EDIÇÃO TELEVISIVA: análise discursiva de estratégias de uma mídia feminista
Televisão. Edição. Mídia feminista. Discurso. Semiolinguística.
Este estudo apresenta uma análise discursiva sobre as estratégias de edição de um programa feminista. Partindo da produção do Programa Mulhere-se da Rede Minas de TV, uma TV pública do Estado de Minas Gerais. Foi proposto um estudo de caso sobre um episódio representativo da série, que aborda o manifesto “Uma por minuto” em que seis entrevistadas, se revezam em declarações a respeito do assunto, construindo, portanto, as projeções etóticas e seus imaginários nas falas. Nos interessa entender também o modo de organização discursiva do episódio, conforme o tratamento dado pela edição. Para entendermos as escolhas e estratégias de edição, vamos analisar, sob as mesmas categorias de análise o material bruto referente ao episódio em questão. Partimos do referencial teórico e metodológico da análise de discurso, a partir da Semiolinguística de Charaudeau (2010), de onde selecionamos como categorias de análise, principais, os imaginários sociodiscursivos e os modos de organização discursiva, além da categoria do ethos, a partir de Maingueneau (2014). Queremos entender as diferenças marcantes entre o material bruto e o editado para encontrar pistas sobre alinhamento ideológico ou a identificações feministas específicas. O Programa Mulhere-se considera-se o primeiro programa feminista do Brasil. Os feminismos são múltiplos e diversificados, possuindo diversas correntes de pensamento e práticas diferentes. Qual a imagem de feminismo e feminista que é projetado pelo Programa feminista? Para isso, analisamos tanto das falas das entrevistadas, quanto o enredamento dado no episódio editado. Ao buscar entender se o discurso do programa é abarca a multiplicidade de representações e vozes, chegamos à conclusão de há uma tendência a alguns feminismos específicos e se evitam outros, assim como podemos perceber que as crenças, experiências e saberes são mobilizados de forma a legitimar certas falas, e construir um argumento. Além do referencial teórico e metodológico, abordaremos o conhecimento produzido sobre os feminismos, sobre televisão e sobre os processos de edição televisiva.