POÉTICAS DA CENOGRAFIA E ENCENAÇÃO EM ÁLBUM DE FAMÍLIA, DE NELSON RODRIGUES
Nelson Rodrigues; Álbum de Família; Grupo Galpão; Cenografia; Encenação.
O presente trabalho analisa intersecções entre cenografia e encenação na produção de visualidades da cena presentes na montagem de Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, realizada pelo Grupo Galpão, sob a direção de Eid Ribeiro, nos anos de 1990. A produção de visualidades nessa encenação é analisada numa perspectiva interartística comparatista, ancorada no método crítico-analítico, mediante análise de interações intermidiáticas entre registro audiovisual e fotográfico. A análise é construída por meio de investigação da concepção do espaço cênico, a adaptação dramatúrgica realizada pelo diretor, suas imbricações para a encenação e a cenografia de Rômulo Bruzzi. Esta pesquisa tem como ancoragem teórica o conceito de Teatro Pós-Dramático de Hans-Thies Lehmann e a Teoria da Performatividade, de Josette Féral, além das contribuições do pensamento de outros(as) autores(as). O percurso investigativo articula um processo de reconstrução da história do espetáculo a partir das espacialidades cênicas em deslocamentos intermidiais. Esses procedimentos se dão mediante análise de recursos empregados pelo dramaturgo nas conformidades espaciais que se manifestam na criação da trama. Estendem-se para as concepções espaciais cênicas advindas da adaptação dramatúrgica do diretor, seus desdobramentos para a encenação e os arranjos espaço-visuais da cenografia. Partimos do pressuposto de que os tensionamentos entre descontinuidades de tempo e espaço incidem em entrelaçamentos e conexões que, nessa montagem, são operados entre o texto cênico e a escrita cenográfica. Isso resulta numa análise do mise-en-scène do espetáculo e de seus desdobramentos para a construção de sentidos e visualidades da cena.