Tradução e Diferença Cultural: o irrepresentável na produção fotográfica de Assis Horta
Retratos de família; Assis Horta; Estado Novo; Cultura
Assis Horta, autodidata nascido em Diamantina no interior de Minas Gerais, tornou-se fotógrafo retratista na década de 1930, quando comprou o ateliê onde trabalhava como aprendiz. Em 1943, em função da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) promulgada por Getúlio Vargas, e da consequente obrigatoriedade da Carteira Profissional com foto, Horta produziu os primeiros registros fotográficos de centenas de pessoas: trabalhadores e trabalhadoras da cidade de Diamantina (MG) e arredores, que nunca haviam posado antes, mas que, talvez a pedido do fotógrafo, apresentaram uma postura solene, altiva, sem sorrisos, mesmo nos retratos de família. Os retratos de Horta revelam pessoas comuns, depositárias de almas, de crenças e tradições, reproduzindo a invenção de uma comunidade imaginada e reposicionada segundo uma suposta e encenada civilidade proposta pelo Estado Novo. Este trabalho centra-se na análise dos retratos de família produzidos por Assis Horta durante o Estado Novo a partir dos conceitos de tradução (BENJAMIN, 2013) e diferença cultural (BHABHA, 2007), com vistas a responder ao seguinte questionamento: o que há de representação e o que há de irrepresentável nesses retratos?