De costas no chão: memória e esquecimento em Diário da queda, de Michel Laub
Literatura; Memória; Esquecimento; Tempo.
Este trabalho de pesquisa propõe uma leitura do romance de Michel Laub, Diário da queda (2011), tendo como fios condutores as relações entre literatura, memória e esquecimento. O referido estudo visa identificar a presença das diversas memórias no livro validadas por meio do trânsito temporal por vários assuntos, contextos, vivências: pelo trauma, pelos objetos, pelos escritos, pelos sentidos. Além disso, interessa pensar nas marcas do silêncio, considerando as interações que muito comunicam mesmo sem o uso de palavras. Outro aspecto relevante é o esquecimento ligado a Auschwitz, que diz respeito às vivências no campo de concentração, silenciadas, possivelmente como estratégia de prosseguir, apesar das histórias traumáticas, e ao Alzheimer – o avô do narrador recebe este diagnóstico, e sua memória, passa então, por um processo de destruição em razão da doença. Como potência da construção da narrativa, a desmemória se manifesta em vários níveis, inclusive no âmbito familiar, funcionando como conectivo dos tempos, tendo no silêncio, um refúgio, uma maneira de ocultar as experiências, as histórias indesejáveis e os sentimentos que permanecem depois dos acontecimentos. A existência das lacunas é o aspecto que move o narrador e o faz atravessar as memórias, tendo no passado, presente e futuro, sustentação. A escrita usada pelo avô, pai e neto como forma de gerar e comunicar a memória. Pensando nesses três movimentos, verificando como o saber lembrar, calar e esquecer são trabalhados no romance, a estrutura do trabalho será desenvolvida, tecida de apontamentos e fundamentação teórica.