A CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS VISUAIS SOBRE O CONTINENTE AFRICANO EM ÊXODOS e GÊNESIS, de Sebastião Salgado
Fotografia. Edição Fotográfica. Edição. Curadoria. Narrativas Visuais. Sebastião Salgado. África. Livro. Imaginário discursivo.
Considerando a relevância do trabalho documental desenvolvido pelo fotógrafo Sebastião Salgado e sua relação com o continente africano ao longo de sua carreira de mais de 40 anos, essa pesquisa propõe uma leitura e a análise dos fotolivros Êxodos (2000) e Gênesis (2013) de forma e buscar elementos e subsídios que nos levem à compreensão de como se dá a construção de narrativas visuais sobre a África. Verificamos, a partir das construções discursivas ou das narrativas fotográficas, como o continente africano foi apresentado em cada uma das publicações, considerando que o próprio fotógrafo leva em conta, na elaboração de seus livros, a existência de uma linguagem fotográfica informativa, que se constrói a partir de eixos condutores que seriam a história que as fotografias contam e sua importância no conjunto ou contexto em que são editadas e publicadas. Para essa verificação, foi feita a comparação das imagens integrantes de cada uma das narrativas apresentadas por Sebastião Salgado e também com exemplos de outros trabalhos realizados por fotógrafos africanos, a saber, o nigeriano Akintude Akinleye e os sul-africanos Kevin Carter, Greg Marinovich, João Silva e Ken Oosterbroek. Para a parte da pesquisa relacionada ao objeto livro, trabalhamos com os conceitos de curadoria e edição e como essas ações, interligadas, também têm influência nas construções discursivas dessas narrativas que nos são apresentadas. Colocamos aqui, a técnica fotográfica em diálogo com as técnicas e ferramentas da edição, abordadas para compreender a construção das narrativas no objeto livro. Quando chegamos à construção imaginária do continente africano, colocamos em diálogo os conceitos de imaginário (Duran) e de imaginário discursivo de Charaudeau. Utilizamos, ainda, em diálogo, as categorias solidariedade, afeto, belo discursivo e acontecimento. Essas duas linhas nos conduziram para encontrar as possibilidades de leituras destas obras e como elas participam da construção de imaginários circulantes sobre a África, que, ao final, percebemos não diferirem das demais narrativas sobre aquele continente e que, normalmente, chegam até nós em produtos informacionais ou em romances e filmes.