O universo e o meu quintal: Cia. Fusion de Danças Urbanas e o corpo-voz da periferia.
Dança; Memória; Identidade; Periferia; Literatura; Tradução.
Esta tese consiste em um estudo sob o viés da crítica literária e cultural de uma
expressão do corpo da periferia: a dança da Cia. Fusion de Danças Urbanas, de Belo
Horizonte. Fundada em 2002 e tornada profissional em 2009, a companhia desafia
noções tradicionais de identidade e propõe uma construção do discurso memorialístico e
arquivístico a partir de expressões corpóreas organizadas com base em laços diaspóricos
que em grande medida se distanciam das comunidades imaginadas pelas fronteiras
geográficas. Utilizando-se da linguagem das Danças Urbanas, elemento da cultura Hip
Hop, o grupo promove reflexão e uma potente experiência estética sobre memória,
identidade e cultura, reorganizando essas noções a partir de um ponto de vista
periférico. Nesta tese, são analisados a fundo dois espetáculos do grupo: “Quando efé”
(2014), chamado neste trabalho de “Dançarquivo”, já que consiste em uma espécie de
arquivo dançado da cultura periférica associada à memória coletiva; e “Pai contra mãe”
(2016), inspirado em conto homônimo de Machado de Assis, que chama atenção para a
memória da escravidão e propõe uma reorganização dela, a partir do ponto de vista e da
vontade de potência do oprimido. A partir dos espetáculos, reflete-se sobre passado,
presente e futuro, ressignificando o lugar da expressividade periférica e suas relações
com a história tradicional e a literatura.