A pervivência das imagens em Viajo porque preciso, volto porque te amo, de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes
Cinema; Fabulação; Pervivência; Viajo porque preciso, volto porque te amo.
Esta dissertação pretende investigar como um mesmo grupo de imagens é utilizado em três obras dos cineastas Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, sobretudo, no filme Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009). A partir das ideias do filósofo francês Georges Didi-Huberman em suas leituras das obras de outros pensadores, este trabalho analisa o aspecto lacunar da imagem e sua condição de arquivo de memórias. Resultantes das filmagens do sertão nordestino feitas pelos diretores em uma viagem em 1999, as imagens são exploradas a partir de seus intervalos sobreviventes ao tempo. Seu caráter lacunar é o que permite produzir novos sentidos a cada desmontagem e posterior remontagem. Dessa forma, o filme de 2009 se aproveita do reconhecimento das imagens como documentos da “realidade” para reconfigurar as memórias ali percebidas, ou seja, para fabular. O conceito de fabulação como ato criador idealizado pelo filósofo francês Gilles Deleuze se junta às discussões sobre a montagem como método de conhecimento em Didi-Huberman para explicar a pervivência das imagens ao longo do tempo, nas obras produzidas por Aïnouz e Gomes.