As sobrevivências como co-criadoras artísticas ativas na obra de Adélia Prado: uma leitura Warburg-Didi-Hubermaniana de Terra de Santa Cruz
Adélia Prado; sobrevivências; Terra de Santa Cruz; Georges Didi-Huberman; Aby Warburg.
No emaranhado literário que, em linhas gerais, uma obra literária nos apresenta, deslindar os fios temporais e as influências que contribuem para a concepção de uma obra torna-se uma tarefa desafiadora. Esta pesquisa propõe-se a transcender a abordagem convencional que delimita a análise de uma obra à história como uma faixa contínua, adentrando-se nos meandros do novelo móvel das imagens poéticas, particularmente no caso da obra "Terra de Santa Cruz" da renomada poeta mineira Adélia Prado. No empreendimento de explorarmos os caminhos sinuosos das imagens poéticas, surgem certas indagações: como descrever os fios enovelados dos tempos, presentes em uma obra, para além da história como faixa contínua? Como descrever o novelo móvel das imagens dessa obra, para além das atividades demasiado reclusas e prudentemente hierarquizadas? Pode uma “sobrevivência” atuar como co-criadora ativa em uma obra? Para que seja exequível responder tais questões, consideramos a teoria, que nesta pesquisa nomemclaturamos de: “Teoria Warburg-Didi-Hubermaniana” - por se tratar de um estudo da pesquisa de Aby Warburg a partir das investigações de Didi-Huberman-, como um referencial capaz de iluminar as interpretações das imagens e símbolos presentes em “Terra de Santa Cruz”, da poeta mineira Adélia Prado, proporcionando uma perspectiva mais profunda e holística sobre a interação entre a poesia, a temporalidade e as influências que moldam a obra de Adélia Prado. O que se propõe, portanto, é a construção de um modelo discursivo das "sobrevivências" e da memória na obra em questão, desvendando a riqueza de significados que permeiam a interseção entre as imagens e a tessitura temporal. Em outras palavras, um estudo, em linhas gerais, antropológico das imagens poéticas em “Terra de Santa Cruz”.