A imagem audiovisual livre
multidão; neoliberalismo; cinema negro; renascimento do parto; reforma urbana.
Esta pesquisa investiga como a produção audiovisual (política, militante e engajada) afeta e afetada
pelas transformações decorridas da mudança do capitalismo fordista para o capitalismo cognitivo,
dos Estados-nação para o Império e de uma nova possível conceituação para massa, classe ou
proletário – a multidão. O conceito de multidão (HARDT; NEGRI) é fundamental para o estudo na
medida em que a pesquisa tenta apreender o cinema produzido por uma multiplicidade de
singularidades e que circula pelos mais variados suportes, desde as redes sociais às salas de cinema.
Muitas vezes um cinema fragmentado exibido de forma não editada, mas que por um estilo e
empenho das pessoas que produzem essas imagens, acaba por constituir uma obra: dispersa, fluída e
potente. Essa produção multitudinária será vista a partir de cinco seguimentos que se ligam a outros
tantos e formam uma teia de resistência e produção de formas de vidas contra-hegemônicas: a
produção audiovisual das movimentações sociais no campo e na cidade, produzida e disseminada
através de um urgência que além de proporcionar um contra-ponto às narrativas midiáticas, se
conecta a um devir-revolucionário e ao ato de testemunhar; a criação das imagens que amparam o
renascimento do parto enquanto uma luta pela retomada do protagonismo feminino no ato de parir,
contra a medicalização de um processo fisiológico, cujas características neoliberais contemporâneas
insistem em transformar em mercadoria; o Cinema Negro visto numa perspectiva histórica desde as
primeiras produções imagéticas da população negra escravizada no Brasil até a construção coletiva
e contemporânea do cinema em si e de políticas públicas que viabilizem esse cinema; a produção
audiovisual ligada à reforma urbana, originada de uma máquina de guerra auto-intitulada “Resiste
Izidora” que se propôs a enfrentar o binômio Estado-capital em Belo Horizonte; e o audiovisual
como retratamento do período da ditadura civil-militar brasileira de 1964, como resistência à anistia
sem punição dos responsáveis por inúmeras atrocidades ao longo do período.