando de Azevedo, evidenciando suas principais atuações na educação brasileira. As obras escritas por Fernando de Azevedo foram separadas e categorizadas, devido a variedade de seu repertório temático. As fontes primárias de pesquisa foram constituídas por duas de suas obras, A educação pública em São Paulo: problemas e discussões (1937) e A cultura brasileira (1943). Algumas questões foram propostas no sentido de nortear a pesquisa: quais as elaborações sobre educação e trabalho? quais as abordagens sobre a educação profissional e seu lugar no sistema nacional de educação? Nesse sentido buscou-se analisar as elaborações sobre escola e trabalho, educação para o trabalho  e educação profissional e técnica nos escritos de Fernando de Azevedo no período de 1926 a 1943. Em relação ao método, o material foi analisado sob a perspectiva documental e bibliográfica. Em relação ao tratamento das fontes as referência foram a história dos intelectuais, a análise do discurso. Sobre a história dos intelectuais, a referência foi Jean - François Sirinelli. As referências da análise do discurso foram provenientes de Eni Puccinelli Orlandi. A pesquisa também referenciou-se na noção de intelectual mediador, posta por Ângela de Castro Gomes e Patrícia Santos Hansen. Fernando de Azevedo, na perspectiva de Sirinelli (2003), foi um intelectual da educação engajado com o processo de formação de um sistema nacional de ensino. A trajetória de Fernando de Azevedo demonstra a intensa participação como homem público, em cargos, em movimentos, associações, escrevendo para jornais. Os resultados obtidos demonstram que a educação profissional ocupou espaço significativo no repertório de elaborações educacionais de Fernando de Azevedo nos dois livros consultados nesta pesquisa. Fernando de Azevedo situava a educação profissional em um horizonte de expectativas que combinava a indústria e o urbano como locus da vida moderna.

Esta dissertação tem como objeto de estudo discentes de cursos de Engenharia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Realizou-se uma investigação que buscou evidenciar a proporção racial dos estudantes, assim como compreender o percurso educacional de estudantes negros nos cursos de Engenharia do CEFET-MG, admitidos nos anos de 2012-2013, diplomados no ano 2017. Analisou-se as estratégias utilizadas para a formação acadêmica dos estudantes negros. Mediante um estudo exploratório, com métodos qualitativos e quantitativos, a pesquisa contou também com fonte documental e revisão bibliográfica, aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas. A análise intercorreu por sucessivas categorizações das informações coletadas de forma a validar os procedimentos, instrumentos e resultados. Com um número de matriculados nos cursos de graduação sendo superior a 4.600 alunos, 75% destes encontravam-se distribuídos nas graduações em Engenharia de Automação Industrial, Engenharia de Minas, Engenharia Ambiental e Sanitária, Engenharia da Computação, Engenharia de Materiais, Engenharia de Transportes, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção Civil, Engenharia Civil, Engenharia de Controle e Automação e Engenharia Mecatrônica. O CEFET-MG apresentou percentuais inferiores a 38% entre estudantes autodeclarados/as negros/as matriculados/as nestes cursos. A disparidade étnico-racial é evidenciada pela concentração média de engenheiros/cor-raça, sendo brancos/as (77%), pardos/as (19,9%) e pretos/as (3,1%). Com base na análise dos dados conclui-se que os discentes negros que objetivaram a formação em engenharia, no ano de 2017, no CEFET-MG, equivalem a um número reduzido entre os estudantes da instituição. Mesmo com a implementação da Lei de Cotas, persistem as desigualdades no que se refere à profissão Engenheiro. Mais do que isso, os dados apresentados sugerem que, apesar da formação acadêmica e da atuação no mercado de trabalho, haveria uma tendência de reprodução da desigualdade de renda entre os egressos negros. A não alteração desse perfil, no que tange o alunado das Engenharias, contribui, possivelmente, para a perpetuação de uma inequidade histórica. O não reconhecimento desta inequidade, amplamente enraizada na sociedade brasileira, visaria deslegitimar a luta da população negra por igualdade educacional, política, cultural, social, econômica e no mundo do trabalho.

O Curso Normal de nível médio se destina a formar docentes para a Educação Infantil.
Considera-se que essa habilitação é uma exceção prevista na Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
no 9.694/1996, pois a formação de docentes para atuar na educação básica deverá ser de nível
superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício
do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a
oferecida em Nível Médio, na modalidade Normal. Na década de 1970, o Curso Normal foi
extinto por meio da Lei no 5692/1971, que orientou a formação profissional dos professores
para atuar nas séries iniciais do primeiro grau através de uma habilitação de 2o grau -a
Habilitação Específica de 2o grau para o Magistério. Com a promulgação da Lei de Diretrizes
e Bases (LDB) no 9.394/1996, e o Curso de Magistério extinto, os cursos formadores de
profissionais para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental passou
a ser de competência do Curso Normal Superior (BRASIL, 1996). Contudo, embora essa
LDB determine que a formação de docentes para atuar na educação básica deverá ser
realizada em nível superior, de licenciatura plena, para o exercício do magistério na educação
infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, será permitido a oferta em nível
médio, na modalidade normal. Ainda que o Curso Normal seja um Curso de Nível Médio, de
natureza profissional, conforme consta na Resolução CEB no 2/1999, ele não é considerado
um curso de educação profissional técnica de nível médio (EPTNM), pois não consta no
Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNCT). Dito isso, esta pesquisa teve o objetivo de
compreender como os docentes no Curso Normal constroem as representações profissionais,
em relação à identificação com as disciplinas lecionadas para as quais não são habilitados.
Trata-se de uma investigação qualitativa de abordagem descritiva, e como procedimento
técnico bibliográfico. Os dados empíricos coletados em uma instituição pública da rede
estadual de Minas Gerais por meio de um estudo de caso e uma análise reflexiva dos
conteúdos curriculares, dos planos de ensino e de referências bibliográficas, bem como de
entrevistas semiestruturas constituirão o percurso exploratório a fim de identificar as
possibilidades oferecidas pela instituição para que esses profissionais de nível médio possam
construir sua identidade profissional: ser professor da Educação Infantil. Diante disso,
consideramos, a partir dos documentos normativos da Secretaria Estadual de Educação de
Minas Gerais, que há lacunas as quais desvirtuam os propósitos de inserção em salas de aula
da educação infantil de apenas professores com formação e habilitação específica para a
docência nessa fase da educação formal. Sendo assim, essa temática permite e clama por
pesquisas que possam trazer à tona as fragilidades, os nichos e as possibilidades de
investimento na carreira de professores da educação infantil visando torná-la atrativa e
valorizada como deveria ser.

Esta pesquisa investiga a produção teórica do filósofo e sociólogo da ciência John Ziman,
com um foco nos conceitos de ethos científico desenvolvido por ele, cunhados como “Ciência
Acadêmica” e “Ciência Pós-Acadêmica”. Para tanto, percorreu-se as principais obras e, por
meio de uma análise imanente do conteúdo, buscou-se explicitar as concepções, conceitos e
categorias que sustentam o pensamento do autor, compreendendo a evolução de suas ideias e
quais os vínculos existentes entre esses conceitos. Está presente nessa pesquisa a relação
apresentada por Ziman entre ciência, tecnologia e tecnociência, pois são cada vez mais
inseparáveis, possuindo os mesmos papéis na sociedade, sendo realizadas pelas mesmas
pessoas, nas mesmas organizações. A ideia do autor foi comparada com as apresentadas por
autores da filosofia da ciência, ou seja, Michael Polanyi, Karl Popper, Thomas Khun, bem
como os conceitos cunhados por outros autores e utilizados por Ziman, tais como: Ciência
Pós-normal (FUNTOWICZ; RAVETZ, 1993); Ciência Finalizada (BÖHME et al., 1983);
Modo 2 (GIBBONS et al., 1994).

Com a evolução das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) e seu
emprego na Educação a Distância (EaD), novas ferramentas e estratégias de ensino e
aprendizagem passaram a ser utilizadas como suporte pedagógico nessa modalidade de
educação. Dentre essas ferramentas, os Objetos de Aprendizagem (OA) têm colaborado de
forma positiva como suporte na aprendizagem. Sendo, portanto, importante a análise dos OA,
pois o objeto poderá ser determinante no aprendizado do aluno. Mas a análise de um OA vai
muito além de observar as tecnologias empregadas ou as falhas existentes, é necessário
observar os atributos que evidenciam a conveniência e viabilidade de seu uso. Assim, surge
uma questão, que foi a norteadora desta dissertação de mestrado: Como um recurso digital
utilizado nas aulas ofertadas a distância pode ser considerado um objeto de aprendizagem na
perspectiva de Barbosa (2014)? Para responder essa questão, o objetivo geral desta pesquisa
foi analisar se os OA presentes no AVA do Centro Federal de Educação Federal de Minas
Gerais (CEFET-MG), na oferta do curso técnico a distância de Meio Ambiente, apresentam as
características definidas por Barbosa (2014) de forma que esses OA possam ser classificados
como recursos educacionais de apoio à aprendizagem. Para tal, foi realizada uma pesquisa de
abordagem qualitativa, que de acordo com os objetivos foi descritiva e, quanto aos
procedimentos técnicos foi realizado estudo de caso no CEFET-MG, especificamente no curso
técnico de Meio Ambiente ofertado a distância. A partir dos resultados pode-se contemplar a
importância de avaliar os OA por meio de suas características, pois, de posse do
conhecimento prévio das características desses objetos é possível identificá-los como um
recurso educacional de apoio à aprendizagem. E para que isso se tornasse entendível, foi
utilizada a abordagem qualitativa que buscou identificar as características desses OA, tendo
como base as categorias definidas por Barbosa (2014). Foram analisados 15 OA de forma que
suas características fossem comparadas com aquelas definidas por Barbosa (2014),
apresentando como resultado as características de cada objeto, entendendo que não há um
padrão para cada tipo de OA, mas sim as características predominantes que podem colaborar
diretamente para a melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem.

A presente pesquisa está inserida na “Linha II: Processos Formativos em Educação
Tecnológica” do Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica do CEFET-MG,
cujos estudos focalizam temas relacionados ao trabalho-educação nos contextos
socioeconômico e político-cultural, destacando os processos históricos e culturais, as relações
entre as mudanças societárias, as diversidades, a educação e o mundo do trabalho.
Especificamente, essa pesquisa, busca compreender como se dá a divisão sexual do trabalho
docente, problematizando a atuação de professores homens na Educação Infantil na Rede
Pública Municipal de Educação de Belo Horizonte (RME/BH) e verificando em que medida
esses professores sofrem sexismo e preconceitos de gênero por atuarem em uma área e
profissão majoritariamente femininas. Toma-se nesse trabalho a liberdade de denominar os
preconceitos de gênero sofridos pelos homens de “sexismo às avessas” por se tratar de uma
categoria quase sempre analisada na perspectiva da mulher. Foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com professores que atuam ou atuaram como docentes em Escolas
Municipais de Educação Infantil (EMEI) na RME/BH. Tendo como base teórica a Divisão
Sexual do Trabalho, Violência Simbólica e a construção da Masculinidade, foi realizada uma
exegese de excertos de fala dos sujeitos de pesquisa buscando-se evidenciar permanências,
recuos e avanços de tais teorias na prática profissional dos professores, de acordo com suas
perspectivas pessoais. Os achados revelam que a divisão sexual do trabalho, com seus
princípios organizadores, é evidenciada no trabalho docente na educação infantil, sobretudo,
pela discreta presença masculina nesse segmento educacional, ainda marcadamente
feminilizado. Evidenciou-se também uma rejeição à presença dos professores por parte de
suas colegas professoras, da direção e da comunidade escolar de forma geral. A violência
simbólica, o sexismo e os preconceitos de gênero ocorrem por meio de brincadeiras,
perguntas constrangedoras, insinuações sobre sua sexualidade e orientação sexual, bem como
perseguições pessoais e proibições de prestação de cuidados às crianças. As reações e
estratégias de resistência e enfrentamento relatadas pelos docentes estão presentes, porém
distintas, diante dos cenários hostis similares em que atuam. Conclui-se que, embora na
sociedade o sexismo, preconceitos e violência simbólica de gênero sejam fortemente
direcionados às mulheres e à população LGBTQI+, também os homens, independentemente
de sua orientação sexual, quando transgridem o status quo e se arriscam a atuar em áreas
hegemonicamente femininas, estão, também, sujeitos a sofrer preconceitos. Espera-se que ao
trazer tal temática ao debate acadêmico, a presente pesquisa contribua para a ampliação das
reflexões e discussões sobre a divisão do trabalho entre os sexos em diferentes contextos
profissionais e a partir de perspectivas de diferentes sujeitos.

Inserida na “Linha I: Ciência, tecnologia e trabalho” do Programa de Pós-Gradudação
em Educação Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
(CEFET-MG), que enfoca estudos na área de trabalho e educação, nos contextos
filosóficos, históricos e sociológicos, esta dissertação buscou compreender se uma sala
de aula para trabalhadores da construção civil pode ser um dispositivo de formação para
jovens estudantes de engenharia do CEFET-MG. Neste sentido, o estudo tem por
objetivo desvelar o que os formadores do Programa de Estudos em Engenharia,
Sociedade e Tecnologia (PROGEST), estudantes de engenharia, aprendem com os
alunos do curso de Gestão de Obras, em sua maioria operários da construção civil. A
demanda do estudo parte de uma percepção, já bastante difundida pelos formadores, de
que a experiência do PROGEST acrescenta muito à vida profissonal deles em termos de
aprendizagens, mas esta percepção prescisa ser melhor objetivada. A metodologia
utilizada foi a Análise da Atividade que, dentro do programa de pesquisa do Curso da
Ação da Ergonomia francofônica, se preocupa em analisar a atividade em ação. O
método utilizado para a coleta e análise de dados foi a autoconfrotação, técnica de
entrevista com base nos subsídios teóricos e metodológicos da Ergonomia da Atividade.
Os resultados da pesquisa apontam que as interações entre formadores/estudantes de
engenharia e alunos/trabalhadores da construção civil, frequentemente iniciadas a partir
de exemplos práticos trazidos pelos últimos, produzem novas aprendizagens para os
estudantes de engenharia, que passam a conhecer uma realidade, seus “macetes”,
nuances e variabilidades, necessária para sua inserção no mercado de trabalho. Neste
sentido, o PROGEST, ao longo dos seus dezesseis anos de funcionamento dentro do
CEFET-MG, vem se revelando como um modelo de formação que foge aos moldes
tradicionais, ou seja, em que o professor é aquele que transmite o que sabe e o aluno
aquele que absorve passivamente este saber. Desta forma, podemos concluir que o
PROGEST é uma prática que proporciona aprendizagens ao futuro engenheiro sobre o
campo da construção civil e suas práticas. Neste sentido, o contato com o saber sobre a
prática dos operários proporciona aos formadores aprendizagens técnicas como
conhecimento de uma nova linguagem, situações reais e variadas e, ao mesmo tempo,
aprendizagens que vão além da técnica tais como: empatia, altruísmo, solidariedade,
valores esses tão necessários para uma formação de qualidade, crítica e humana.

Esta pesquisa trata da análise das experiências reflexivas de cinco profissionais da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte (RMEBH) que participaram do Percurso Museológico História de Mulheres: Vozes e Silêncios, em 2014. Os espaços museais são lócus potencializadores de possíveis reflexões sobre as contribuições de mulheres e homens ao longo da história, possibilitando, consequentemente, discussões sobre as relações sociais de gênero para a seleção patrimonial, para a curadoria e para ressignificação de acervos e instituições. A experiência dos sujeitos em questão ilumina a singularidade da fruição nos museus e como ela é potente para formação da consciência crítica dos cidadãos, uma vez que possibilita democratizar – de certo modo – o conhecimento humano, ao passo que permite conexões entre as dimensões afetivas e cognitivas para que aprendizagens sejam construídas. Por conseguinte, a prática reflexiva da formação continuada deve ser instrumento para transformar da sociedade a partir de ideais de justiça, respeito à diversidade, solidariedade e igualdade de direitos. Metodologias diversificadas foram utilizadas nesta pesquisa, como pesquisas bibliográficas, entrevistas semiestruturadas e Análise de Conteúdo. Para fundamentação teórica três campos de pesquisa foram considerados, sendo a) formação de professoras/es; b) relações de gênero e educação e c) sociomuseologia de gênero, discussão recente no âmbito acadêmico e da prática museológica. A pesquisa mostrou que para que a RMEBH se tornasse uma Rede formadora de suas/seus profissionais, especialmente no tocante ao debate sobre as relações de gênero, muitas disputas e negociações foram realizadas. Mostrou também que embora a autonomia docente tenha sido considerada pela SMED/BH na proposição de um projeto que conectasse escola e museu para problematizar as relações de gênero, tal autonomia encontrou limites na burocracia escolar, na incompatibilidade dos tempos da escola e dos museus e no contexto atual de retrocessos e conservadorismo político que vem provocando muitos tensionamentos em relação à discussão sobre a temática de gênero e sexualidade na Rede. Além disso, discussões realizadas no âmbito das relações de trabalho apareceram nas falas dos profissionais, indo do debate sobre ser artista ou artesão aos desafios - até mesmo aos silêncios - das mulheres em determinados nichos do mercado de trabalho, ou mesmo pela discussão que perpassa os desafios da profissão docente.

A pesquisa está centrada na busca da correlacionalidade existente entre a Filosofia do
Trabalho e Filosofia da Educação em Henrique Cláudio de Lima Vaz, respeitada a matriz
hegeliana que norteou o desenvolvimento de sua Ética, centrando-se foco em corte
específico nos textos do referido filósofo que tratam da dinâmica de manifestação da
consciência do ser, indissociavelmente correlacionada à manifestação do ethos na
sociedade civil, marco teórico que suporta a constatação da hipótese de que o processo
histórico, ético e cultural de autoformação do ser humano em sociedade ocorre a partir da
dialética do reconhecimento efetivada pelo trabalho. O trabalho, visto como a ação
humana axiogênica por excelência, se apresenta como elemento indutor primário da
dialética do reconhecimento no âmbito da sociedade civil (dimensão subjetiva do agir
ético), desempenhando papel estruturante para a consolidação de uma universalidade
(dimensão axiológica do agir ético, de objetivação dos valores liberdade e igualdade pelo
valor trabalho). A partir dessa processualidade, manifesta-se fenomenologicamente a
própria essência do princípio educativo do trabalho, enquanto valor que promove a
mediação do ser em direção ao seu conceito em liberdade, na permanente construção da
tríade conceitual história-cultura-ethos, que ocupa a centralidade da ontologia hegeliana
e de Lima Vaz.

Esta pesquisa teve por objetivo conhecer as atividades de formação realizadas e compreender o sentido que tem para os aposentados que pertencem a um grupo de voluntários alfabetizadores de jovens e adultos de um comitê de cidadania de Belo Horizonte. Este grupo é constituído por 29 participantes, sendo 25 mulheres e 4 homens. Para realizar a pesquisa, recorreu-se às construções teóricas da “Formação ao longo da vida”, tendo como principais referências de autores: MEIRIEU (2005), LIMA (2007) e TOMASI e FERREIRA (2013). Foi realizada uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa e os procedimentos para a coleta de dados foram a realização de um questionário enviado aos 29 participantes e uma entrevista semi-estruturada individual com uma amostra de 6 respondentes do questionário. Os dados foram tratados por meio da técnica de análise de conteúdo e os temas mais relevantes foram agrupados em categorias e subcategorias de análise. Foram identificadas 6 categorias: 1: Formação antes da aposentadoria; 2: Formação para a aposentadoria; 3: Formação após a aposentadoria; 4: Projeto de formação para o futuro; 5: Diferença entre a formação antes e após a aposentadoria. Durante a análise percebeu-se outros temas recorrentes entre os entrevistados e criou, então, mais uma, a categoria 6: Outros aspectos apresentados sobre a aposentadoria. A partir da análise dos resultados, constatou-se que os aposentados interessam e buscam realizar atividades de formação após a aposentadoria. As atividades mais citadas foram de variados tipos, como graduação, mestrado, idioma, terapias complementares, dança, canto, instrumento musical, corte e costura, atividades voluntárias, entre outras. O sentido da formação para eles é de retomar sonhos que não foram possíveis de serem realizados enquanto trabalhavam ou que foram planejados para esta fase da vida. Os resultados apontaram para um perfil de aposentados mais ativos e dinâmicos que valorizam a trajetória de formação e, agora, tem mais autonomia para fazer as suas escolhas de acordo com os seus interesses e desejos e continuam a trajetória de formação tanto pessoal quanto profissional. Há evidências que está modificando o conceito de aposentadoria de “retorno aos aposentos” e “inatividade” para uma vida mais ativa, de pessoas que participam de atividades de formação, socialização e buscam viver a longevidade com mais autonomia. Esta pesquisa contribuiu para o avanço dos estudos entre a aposentadoria e a formação ao longo da vida, além de possibilitar novas reflexões. Há de se pontuar que este estudo abordou a escolha de um único segmento de atividade, funcionários de uma instituição financeira, e a maioria vive em uma capital, Belo Horizonte e região metropolitana, possui uma boa formação acadêmica e profissional e pertencem à classe média. Portanto, sugere-se para a realização de estudos futuros a ampliação para outras classes sociais, principalmente a classe menos favorecida econômica e socialmente, com pouca ou nenhuma formação escolar, além de outras categorias profissionais e de outras regiões brasileiras.

Essa dissertação de mestrado na área da Educação Tecnológica tem como objetivo analisar a formação e atuação dos egressos do curso de Engenharia de Automação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET/MG – Unidade de Ensino Descentralizada (UNED) – Araxá, na busca por compreender as relações entre a educação tecnológica e os ambientes de aprendizagem frente ao contexto da Quarta Revolução Industrial (QRI) também conhecida como Indústria 4.0, de modo a possibilitar uma apropriação do conhecimento específico em alinhamento com o momento tecnológico, bem como a formação de um profissional crítico e reflexivo. A pesquisa segue uma abordagem qualitativa, pois não tem como intenção primária a quantificação numérica dos resultados encontrados. Somada à abordagem qualitativa, ressalta-se a abordagem exploratória, uma vez que se buscou trilhar um caminho estreito entre o objeto a ser investigado e o momento tecnológico contemporâneo da sociedade. Na busca por respostas para as questões de pesquisa foi utilizado o questionário como instrumento de coleta de dados. A formação profissional oferecida ao Engenheiro de Automação, participante dessa pesquisa, frente às demandas da sociedade tecnológica está pautada em uma estrutura que propicia a sua atuação em vários segmentos no mundo do trabalho. No que se refere às habilidades e os saberes considerados à sua formação para atuar no mundo da QRI, verificamos a necessidade de um debate que leve a discussão a possibilidade de novos conteúdos. Sobre a importância de ambientes de aprendizagem favorecerem a apropriação de conteúdos específicos e contribuirem na formação de um profissional crítico e reflexivo, bem como na requalificação profissional do Engenheiro de Automação, verificamos que diversos ambientes concorrem para que o engenheiro construa um perfil profissional com conhecimentos substanciais e postura questionadora, bem como o estímulo para que seja impulsionador da sua própria formação. E, por fim, os desafios que os engenheiros de Automação enfrentam, frente às multiplas exigências provenientes da QRI, revelam a premência de atualização às novas tecnologias e acompanhamento constante de tendências. Compreendemos que a formação do Engenheiro de Automação no contexto da QRI requer uma busca constante por atualização e a inserção em ambientes de aprendizagem diversos onde se promova a aproximação com novas tecnologias e tendências, bem como discussões e debates pertinentes ao tema, tem papel significativo no desenvolvimento de habilidades e postura crítica para um satisfatório posicionamento profissional e social.

Esta dissertação aborda a análise das prováveis implicações pedagógicas do uso de modelos analógicos no contexto da Educação em Ciências para estudantes deficientes visuais da Educação Profissional Tecnológica. A análise foi realizada por meio de um modelo confeccionado a partir de uma analogia contemplada nos livros didáticos do Programa Nacional do Livro Didático para o triênio 2018, 2019 e 2020, especificamente de um conteúdo para os quais estudantes deficientes visuais apresentavam dificuldades de aprendizagem. Os participantes dessa pesquisa são quatro estudantes e um professor deficientes visuais do Ensino Médio da Educação Tecnológica. A pesquisa foi realizada em cinco etapas:  (1ª) identificação dos conteúdo de Química para os quais estudantes com deficiência visual apresentam dificuldades de aprendizagem; (2ª) análise estrutural das analogias e modelos usados como recurso de mediação didática no ensino de tópicos de conteúdo de Química, dos quais esses estudantes apresentariam dificuldades; (3ª) elaboração de modelos analógicos baseados nesses conteúdos de Química; (4ª) entrevista com o professor de Química deficiente visual, mediada pela apresentação do modelo analógico confeccionado, (5ª) entrevistas com estudantes, mediadas pela apresentação do modelo analógico. Os resultados demonstraram que o uso do modelo analógico é um facilitador como recursos tátil, proporcionando aos estudantes assimilar conceitos científicos. A pesquisa também revelou a carência do uso de modelos analógicos no ensino de Química para estudantes deficientes visuais.

Esta dissertação tem como objetivo analisar a luta de representações do feminino, entre o tradicional e o moderno, presentes na educação da Escola Superior de Ciências Domésticas- ESCD, criada em 1952, na cidade de Viçosa. Situada em uma cidade interiorana de Minas Gerais, a ESCD surgiu da parceria entre os Estados Unidos e o Brasil, tendo em vista formar jovens mulheres para atuarem como extensionistas, junto as comunidades rurais, orientando o público feminino para uma administração mais científica e racional do lar. Os princípios e práticas da racionalização dos saberes domésticos norte-americanos chegaram até o Brasil em um contexto de pós-guerra. Onde, após a Segunda Grande Guerra, ocorreu uma forte disputa entre as nações capitalistas e socialistas pela soberania mundial. Chefiando o bloco capitalista, os Estados Unidos intensificaram sua influência por toda a América Latina por meio de acordos e políticas econômicas. Nesse interim, a Home Economics, programa norte-americano para expandir os saberes e hábitos do universo doméstico, tornou-se estratégica para a atuação do projeto civilizatório dos Estados Unidos junto à população feminina dos países ditos subdesenvolvidos. No Brasil, o projeto civilizatório norte-americano veio ao encontro da demanda por maior escolarização feminina. Desde os anos da guerra, as transformações econômicas ampliaram as possibilidades do trabalho feminino, assim como as transformações culturais abriram espaço para maior demanda e aumento do nível escolar das mulheres. Da confluência entre o projeto civilizatório norte-americano e da demanda por expansão da escolaridade e do trabalho feminino resultou a implantação da Escola Superior de Ciências Domésticas, na cidade mineira de Viçosa. E, para investigar esse processo histórico, utilizamos legislações educacionais que mencionavam a economia doméstica ao longo do século XIX e XX, a Lei Estadual Nº 242 de 1948, os currículos produzidos pela ESCD, os jornais estudantis O Bonde e A Paineira, além dos discursos dos docentes da área. Com o acervo documental acima mencionado e sob a orientação historiográfica dos conceitos de representação de Roger Chartier e gênero de Joan Scott, nossa proposta foi compreender as representações do feminino a partir da economista doméstica.

Nesta pesquisa propõe-se identificar e analisar as metáforas conceptuais nas Leis das
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, destacando, a Lei que reforma o ensino médio e os
capítulos da Lei relacionados à educação profissional. O certo ineditismo se deve ao
considerar o tema relevante para o momento político-econômico e sociocultural para
Educação Brasileira e oportuno para as possibilidades de diálogos entre as áreas de Educação
e Estudos da Linguagem(-ens) no meio acadêmico. Para isso, a orientação teóricometodológica está fundamentada na Teoria da Metáfora Conceptual proposta por Lakoff e
Johnson (1980) e na Análise Sistemática de Metáforas proposta por Schimitt (2017).
Fundamenta-se, ainda, em questões acerca da Análise do Discurso em Pêcheux (1988; 1990),
Orlandi (2008, 2013), entre outros. Para compreender os efeitos de sentido e as possíveis
representações ideológicas ampara-se na teoria de ideologia de Marx e Engels (1998). O
corpus inclui: a Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 e na Lei nº 13.415, de 16 de
fevereiro de 2017. O interesse em realizar esse estudo é de atestar a importância do
processamento metafórico na construção de sentenças e na compreensão da dimensão política
do uso da linguagem e da funcionalidade do discurso em análise enquanto estratégia de
atuação e intervenção social. A hipótese é de que a realidade de cada cultura, na qual o sujeito
representa um papel e age socialmente, é definida pelo modo de conceptualizar determinado
termo.

Inserida na “Linha II: processos formativos em Educação Tecnológica” do Programa
de Pós-Graduação em Educação Tecnológica do CEFET-MG, que enfoca estudos
na área de trabalho-educação, nos contextos econômicos, sociais, políticos e
culturais, esse estudo busca desvelar e analisar as trajetórias acadêmicas
profissionais das egressas do ano de 1996 do curso Técnico em Edificações da
então Escola Técnica Federal de Ouro Preto, a fim de compreender as influências
da divisão sexual do trabalho em suas escolhas acadêmicas e profissionais, bem
como os desafios, dificuldades e estratégias de resistência para se inserirem e
ascenderem profissionalmente nas áreas técnicas e tecnológicas. Para a realização
deste trabalho recorreu-se às bases teóricas da Sociologia do Trabalho Francesa,
de base materialista que comportam as Relações Sociais de Sexo derivadas da
Divisão Sexual do Trabalho. A pesquisa empírica foi realizada com as egressas e o
cerne da investigação foi categorizado em três pressupostos: (i) as influências da
Divisão Sexual do Trabalho nas trajetórias acadêmica e profissionais dessas
egressas, (ii) o trabalho produtivo e o reprodutivo, (iii) os limites, estratégias de
resistência, desafios e possibilidades de ascensão profissional. Por meio do diálogo
entre esses pressupostos e a teoria proposta, os resultados da análise dos dados
apontaram para a compreensão dos limites da divisão sexual do trabalho,
enfrentamentos e barreiras dessas mulheres, porém, ao longo revelaram que estas
mulheres transgrediram o status quo impostos a elas pela sociedade que carrega
grandes indícios patriarcais. As egressas, sujeitos da pesquisa, são exemplos de
mulheres que com muita garra avançaram na busca do seu espaço no mundo do
trabalho.

Cursos superiores de curta duração são comuns em muitos países. Hoje, eles são uma realidade
como modalidade de formação profissional oferecida tanto pelas instituições públicas como
privadas de ensino superior. Aparentemente, as políticas educativas que chancelaram a criação
destes cursos, bem como os incentivam, consideram imprescindível “assegurar que a oferta
desses cursos e a formação dos tecnólogos acompanhem a demanda do setor produtivo e as
demandas da sociedade” (Catálogo Nacional dos Cursos Superiores de Tecnologia). Em outras
palavras, essas políticas procuram formar trabalhadores com elevado nível de qualificação,
mais adaptados às demandas destes setores e da sociedade, e, acrescentaríamos, atender jovens
e mesmo trabalhadores já engajados no mundo do trabalho, seja na construção de seus projetos
de formação profissional, seja nos seus projetos de capacitação, de qualificação, de
requalificação e de mobilidade profissional. Ocorre, contudo, que uma dessas instituições, o
Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-MG) não apenas não oferece estes cursos
como suspendeu o funcionamento dos dois cursos que mantinha, o de Tecnologia da Qualidade
Industrial e o de Radiologia, ambos em perfeita consonância com as demandas do setor
produtivo, com alta procura por jovens e trabalhadores e excelente avaliação do MEC. Passados
mais de 10 anos, desconhece-se por completo os motivos que levaram o CEFET-MG a
descontinuar os referidos cursos. Desconhece-se, ainda, a participação da comunidade na
referida suspensão. Resta-nos, portanto, a questão: que políticas educativas conduziram a
Instituição a suspender os seus Cursos Superiores de Tecnologia? Diretores da Instituição,
professores e coordenadores dos cursos são ouvidos (entrevista-semiestruturada) na busca da
compreensão das políticas educativas subjacentes às suas decisões, nos pressupostos teóricos
que as suportam, no que diz respeito ao entendimento que possuem das relações de interesse
curso/sociedade, curso/Instituição curso/setor produtivo e curso/indivíduos. A profissão do
tecnólogo já se encontra definida por meio de decreto 2208/97. Também está reconhecida por
meio da classificação brasileira de ocupações, nos Conselhos Profissionais. Ocorreram disputas
internas junto à direção, sendo que, com a mudança de direção, ocorreu a mudança das
diretrizes.

A pesquisa objetiva analisar as trajetórias acadêmico-profissionais de mulheres tituladas como
mestras em Educação Tecnológica e em Modelagem Matemática Computacional no Centro
Federal de Educação Tecnológica – CEFET-MG, no período de 2005 a 2016, de forma a
desvelar as dificuldades, o sexismo, os estereótipos e marcadores de gênero presentes em suas
escolhas acadêmicas e profissionais, bem como as estratégias de resistência desenvolvidas.
Reflexões acerca da permanente clivagem entre os sexos nas áreas de conhecimento e de
trabalho consideradas “humanas e sociais” e outras de caráter “científico e tecnológico” são
discutidas tendo como base teórica “os princípios norteadores da divisão sexual do trabalho”
proposta por Hirata e Kérgoat (2007), nos quais existem trabalhos destinados às mulheres e
trabalhos destinados aos homens, e que o trabalho do homem, em todas as sociedades
conhecidas até os dias atuais, tem um valor social e econômico maior do que o da mulher. A
divisão sexual do trabalho, como a forma de divisão social do trabalho decorrente das relações
sociais de sexo, modelada histórica e socialmente, parte do pressuposto de que o lugar do
homem é no espaço produtivo e o da mulher, no espaço reprodutivo ou doméstico. Destarte,
apesar dos avanços femininos na área acadêmica e profissional, sua inserção e ascensão nas
áreas de Ciência e Tecnologia (C&T) enfrentam ainda muitos obstáculos. Evidencia-se que a
tecnologia é conjugada no masculino e às mulheres são destinadas áreas de atuação que se
apresentam como prolongamentos das atividades domésticas, tal como a área de educação.
Examinam-se as trajetórias acadêmicas das egressas de ambos os mestrados no período entre
2005 e 2016, bem como suas experiências e evoluções no mercado de trabalho. Apresenta-se
um levantamento de dados e o perfil das Mestras realizando a exegese de excertos de falas de
entrevistas semiestruturadas. Os achados sugerem que as trajetórias das mulheres que
participaram das entrevistas foram marcadas por dificuldades e estratégias de resistências, de
forma que estas mulheres alcançaram elevada ascensão nas suas carreiras devido ao
engajamento e dedicação com vistas a obter um avanço na direção de maior qualificação
profissional, vencendo preconceitos, dificuldades para estudar devido à tripla jornada de
trabalho remunerado, tarefas domésticas, cuidados com os filhos, família e a realização dos
estudos. Diante dessa realidade, essas mulheres corroboram a literatura estudada que prega a
“segregação horizontal” (OLINTO, 2009) e o fenômeno do “labirinto de cristal” (LIMA,
2013), conceitos utilizados para descrever as barreiras enfrentadas pelas mulheres para
conseguiram estar em determinadas áreas de conhecimento e de trabalho, segmentadas pelo
sexismo e estereótipos de gênero.

O estudo em questão centra-se nos percursos escolares e profissionais de jovens mulheres negras trabalhadoras, moradoras de Belo Horizonte e de Contagem/MG, que participaram de um curso de formação para o trabalho ofertado por um Programa Social desenvolvido por uma ONG. A problemática desse estudo surgiu a partir da observação de que a população jovem negra vivencia desigualdades no que se refere à educação e ao mundo do trabalho, o que se agrava quando se trata de jovens mulheres negras. A revisão da literatura apontou para a existência de lacunas no campo dos estudos das juventudes e sua articulação com gênero e raça, especialmente em pesquisas que abordam os percursos e projetos de vida de jovens negras. Diante disso, objetivou-se compreender de que maneira jovens negras vivenciam seus percursos escolares e profissionais na perspectiva da interseccionalidade de raça e gênero, e projetam seu futuro profissional e pessoal. Para tal, foram realizadas entrevistas narrativas que permitiram revelar aspectos significativos dos percursos das mesmas. A partir dos relatos de suas experiências frente às questões raciais e de gênero, e de suas percepções acerca dessas no ambiente familiar, escolar e profissional, foi possível observar que as jovens vivenciaram situações de discriminação racial, principalmente na escola; e desde cedo perceberam e estiveram atentas a processos que geram desigualdades de gênero. No que se refere ao mundo do trabalho, o ingresso no curso foi fundamental para que elas alcançassem oportunidades de trabalho protegido e que favorecesse a dimensão formativa. Quanto aos projetos futuros, em geral, estão relacionados à continuidade dos estudos e ao desejo de uma inserção no mundo do trabalho em profissões escolhidas. Observou-se, ainda, que as relações que estas jovens estabelecem com o trabalho, com a sua estética corporal, destacando-se aqui o corpo e o cabelo, influenciam no processo de construção de suas identidades. Estudos dessa natureza, podem, portanto, contribuir para uma melhor compreensão dos campos das juventudes, raça e gênero, no que tange ao mundo de trabalho e à educação. Acredita-se ser necessário propagar as vozes de jovens que muitas vezes não são consideradas, mas que revelam questões importantes sobre a realidade das mulheres jovens negras no Brasil.

A divisão sexual do trabalho caracteriza-se pela atuação dos homens em profissões ditas

masculinas, exercidas em espaços púbicos, e a designação das mulheres aos trabalhos
domésticos, no espaço privado, ou em atividades assalariadas nas quais predominam uma
extensão daqueles. No entanto, no mundo contemporâneo, as mulheres vêm adentrando cada
vez mais em áreas e profissões que desafiam essa lógica imposta pela sociedade historicamente.
Destarte, a presente pesquisa revela a existência de uma “transgressão” nesse princípio
organizador da divisão sexual do trabalho, a partir da análise das relações sociais de
sexo/gênero presentes na prática social de mulheres que exercem a profissão de frentistas em
postos de combustíveis na cidade de Belo Horizonte - MG. Partindo-se de uma revisão
bibliográfica, análise documental e uma exegese de relatos dessas mulheres discute-se os
caminhos percorridos por elas até adentrarem nessa profissão, os desafios vivenciados, a
formação profissional, a dupla jornada de trabalho realizada no ambiente produtivo e
doméstico, além do assédio sexual e da violência de gênero com os quais convivem diariamente.
Os dados levantados e os resultados obtidos revelam que tais mulheres estão fazendo suas
escolhas profissionais devido à sua baixa qualificação, pela necessidade econômica e
aproveitando-se das oportunidades que o mercado lhes oferece. Tal análise suscita reflexões
acerca das vicissitudes do mundo do trabalho, das relações de sexo/gênero contemporâneas e
das novas formas que a divisão sexual do trabalho tem apresentado diante de um cenário
cultural e econômico que determinam as escolhas profissionais das mulheres.

A presente dissertação dedica-se, no universo das políticas públicas de inclusão social, à
temática da reserva de vagas na educação, regulamentada pela Lei n.º 12.711/2012, para o
ingresso às instituições federais de ensino que compõem a Rede Federal de Educação
Profissional Científica e Tecnológica (RFEPCT), assunto que tem ganhado destaque
principalmente após a normatização pelo Estado brasileiro. Trata especificamente da análise
de projeto de futuro (Gilberto Velho) dos jovens atendidos pela Lei e cursam, na forma
integrada, a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM). O objetivo foi
compreender a relação entre as possibilidades e experiências vividas a partir do seu ingresso à
EPTNM e os projetos de futuro e horizontes de expectativas (Reinhart Koselleck) dos jovens
atendidos pela Lei, considerando, pois, o seu ingresso à RFEPCT como novo campo de
possibilidades. Para tal atividade foi realizada uma abordagem qualitativa por meio de
entrevistas semiestruturadas com nove jovens de uma das unidades que compõem a RFEPCT
no interior de Minas Gerais. No que se refere à definição do sujeito da pesquisa, optou-se pela
abordagem dos jovens estudantes que atendiam cumulativamente a todos os critérios pré-
estabelecidos para ter direito à reserva de vagas, que ingressaram na instituição no ano de
2016 e que estariam próximos de concluir sua trajetória acadêmica na EPTNM. Ao final do
percurso investigativo, constatou-se que os jovens atendidos pelas cotas já chegam à RFEPCT
com projetos e perspectivas de longevidade escolar. Tais projetos, porém, são alavancados a
partir da experiência na EPTNM. Corroboram nesse sentido as afirmações dos jovens da
superação de alguns fatores intervenientes para o desenvolvimento e encaminhamento de suas
ações com vistas a médio e longo prazo. Destacam-se entre essas o nível acadêmico, a
qualificação profissional e, até mesmo, outras de ordem subjetiva, tais como a confiança, a
autonomia e a responsabilidade. Entre as conclusões deste estudo constam que os novos
jovens ingressantes por meio das cotas à RFEPCT são possuidores de mérito, e que a escola
pública do ensino fundamental, pelas mais diversas razões, se tem mostrado aquém de suas
capacidades de desenvolvimento e interesses. Nota-se que, mesmo inseridos em ambientes e
condições socioeconômicas desfavoráveis, os jovens atendidos pelas cotas reconhecem a
escola e a boa educação como uma oportunidade para outras oportunidades. Por mais que as
cotas seja uma medida paliativa, revela-se, diante da incapacidade de se garantir o acesso à
educação básica de excelente qualidade, capaz de promover a seus egressos condições
razoáveis para concorrerem por outros espaços e campos de possibilidades. Assim sendo, as
ações que atuam no sentido de ampliar o horizonte dos jovens apresentam-se como
importantes ao desenvolvimento, entre outros, do caráter, do pensamento crítico e do pleno
exercício da cidadania.
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