MEMORIAIS E A CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS DE SI NA LÍNGUA-CULTURA DO OUTRO
Memoriais acadêmicos descritivos. Narrativas de vida. Argumentação. Análise do discurso. Hispanofalantes.
Esta pesquisa está focada em narrativas de vida trazidas em dois memoriais descritivos profissionais de hispanofalantes, professores universitários, concursados em instituições públicas brasileiras, os quais os escreveram com o fito de alcançarem a titulação máxima — professor(a) titular. Para a comprovação de que os memoriais acadêmicos também se inserem no cômputo das narrativas de vida/relatos de si/autobiografias, foi feito um detalhamento do gênero memorial até a especificidade de interesse e, também, foi alicerçada a pesquisa no arcabouço teórico da análise do discurso de vertente francesa (Charaudeau, 2009, 2018, 2019), das narrativas de vida, com respaldado em Arfuch (2010), Lejeune (2014), Lysardo-Dias (2014), Machado (2016), entre outros. Sustentou-se que o contrato comunicacional entre os professores-memorialistas e os seus interlocutores, componentes da banca avaliadora, possibilita compreender de que forma se dá a relação de enunciação entre esses sujeitos interactantes. Ademais, analisou-se as estratégias argumentativas das quais os professores-memorialistas se apropriaram para o convencimento do destinatário de suas respectivas produções (numa entrevista previamente idealizada), tomando-se por base Amossy (2020). Também foi destacado o letramento de percurso desses professores-narradores, nos moldes como Silva (2021) define essa expressão. Como discussão advinda das análises qualitativas, buscou-se mostrar de que forma os sujeitos-memorialistas articulam suas estratégias de convencimento direcionadas ao seu interlocutor (membro da banca de avaliação para o êxito — ou não — na titulação pleiteada), inserindo-se (ou não) na cultura do outro.