O comum, a multidão e a autoria: Rosângela Rennó e o projeto multitudinário das imagens
Rosângela Rennó; Multidão; Arte; Fotografia; Política: Literatura.
A presente pesquisa tem seu foco na obra da artista Rosângela Rennó e nas circunstâncias que giram em torno do conceito de multidão. Primeiramente, buscou-se elaborar uma espécie de genealogia de sua forma de operar com coleções e arquivos imagéticos, fotográficos ou textuais verbais. Evidencia-se em seu empreendimento de ecologia da imagem uma ação arqueológica que mobiliza discursividades por meio de arquivos apropriados e recolocados em circulação. Num segundo momento, procurou-se aproximar esse processo criativo da artista da noção contemporânea de multidão, principalmente do ponto de vista de Antonio Negri e Paolo Virno. Para tanto norteou-se a pesquisa convergindo-a para a instalação Operação Aranhas / Arapongas / Arapucas (2014-2016). Além de dar o ensejo a pensar a multidão enquanto estrutura coletiva não centralizadora que tem seus ecos na forma de Rennó pensar e configurar sua arte, traz à tona momentos importantes de manifestação política coletiva no Brasil – a Passeata dos Cem Mil (1968); o Movimento das Diretas e Junho de 2013. Vislumbra-se, assim, as circunstâncias para se confrontar imagens e sentidos dos ataques a nossa frágil democracia em cenários diversos que se aproximam nas montagens de Rennó. Além disso, discutiu-se brevemente a relação entre a estrutura coletiva multitudinária, as condições de produção de um comum do ponto de vista cultural, bem como papel da arte nesse âmbito.