Dramaturgias radicais: do personagem político ordinário à imaginação emancipatória
teatro político; teatro negro; Augusto Boal; Dramaturgia contemporânea.
A partir da teoria inacabada de Walter Benjamin sobre os personagens políticos na obra de Bertolt Brecht, presente no texto “Bert Brecht”, proponho uma leitura, com foco no teatro político brasileiro, que intenta uma continuidade para esse pensamento. Em um primeiro momento, devido à aproximação com a forma do fazer teatral brechtiano, parto da dramaturgia de Augusto Boal anterior ao golpe de estado militar no Brasil , bem como do seu trabalho teórico intitulado de Teatro do Oprimido, para refletir como essa literatura pode gerar personagens políticos ordinários, ou seja, que mesmo distanciados das instituições de poder, são capazes de desencadear ações políticas significativas nas suas comunidades promovendo, assim, mudanças substanciais no cotidiano coletivo. Em seguida, faço uma leitura de diversas dramaturgias contemporâneas, com um recorte orientado para o teatro negro que, por sua vez, são construtoras de personagens políticos ordinários que se valem da postura ativista para se inscreverem, a contrapelo, na história brasileira. Assim, parto da premissa do teatro como um gênero público, portanto assembleário, sugerindo que, a partir dele e de sua capacidade de alcance, é possível promover uma imaginação emancipatória que concorre e tensiona, discursivamente, com os poderes institucionais que são responsáveis pelas narrativas históricas brasileiras, como foi, por exemplo, a dissertação de Karl von Martius apresentada ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) intitulada Como se deve escrever a História do Brasil.