HILDAS HILSTS E OS REPOSICIONAMENTOS DE SUAS OBRAS NO CAMPO LITERÁRIO VIA EDIÇÃO: (des)articulações com o erótico
Hilda Hilst; Processos de edição; Mercado editorial; Campo literário; Erotismo.
A partir do mapeamento e do estudo das edições de todos os livros de Hilda Hilst (19302004) – escritora com vasta produção literária, composta por obras dos gêneros mais diversos, de caráter frequentemente transgressor – esta pesquisa visa analisar de que forma as editoras que publicaram as obras da autora, como instâncias legitimadoras no campo literário, valeram-se de estratégias, especialmente paratextuais, para reposicionar os livros e a imagem da escritora no campo, pensando-se, especialmente, no tratamento dado à questão do erotismo presente nas obras, visto ser esse um aspecto, de certa forma, delimitador da recepção das edições. Nesse sentido, considerando-se que o mercado editorial está ligado, também, à estrutura do campo econômico, o qual, muitas vezes, visa ao lucro e perpetua, com frequência, estratégias de conservação, acredita-se que estudar as estratégias editoriais empregadas nas edições das obras de Hilst significa entender como as editoras respondem a certos estados de campo e em que medida são influenciadas pelos campos de poder, o que se concretizará no reposicionamento das obras e da imagem de Hilda no campo literário, com aproximação ou esquecimento do erotismo. Nesse sentido, também se buscará averiguar como a crítica acadêmica se articulou às edições, refletindo-se sobre como as estratégias editoriais e críticas podem ter influenciado na recepção das edições. Para isso, serão utilizados como base: os pressupostos da teoria dos campos, de Bourdieu (1996; 2018); o conceito de reescrita literária, de Lefevere (2007); as discussões sobre o erótico promovidas por Bataille (2013), Bakhtin (2010), Sontag (2015), Moraes (2013; 2014; 2015) e Paes (2006); e as reflexões sobre os processos de crítica literária propostas por Márcia Abreu (2006), Compagnon (2010), Dalcastagnè (2005) e Derrida (2014).