Um trickster na encruzilhada: trapaça, jogo e magia na literatura infantil brasileira
Trickster. Literatura infantil. Materialidade.
Esta pesquisa analisou a presença do arquétipo do trickster na literatura infantil brasileira, bem como algumas de suas manifestações, com o objetivo de criar uma obra artística de alma “tricksteriana", intitulada Escapuliu. O passo inicial para tal empreitada, envolveu definir e contextualizar a figura do trickster no imaginário cultural, especialmente no contexto brasileiro, e explorar suas reverberações. Duas figuras específicas do trickster, Pedro Malasartes e Saci, foram selecionadas para uma análise mais aprofundada. Este estudo considerou o trickster tanto como personagem quanto como metáfora, investigando sua presença nos aspectos materiais que constituem o objeto livro. Posteriormente, a pesquisa buscou estabelecer alguns conceitos sobre infância e literatura infantil, para depois, examinar suas conexões com o próprio arquétipo do trickster. Instâncias de censura na literatura infantil também foram examinadas, levando a reflexões sobre a tensão entre valor artístico e propósitos utilitários que permeiam a obras desse campo. A fundamentação teórica desta pesquisa partiu dos estudos de Jung, Radin, Hyde, Queiroz, Simas e Rufino em relação ao arquétipo do trickster; Bachelard, Piorski e Larrosa sobre a infância; e Andruetto, Cademartori e Hunt sobre literatura infantil. Paralelamente à dissertação, houve uma pesquisa artística, foi construída uma obra de “alma tricksteriana”, ou seja, um livro que buscou trazer para sua temática e materialidade, elementos da essência de um trickster.