Divulgação do conhecimento e imaginário: uma abordagem discursiva da exposição Demasiado Humano, do Espaço do Conhecimento UFMG
Discurso. Imaginário. Divulgação. Conhecimento. Museu.
Neste trabalho, analisamos o funcionamento discursivo da exposição Demasiado Humano, do Espaço do Conhecimento UFMG, e buscamos compreender os sentidos produzidos sobre conhecimento a partir de diferentes materialidades significantes, como a língua, animações e instalações. A perspectiva teórico-metodológica adotada foi a Análise de Discurso de linha francesa – com Michel Pechêux (2014), e seus desdobramentos no Brasil, principalmente com Eni Orlandi (2009) – e sua interface com a História das Ideias Linguísticas (HIL), a partir de Sylvain Auroux (2009). Na pesquisa, trabalhamos a partir da ideia de que a exposição constitui um Discurso de Divulgação do Conhecimento (DDC). Metodologicamente, observamoso recorte que a exposição opera: o que ela mostra como sendo o Discurso de Divulgação do Conhecimento Científico (DDCI) e o discurso de divulgação de conhecimento não científico, sendo possível, por meio das análises linguístico-discursivas, compreender os imaginários produzidos nesses dois aspectos. Assim, o conhecimento científico produz efeitos de sentidos de objetividade, de experimentação, de linearidade, de completude. Ao passo que o discurso de divulgação do conhecimento não científico produz efeitos de sentido menos transparentes, que permitem maior abertura para a criação e a inventividade. Nas análises de outras materialidades discursivas, pudemos perceber o evidenciamento dos sentidos produzidos pelo conhecimento científico em relação a outras formas de saberes, o silenciamento dos processos da produção do conhecimentoe certa naturalização do uso da tecnologia como materialidade discursiva. Concluímos que os sentidos de conhecimento predominantes do museu estão relacionados à ideia de cientificidade, mas que outras formas de conhecimento insurgem de forma a fazer deslizar esse sentido.