Banca de QUALIFICAÇÃO: Andrey Ricardo Azevedo

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Andrey Ricardo Azevedo
DATA : 10/12/2020
HORA: 16:00
LOCAL: CEFET-MG (remotamente)
TÍTULO:

Subjetividade e novos media em tempos de pós-verdade: um olhar analítico-discursivo em torno de construções narrativas na contemporaneidade


PALAVRAS-CHAVES:

Análise do Discurso. Subjetividade. Pós-verdade. Novos media.


PÁGINAS: 169
RESUMO:

Investigamos, sobaótica da Análise do Discurso(AD), formas outras de subjetividade emergíveis da pós-verdade em tempos de comunicação digital e disputas narrativas no jogo político-eleitoral. O objeto empírico parte das principais fake news propagadas durante as eleições presidenciais no Brasil, em 2018, para um posterior recorte metodológico envolvendo a questão dos valores (moral) e a temática do “kit gay”, amplamente explorada durante o pleito. A problemática da subjetividade torna-se oportuna e instigante, neste caso, por apresentar lacunas ainda não suficientemente exploradas noâmbito da AD, sobretudo, da Teoria Semiolinguística, de Charaudeau, centrada na ideia de um sujeito dotado de autonomia. O caminho primeiro foi questionar essa autonomia, a partir de particularidades desse novo contexto capitaneado pelas fake news, que pudessem “subverter” elementos considerados basilares na teoria do sujeito charaudeana. Paralelamente, incorporamos à pesquisa, em perspectiva interdisciplinar, aportes teórico-metodológicos que pudessem cobrir eventuais lacunasnão previstas na Semiolinguística, como observar a recepção a partir de ideias trazidas por Benjamin(choque)e/ou Dunker (psicanálise). Buscamos explorar a questão do ethosem frentes distintas, bem como refletir sobre a dimensão ética com base em Marie-Anne Paveaue Foucault, entre outros autores. De Foucault, extraímos também importantes reflexões em torno das noçõesde poder, regimes de verdade e da própria concepçãode sujeito.Entre os resultados até aqui, vemos que o entendimento sobre a subjetividade, no ambiente das fake news, transpõem alguns “limites analíticos” previstos na Semiolinguística. Isso é perceptível, por exemplo, na medida em que o reconhecimento do contrato de fala fica comprometido, camuflado como se fosse de informação (midiático). Nessa mesma esteira, percebemos em jogo estratégias tendentes a “falsear” um equilíbrio, na organização dos saberes, desejável para o constructo das representações sociais e, por conseguinte, para a própria autonomia do sujeito. Referimo-nos, neste caso, na tendência de as fake newsse sustentarem nos saberes de crenças, mas se passarem por um saber de conhecimento. Merece também atenção a esfera da recepção (e seus efeitos), que, no âmbito dasfake newse das redes sociais digitais, deixa-se levar por uma compreensão rasa, distraída, sem muita ambiguidade, no processo interpretativo. Tais aspectos, em si, já denotam um sujeito sobredeterminado pela urgência das leituras e respostas, dos cliquese compartilhamentos, um processo seduzido pela “pulsão” e que nominamos “efeito latente de recepção”. Por fim, no domínio externo (ser social), percebemos implícitas nas fake newsestratégias conduzidas por sujeitos que têm um projeto, político-ideológicoe neoconservador, mas que não o revela explicitamente. Vê-se então, embaçadas pelo universo da pós-verdade, construções narrativas consideradas manipuladoras, que limitam a heterogeneidade de vozes, asfixiam a singularidade e a alteridade. Em linguagem foucaultiana, não estaríamos diante de meras disputas pelo poder ou novos regimes de verdade, mas do desejo de se fazer valer um “estado de dominação” e quase aporia que, ao sufocar a liberdade, mostra seu desprezo pela própria dimensão ética.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - GIANI DAVID SILVA
Interno - CLAUDIO HUMBERTO LESSA
Externo à Instituição - PAULO HENRIQUE AGUIAR MENDES - UFOP
Notícia cadastrada em: 01/12/2020 15:41
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