Uma Mercadoria Apreciada: Análise discursiva das representações da Língua Inglesa construídas por alunos e por publicidades
Língua Inglesa; representações; discurso do aluno; discurso publicitário.
Embora muitas vezes tomados como privilégio das elites e desnecessários para as classes menos favorecidas, o ensino e a aprendizagem da Língua Inglesa se configuram como direito do aluno com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Compreende-se que este processo de aprendizagem, sendo parte do setor educacional, está inserido no domínio social, não podendo ser estabelecido como bem comercializável. Este trabalho investiga as construções discursivas sobre o ensino e a aprendizagem da língua inglesa em publicidades de cursos de inglês e no discurso de alunos concluintes do ensino médio. O enfoque da pesquisa recai sobre as possíveis recorrências e divergências que podem haver nesses dois discursos, buscando dar conta do aspecto representacional nas produções analisadas. Trata-se de uma pesquisa inserida no âmbito da Análise Crítica do Discurso, por direcionar o olhar para representações que promovem a reprodução de poder em detrimento da redução de desigualdades de acesso ao ensino. Adota-se uma perspectiva sistêmicofuncional da linguagem (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), atentando-se para as atitudes de alunos concluintes do ensino médio a respeito dos diversos elementos que compõem esse processo educacional de ensino da língua inglesa. A análise do discurso do aluno foi feita com base no Sistema de Avaliatividade proposto por Martin e White (2005). No que diz respeito às publicidades em vídeo, foi utilizada como procedimento de análise a proposta de Bezerra (2012, 2017) para abordagem da imagem dinâmica. Este trabalho possibilitou investigar os pontos de convergência e divergência entre os discursos de alunos e o discurso publicitário, levando à conclusão de que tanto o discurso do aluno, quanto o discurso da publicidade corroboram para a visão do ensino de língua inglesa como mercadoria (FAIRCLOUGH 2001), tornando-o indissociável das relações de consumo pautadas, não no que de fato contribui para o bem comum, mas no enriquecimento de poucos através da definição do ensino de inglês enquanto bem de consumo necessário para o sucesso. Através da primazia do produto em detrimento do processo de aprendizagem, tais discursos operam na tomada do idioma como algo que se adquire em uma relação mercadológica, apagando-se a complexidade inerente ao processo de aprendizagem da Língua Inglesa.