Mobilização identitária de estudantes de graduação pertencentes ao universo LGBTQIA+ em contexto de aprendizagem
LGBTQIA+, identidade de gênero, identidade sexual, violência de gênero, contexto escolar
Esta pesquisa narrativa experiencial, de abordagem qualitativa e orientação exploratória, realizada em formato metodológico de um estudo multicaso, buscou conhecer como os estudantes de um curso de Letras, que se identificam com o universo LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros, queers, intersexo, assexuais e mais), mobilizam, negociam, constroem e exercem suas identidades naquele contexto. O marco teórico do trabalho foi composto pelo conceito de identidade de Norton e Toohey (2011), por insumos da Teoria Queer, pelo entendimento de estereotipia conforme Lippmann (2010), de bullying, na perspectiva de Warwick, Chase e Aggleton (2004) e de homofobia, como proposto por Borrillo (2010). A geração dos dados foi feita por meio de gravações em áudio de três entrevistas semiestruturadas e uma narrativa com três participantes, fornecidas ao longo de dez meses. Da transcrição da primeira entrevista, foram extraídos os excertos que revelam as opiniões dos participantes sobre a sua identidade de gênero e orientação sexual. Esses excertos foram, então, incorporados ao capítulo de análise e discutidos à luz da teorização abraçada. O mesmo tratamento foi dado à segunda entrevista para apresentar e discutir a mobilização, a negociação e a construção identitária dos participantes no contexto do curso de Letras do CEFET-MG. Da transcrição da terceira entrevista, foram pinçados os relatos dos estudantes relativos ao material didático utilizado e ao discurso dos professores das Oficinas de Leitura e Produção de Textos em Língua Estrangeira I, II, III e IV, ministradas no 3º, 4º, 5º e 6º períodos do curso respectivamente. Por fim, da narrativa oral foram identificadas, quantificadas e discutidas todas as experiências de violência sofridas pelos participantes. Como resultados, verificamos que os participantes percebem o gênero como um construto social, determinado com base no sexo biológico. Sentem que a sexualidade e o gênero são assuntos tabu em nossa sociedade. Enxergam as religiões são como instâncias que concorrem para perpetuar o padrão hegemônico heteronormativo e, por isso, dificultam ou impedem as pessoas de mobilizarem suas identidades de gênero e sexualidades. Constatamos também que os participantes experimentaram preconceito, bullying e estereotipia no contexto escolar e fora dele. A violência sofrida deixou sequelas como depressão, medo de lidar com estranhos, desconforto, insegurança e tristeza. Constatamos que a escola, de modo geral, tem um papel importante no combate à violência de gênero e na promoção de justiça social.