Banca de DEFESA: ANDRE LUIZ SILVA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ANDRE LUIZ SILVA
DATA : 05/04/2019
HORA: 14:00
LOCAL: campus 1
TÍTULO:

“ESTAMOS AO VIVO”: estratégias discursivas em uma transmissão direta na televisão 


PALAVRAS-CHAVES:

Grande acontecimento noticioso. Chapecoense. Discurso midiático de informação. Cobertura “ao vivo”. Globo News. 


PÁGINAS: 285
RESUMO:

Nesta tese, investigamos as estratégias discursivas em transmissões diretas televisivas de grandes acontecimentos noticiosos em situações de tragédia a partir dos pressupostos epistemológicos da Análise do Discurso de vertente francesa, especificamente a que assume uma perspectiva de discurso tal como o fez/faz Patrick Charaudeau. Nosso objeto empírico foi a cobertura “ao vivo” que a Globo News realizou sobre o acidente aéreo envolvendo membros da Associação Chapecoense de Futebol, profissionais da imprensa e tripulantes da empresa LaMia, ocorrido em 29 de novembro de 2016, próximo a Medellín, na Colômbia. O fato de o grande acontecimento noticioso ser “ao vivo” e não ter sido pré-planejado faz dele um gênero singular dentro dos Estudos de Linguagens, tornando-se um instigante corpus de pesquisa. Isso induz a uma realização discursiva mais autêntica em relação àquela que normalmente ocorre em outros gêneros televisuais, gravados e “ao vivo”, por se tratar de um texto em ato, enunciação. Nesse sentido, buscamos, primeiramente, identificar elementos característicos da transmissão direta, a fim de diferenciá-la de outros sistemas técnicos de representação, para, posteriormente, analisar o processo diegético instituído pela emissora, considerando as estratégias discursivas implementadas e o modo como se dá a cadência sintático-discursiva da transmissão. Para isso, realizamos pesquisa bibliográfica e observamos sistematicamente a transmissão direta da Globo News, analisando a grade programática da emissora, os sujeitos (âncora, repórter/correspondente, comentarista e entrevistado) e os dispositivos cênicos (cenário/estúdio, planos/enquadramentos, movimentos/cortes e elementos sintáticos) pertencentes aos espaços midiático e social da cobertura “ao vivo”, de modo a nos aprofundar no todo da diegese narrativa. Entre os resultados obtidos, constatamos que a concepção do TU destinatário se deu não apenas pelas emissões jornalísticas, mas pelas publicidades e propagandas presentes no direto; o grande acontecimento noticioso caracterizou-se por mobilizar uma quantidade considerável de enquadramentos temáticos possíveis; o âncora foi o verdadeiro pivô do jogo proposto pela instância de produção, pois utilizou os modos discursivos, mediou (ou mesmo conduziu) a relação entre o telespectador e seu acesso ao grande acontecimento noticioso e concedeu turnos de fala durante a cobertura “ao vivo”; a participação do repórter e/ou comentarista foi uma estratégia discursiva calcada, ao mesmo tempo, numa visada de credibilidade, mas, sobretudo, de captação, já que boa parte das informações trazidas por eles poderia ser dita da redação pelo âncora; o comentarista, embora lance mão, principalmente, do modo de organização argumentativo, ou do “acontecimento comentado”, definiu-se pela ausência de rigor de seus enunciados, sendo mais uma estratégia
de captação da Globo News e de preenchimento dos “vazios” da emissão, momentos em que não houve novas informações sobre o grande acontecimento noticioso; o especialista usou de um engajamento distanciado, externando sua opinião a partir de um notório saber, mas de maneira prudente, por meio de um argumento calcado na hipótese e na suspeita, sua participação esteve ligada ao acontecimento provocado, e não ao acontecimento comentado, como no caso do comentarista; o entrevistado variou entre uma autoridade, uma testemunha ou um parente das vítimas e sua participação se deu por uma estratégia de credibilidade (autoridade e testemunha) ou por uma estratégia de captação (parente das vítimas), tendo um engajamento mais distanciado (autoridade e testemunha) ou um engajamento mais evidente e patêmico (parente das vítimas); a composição cenográfica alternou entre autorreferencial, decorativa e modular no espaço midiático, e hiper-real, autenticada e simulanda no espaço social; o plano de maior recorrência foi o médio, em que os sujeitos são enquadrados da cintura para cima, e o primeiro plano, do busto para cima, denotando uma distância social entre a emissora e o telespectador; o movimento de câmera foi raro, mas teve seu lugar em determinadas emissões, como no Estúdio I, por seu “tom” menos formal, ou quando se buscou um efeito patêmico, como na entrevista com parentes de vítimas, em que a dor foi realçada; o crawl teve como característica o funcionamento modular (blocos de textos), binário (sintático), circular (repete-se) e, em algumas vezes, temático, mas, discursivamente, mostrou-se uma estratégia discursiva de captação e concorrência com outros dispositivos cênicos. Por fim, concluímos que a cobertura “ao vivo” da Globo News naquele dia 29 de novembro de 2016, por suas estratégias discursivas (sobretudo captação e mea-culpa), anseia por dar novas informações (lançando mão das mais diversas fontes) aliada à presença de sujeitos para sustentar o vazio da não novidade (comentaristas e especialistas) e uso de materialidades pouco frequentes no discurso midiático de informação (entrevista por telefone, exibição de fotos e de imagens em baixa qualidade), realizou uma cadência sintático- -discursiva que nomeamos de “rotunda midiática” para construir sua diegese narrativa.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - ANTONIO AUGUSTO BRAICO ANDRADE
Interno - CLAUDIO HUMBERTO LESSA
Presidente - GIANI DAVID SILVA
Interno - JERONIMO COURA SOBRINHO - CEFET-MG
Externo à Instituição - SIMONE DE PAULA DOS SANTOS - UFVJM
Externo à Instituição - WILIANE VIRIATO ROLIM - IFPB
Notícia cadastrada em: 28/03/2019 13:56
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