Banca de DEFESA: BRUNA FERNANDES BARROS

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : BRUNA FERNANDES BARROS
DATA : 29/04/2024
HORA: 14:00
LOCAL: VIRTUAL
TÍTULO:

Entre a subversão e a violência: a resistência discursiva nos relatos de si do livro Elza, sob a ótica da Análise Crítica do Discurso


PALAVRAS-CHAVES:

Elza Soares; Resistência; Discurso; Resistência discursiva; Biografia; Linguagem; Poder; Sujeito.


PÁGINAS: 115
RESUMO:

Pensar os estudos de gênero é, essencialmente, pensar mulheres, suas vivencias, limitações e práticas. Assim como Beauvoir reconhece a mulher como o outro, aquele que precisa ser nomeado, pois foge à norma, que seria ser homem, o gênero feminino seria o único marcado, aquele para o qual o próprio conceito de gênero se torna necessário. Se entendemos que o homem seria o não-gênero, a norma, o branco seria então a não-raça. Esta lógica da branquitude como padrão é discutida por Schwarcz em seus trabalhos. Portanto, se a mulher é marcada por ser mulher e a pessoa negra por sua negritude, a mulher negra é marcada duplamente, seu corpo é negado duas vezes.
Esse percurso pode ser acompanhado estatisticamente na história, na atualidade e é ilustrado por meio da biografia de Elza Soares. A cantora foi um ícone internacional, de um talento reconhecido por grandes críticos musicais em todo mundo, mas precisou lutar até o fim para ser reconhecida como tal. Na vida pessoal, Elza também sofreu violências, por ser negra, por ser mulher, por ser pobre. Foi obrigada a se casar ainda adolescente, a cuidar de seus filhos na miséria e a superar violências também dentro de casa. Mesmo depois de conhecer a fama, Elza precisou travar batalhas por todas suas conquistas e se provar muito mais do que outros artistas consolidados na mesma época que a sua.
No entanto, esse estudo não é sobre a luta em si, mas sobre a resistência, esta que está contida em muitas lutas, mas, para além disso, antecipa-se a todas elas. Por meio do discurso de resistência, Elza conta sua história, sem glória permanente, repleta de pequenas e grandes vitórias e derrotas. Ler Elza Soares, a partir do livro Elza (2018), de Zeca Camargo, pode ser uma forma de começar a ler inúmeros sujeitos, em especial mulheres negras, entender suas complexidades que vão além de sua formação social, mas que atravessam seu íntimo e sua construção como indivíduos. Cada pessoa possui um mundo em sua história, a de Elza Soares parece apresentar a força e a complexidade de uma galáxia.
A fim de estudar esse território discursivo, trago autores como Collins (2009) para compreender a relação da mulher negra no mundo, Foucault (1996, 2004) e Butler (2019) para entender a relação do sujeito com o mundo e si mesmo, Arfuch (2010), Lejeune (2008) e Arendt (2000) a fim de conversar sobre biografia, autobriografia e seus atravessamentos nos sujeitos, entre outros. Para realizar a análise aplicando a Análise Crítica do Discurso, Fairclough (1989, 1992, 2009, 2017) e Martin e Rose (2007) embasam a estrutura teórico-metodológica e as categorias de análise.
Este estudo é direcionado pelo objetivo geral de analisar o ato de relatar a si mesma como um processo dialético no livro Elza, com base em pressupostos da Análise Crítica do Discurso em consonância com estudos sobre resistência, poder, e autobiografia. E, para atingir tal objetivo, determino outros três objetivos específicos: definir a relação entre a ACD, a metodologia dialético-relacional e os recursos de significação a fim de embasar a análise discursiva; definir biografia, autobiografia e seus enredamentos, atravessando história, política e sociedade; e definir resistência discursiva a partir dos conceitos de discurso, resistência e poder.
Por fim, busco responder à questão: Qual a relação entre a resistência discursiva e a construção do sujeito pela narrativa (de si) na obra biográfica Elza, de Zeca Camargo? Hipoteticamente, afirmo que o sujeito resiste pela narrativa, seja na narrativa do mundo contada para si mesmo, ou até mesmo da noção de si. E, se considerarmos que nossa visão de mundo está diretamente associada a quem pensamos que somos, podemos considerar que a narrativa, em geral, é indissociável do sujeito. No caso de Elza Soares, arrisco dizer que a resistência a constitui tanto quanto sua capacidade de mudança e adaptação e que, apesar de talvez não existir um eu fixo nomeável imutável, é exatamente nessa capacidade do reconhecimento de ser sem nunca de fato ter sido que reside a resistência.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ARGUS ROMERO DE ABREU MORAIS
Externo à Instituição - CLÁUDIO MÁRCIO DO CARMO
Interna - GIANI DAVID SILVA
Interna - LILIAN APARECIDA ARAO
Presidente - RENATO CAIXETA DA SILVA
Notícia cadastrada em: 25/04/2024 16:33
SIGAA | Diretoria de Tecnologia da Informação - DTI - (31) 3319-7000 | Copyright © 2006-2024 - UFRN - vm-sig-app-09.ditic.sgi.cefetmg.br.inst9